Demanda global por solar afetará a cadeia de suprimentos até fim do ano

Segundo estudo, alta procura ocorre em razão das metas de descarbonização adotadas por países como China e EUA
Demanda global por energia solar afetará a cadeia de suprimentos até fim do ano
Profissional trabalha na fabricação de painéis de energia solar. Foto: BYD

A demanda global por sistemas de energia solar deverá ultrapassar a marca dos 230 GW ao final deste ano, segundo estudo recém-divulgado pela PV InfoLink, uma das principais empresas de pesquisa e consultoria de dados do setor de energias renováveis.

A grande procura pela tecnologia ocorre e ocorrerá sobretudo, segundo o estudo, em razão das metas ousadas que vêm sendo incorporadas em diversos países do mundo para atingir a naturalidade de carbono, de preferência, até 2050.  

De acordo com a pesquisa, a forte demanda é sustentada, principalmente, pela China, que lançou várias políticas de apoio às renováveis ao longo do ano passado, e também pelos mercados da Europa e dos Estados Unidos.

“Antecipando uma demanda acima do esperado, a oferta de polissilício continuará sendo um fator importante que afetará os preços em toda a cadeia de suprimentos este ano”, destaca o estudo, ressaltando que o componente é a principal matéria-prima para fabricação de células fotovoltaicas.

A pesquisa da PV InfoLink, destaca ainda que, desde o segundo semestre de 2020, os preços do polissilício estão em alta no planeta e que, juntamente com a capacidade desequilibrada na cadeia de suprimentos e o controle da intensidade energética da China, os preços do polissilício chegaram à marca dos US$ 42,00 por quilograma em 2021.

“Lucros gordos atraíram players existentes e novos para expandir milhares de toneladas de capacidade”, frisou o estudo, que acrescentou que “a produção de polissilício atingirá cerca de 858.000 MT este ano, o que parece suficiente para fornecer 314 GW de módulos”.

O documento ressalta ainda, contudo, que como leva cerca de seis meses para que a nova capacidade das fábricas de polissilício ficar totalmente online, a oferta real não crescerá tão rapidamente. 

“Enquanto isso, o excesso de capacidade no segmento de wafer leva a um nível de estoque de polissilício acima do normal. Nesse cenário, a oferta de polissilício permanecerá apertada ao longo do ano”, concluiu a empresa de consultoria.  

Cadeia de suprimentos 

Desde 2020, a logística global tem sofrido com os efeitos da pandemia, que provocaram falta de contêineres e de capacidade nas embarcações, atrasos nas escalas dos navios, congestionamentos nos portos e aumento do preço dos fretes marítimos chineses.

Atualmente, uma nova onda da crise sanitária vem afetando a China, causando novos problemas para a cadeia suprimentos, que já se encontrava pressionada. Mesmo antes dos “lockdowns” provocados pela pandemia, já não havia expectativa de normalização dos fluxos em 2022.

Segundo avaliações divulgadas recentemente pelo Governo Chinês, cerca de 200 milhões de pessoas e mais de 20 cidades chinesas estariam sob efeito de lockdown, com suas entradas e saídas bloqueadas.

Diante do novo recorde de infecções, as autoridades de Xangai, por exemplo, onde se localizam os mais importantes terminais de contêineres do mundo, uma série de medidas para controlar a Covid-19 foram tomadas, causando interrupções nas atividades de fabricação e de transporte, causando pressão no sistema logístico internacional. 

Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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