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Distribuidoras relatam aumento no preço do frete internacional

A Win, por exemplo, apontou uma alta de 600% no terceiro trimestre deste ano

Nesse momento de reaquecimento da economia global, em especial no mercado fotovoltaico, o Brasil enfrenta um descompasso entre demanda e disponibilidade de insumos, agravado por questões logísticas internacionais.

É o que afirmaram profissionais e especialistas do setor solar em entrevista ao Canal Solar. Segundo eles, esta retomada tem ocasionando atrasos nas programações de vendas e entregas futuras, além de contribuir para o aumento do preço do frete.

“A indisponibilidade de módulos nos fabricantes internacionais – relativos à negociações já firmadas, pagas e programadas com devida antecedência – e a indisponibilidade de frota para a normal realização de fretes marítimos são fatores que geraram um aumento de até 1.100% no preço dos fretes marítimo”, afirmou Leandro Martins, CEO da Ecori.

O executivo acrescentou ainda que o transbordo de cargas que deveriam ser transportadas em fretes com rotas diretas, omissão de paradas nos portos brasileiros por inadequada disponibilidade de operação portuária – resultando em desvios de rotas e atrasos nos prazos de descarregamento em solo brasileiro –  e a falta de contêineres para alocação de cargas na China foram outras questões que elevaram o preço do frete.

“Este, infelizmente, é um cenário vivido de maneira global e não somente no mercado que atuamos. O aumento do frete por si só já perde a sua relevância. Com isso, a agilidade de todo o processo logístico passa ser muito mais importante. Fretes mais altos podem ser assimilados por nós parcialmente, já a lentidão da logística passa a sair completamente de nossas mãos”, comentou.

“Nosso compromisso com a manutenção de nosso setor nos permite manter ações que, mesmo onerando a rentabilidade de nossas operações, demonstram nossa seriedade e parceria a quem nos apoia e nos vê como parceiros. Acima de tudo, estamos prontos para continuarmos o trabalho de democratização da energia solar fotovoltaica, de sustentabilidade ao alcance de todos e de fomento a esse maravilhoso mercado em que temos a oportunidade de atuar”, acrescentou Martins.

Mais aumentos na logística

Roberto Caurim, CEO da Bluesun, ressaltou que 2021 será um ano fantástico para o segmento solar, assim como foi 2020. Porém, disse que o Brasil enfrentará alguns problemas relacionados aos custos de importação, que tendem a melhorar somente a partir de meados de fevereiro do próximo ano.

“Para se ter uma ideia, pagávamos com relação ao transporte do contêiner em torno de US$ 1.200 antes da pandemia [da Covid-19]. Durante a mesma, por conta da parada do mercado interacional, chegou a US$ 5 mil. Hoje, já estamos pagando mais do que US$ 5 mil. Então, é uma loucura”, apontou.

“Ou seja, quem está importando hoje sabe que está difícil a situação. Para tentar driblar esse problema, estamos fazendo o booking com mais ou menos um mês de antecedência para conseguir navio”, concluiu.

O diretor comercial da Genyx, Bruno Reis, também relatou que a empresa está enfrentando problemas com relação ao custo do frete internacional. “Há tempos não se via uma demanda tão alta por espaço em navios de contêiner e espaço em portos chineses como a que estamos vivenciando agora. Esse alta demanda está fazendo com que os preços do frete disparem”.

“O custo subiu, por exemplo, mais de 100% de janeiro deste ano até agora e tem sido o componente de maior impacto no aumento do preço dos equipamentos fotovoltaicos que vêm para o nosso país”, finalizou Reis.

Já Camila Nascimento, diretora comercial da Win, apontou um aumento de 600% no preço do frete internacional desde o início do terceiro trimestre deste ano. “ Sofremos, portanto, impactos variados, que vão desde a falta de espaço em navios para trazer as cargas, até o que tem sido recorrente no momento: falta de contêiner para envio alocação do material.”

“Na China, cobra-se um valor semelhante para uso de contêineres para envio ao Brasil e Los Angeles, nos Estados Unidos, por exemplo. Porém, este último devolve os contêineres em 30 dias, enquanto o Brasil, em 70. Com isso, não somos preferência no uso dos equipamentos e temos que enfrentar o problema de não ter contêineres disponíveis para alocar os produtos nos navios – perdendo assim o booking que já está muito difícil de conseguir”, disse Camila.

A distribuidora que também compartilha com essa mesma ideia é a Aldo, que afirmou que o cenário dos últimos 30 dias não é animador. “Nas últimas quatro semanas o frete subiu 50%. Antes, o valor da importação por contêiner girava em torno dos US$ 1,400 e hoje está em US$ 6,000 por unidade”, exemplificou Aldo Teixeira, presidente da empresa.

De acordo com o executivo, esse é um preço extremamente alto para um péssimo serviço que vem sendo realizado pelos armadores nos últimos tempos. “Além de não cumprem os prazos combinados, esses agentes vêm pulando portos com frequência, o que acarreta possíveis atrasos nas entregas”.

Para ele, esse cenário de aquecimento do mercado e da alta do frete deve permanecer até meados do feriado chinês, que vai de 25 de janeiro até 11 de março de 2021. “Infelizmente, o aumento do frete internacional reflete diretamente no preço dos equipamentos, pois fazem parte do custo de importação”, concluiu Teixeira.

Motivos do aumento

Especialistas do setor apontaram que os principais fatores que contribuem para este aumento são a retomada da cadeia produtiva pós-pandemia e a aproximação do ano novo chinês.

Segundo Livia Verjovsky, diretora comercial na WM Trading, a alta é explicada pelo overbooking por conta das omissões de navios. “O segundo semestre já é marcado pelo aumento no custo do frete se comparado ao primeiro. Mas, neste ano temos visto valores acima do normal para a época”, esclareceu Livia.

Eudes Silveira, diretor da Port Trade, explica que o valor do frete marítimo, principal logística utilizada pelo setor solar, possui um histórico de altas e baixas em determinados períodos do ano. “Historicamente, a alta do preço do frete antecede os feriados chineses, como o celebrado em outubro e janeiro”.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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