Os portões do Expo Center Norte, em São Paulo (SP), se abriram nesta terça-feira (26) para dar início à Intersolar South America 2025, o maior evento de energia solar da América Latina.
Ao longo de três dias, mais de 58 mil visitantes devem circular pelos corredores da feira, que reúne fabricantes, distribuidores e empresas nacionais e internacionais com uma série de lançamentos e tendências para o setor fotovoltaico e de eletromobilidade.
Pelo quinto ano consecutivo, o Canal Solar marca presença com estande próprio, reforçando sua atuação como referência em informação e cobertura do mercado de energia solar.
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Cerimônia de abertura destaca papel do Brasil na transição energética
A cerimônia de abertura contou com a presença de representantes do governo e lideranças do setor elétrico. Nos discursos iniciais, o destaque foi para o papel estratégico do Brasil e do mundo na transição energética mundial.
Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), destacou tanto os avanços alcançados pela fonte quanto os desafios que ainda precisam ser enfrentados para que a transição energética seja de fato consolidada no país.
Segundo ele, um dos principais obstáculos é o desequilíbrio entre os incentivos destinados às fontes fósseis e renováveis. O profissional apontou que, em 2023, o Brasil destinou R$ 81,7 bilhões para combustíveis fósseis — o equivalente a 81,9% do total de subsídios.
Já as fontes renováveis receberam apenas R$ 18 bilhões (18,1%), o que representa uma disparidade de 4,5 vezes mais apoio financeiro às fontes poluentes.
“Precisamos reverter essa lógica, porque o setor renovável não pode continuar em desvantagem em relação às fontes fósseis. É fundamental alinhar palavras e ações para dar segurança ao mercado e garantir que o Brasil aproveite seu potencial como protagonista global da energia limpa”, afirmou.
O executivo também apresentou números que reforçam o impacto positivo da energia solar no país: mais de R$ 270 bilhões em investimentos desde 2012; mais de 1,7 milhão de empregos acumulados e mais de 88 milhões de toneladas de CO₂ evitadas.
“O setor solar traz benefícios concretos ao Brasil: investimentos, empregos, arrecadação de impostos e redução de emissões. Esses resultados mostram que as fontes renováveis não são apenas uma escolha ambiental, mas também econômica e estratégica”, ressaltou Sauaia.
O presidente da ABSOLAR lembrou ainda que o Brasil está entre os líderes globais em expansão da energia solar. Em 2024, o país ocupou a 4ª posição em capacidade instalada anual, com 18,9 GW adicionados, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos e Índia. No acumulado, já são 66,7 GW em operação, consolidando o país como um dos mercados mais promissores do setor.
Sauaia destacou que, mesmo com esse crescimento expressivo, o Brasil ainda não definiu metas claras para 100% de energia renovável, diferentemente de países como Alemanha, Canadá, Chile e Japão, que já estabeleceram prazos que variam entre 2030 e 2050.
“É uma oportunidade única para o Brasil assumir liderança global, mas precisamos de sinais claros do governo, com metas bem definidas e políticas de longo prazo”, pontuou.
Além da energia solar, Sauaia reforçou a importância de incorporar novas tecnologias, como armazenamento em baterias e hidrogênio verde, para garantir estabilidade ao sistema elétrico e criar novas oportunidades de negócios.
Ele defendeu o avanço regulatório para viabilizar os projetos de armazenamento e a criação de incentivos tributários e financeiros para o hidrogênio verde, de modo a inserir o Brasil na corrida internacional por essa tecnologia.
Também durante a abertura, Markus Vlasits, presidente da ABSAE (Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia), destacou a urgência de se discutir a inserção do armazenamento na matriz elétrica brasileira.
Ele lembrou que, em 2024, apenas no submercado Nordeste, cerca de R$ 1 bilhão em energia limpa, barata e renovável deixaram de ser aproveitados por falta de estrutura e planejamento.
Segundo Vlasits, o cenário revelou um déficit de mais de 38 GW, evidenciando os riscos de depender exclusivamente de fontes variáveis, como solar e eólica, sem mecanismos adequados de backup.
“O próximo apagão que enfrentaremos no Brasil não será por falta de energia, mas por falta de flexibilidade e equilíbrio no sistema. Por isso, é fundamental debatermos a entrada do armazenamento de energia, não como um subsídio, mas como uma solução estruturante para dar segurança e estabilidade ao setor”, afirmou.
Ele ressaltou ainda que os sistemas de armazenamento, especialmente por meio de baterias, são frequentemente vistos como uma tecnologia cara, mas estudos recentes mostram o contrário.
“O armazenamento por baterias é rápido, modular, flexível e, ao contrário do que muitos acreditam, competitivo. Nosso estudo mais recente demonstra que usar baterias para a prestação de serviços de reserva de capacidade é mais barato e eficiente do que depender de soluções tradicionais. É uma tecnologia que o Brasil vai precisar literalmente todos os dias do ano”, completou.
Para o executivo, incorporar o armazenamento em grande escala é essencial para dar segurança ao crescimento das renováveis no Brasil e evitar desperdícios bilionários de energia limpa.
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