Com colaboração de Manoel Mário de Souza Barros
O ano de 2026 marca um ponto de virada para dois gigantes da economia brasileira: o agronegócio e o setor de energia.
A combinação entre pressão por competitividade, transição energética global, novas tecnologias e reformas regulatórias impulsiona uma integração inédita entre produção agrícola e soluções energéticas de última geração.
Se em 2025 o Brasil avançou em armazenamento, abertura do mercado livre e inovações regulatórias, em 2026 esses movimentos se consolidam rumo a um novo modelo de matriz elétrica – mais distribuída, digital, flexível e integrada ao campo.
O cenário energético de 2026: da sobreoferta à inteligência energética
Como apontado no estudo da EPE em 2025, o Brasil vivenciou anos de expansão da oferta superior à demanda, gerando pressão de preços e incertezas para novos investimentos. Contudo, em 2026 esse movimento começa a se reequilibrar por três razões principais.
Em 2025, tivemos a consolidação dos sistemas de armazenamento (BESS) como infraestrutura crítica, onde os primeiros projetos contratados nos leilões de 2025 começam a entrar em operação, destacando-se as baterias em larga escala para serviços ancilares, a hibridização de parques solares e eólicos e BESS aplicados ao agronegócio para reduzir os picos de demanda, proteger contra quedas de energia em períodos críticos de produção e armazenar excedentes de GD para uso noturno.
Em 2026, a digitalização total das redes será a promessa do ano em que as redes inteligentes (smart grids) irão avançar para o interior do país e possibilitará a medição inteligente e tarifação dinâmica, a identificação automática de falhas, a gestão ativa de micro e miniredes rurais e a integração de armazenamento, geração distribuída e irrigação elétrica.
Para o agronegócio, isso significa gestão energética em tempo real, com impactos diretos em custos e eficiência! Para o setor energético: geração de emprego e sustentabilidade social.
A expectativa prevista em 2025 se concretizará em 2027, para abertura do mercado livre, onde praticamente todos os consumidores podem migrar ao mercado livre, inclusive os rurais de baixa tensão, o que permitirá a compra de energia mais barata, contratos customizados para safras agrícolas, previsibilidade orçamentária e utilização estratégica de créditos de GD. O produtor rural passará a ser gestor ativo da própria energia.
O agronegócio é o setor com maior velocidade de adoção de tecnologias energéticas no Brasil em 2026. A seguir, as principais tendências, tecnologias que irão ser destaque.
Geração distribuída híbrida (solar + BESS + diesel inteligente)
Fazendas de médio e grande porte passam a adotar sistemas híbridos como novo padrão: painéis solares garantem a geração diurna; baterias atendem o autoconsumo noturno, a irrigação e a refrigeração; e geradores a diesel, agora integrados a sistemas de inteligência energética, entram como backup prioritário.
O modelo pode reduzir os custos de energia em até 40% e ampliar de forma significativa a autonomia operacional das propriedades.
Irrigação 4.0 com energia renovável
Motores elétricos alimentados por geração distribuída, baterias e sistemas de automação permitem irrigar no horário mais barato, monitorar tudo à distância, reduzir perdas hídricas e tornar a produção mais resiliente a eventos climáticos.
Eletrificação da frota agrícola
Em 2026, o Brasil já contará com tratores elétricos compactos, máquinas híbridas para grandes áreas e carregamento movido a energia solar nas fazendas.
Hidrogênio verde no agronegócio
Em regiões com forte geração eólica e solar, começam a surgir as primeiras iniciativas de uso de hidrogênio verde em caminhões de longa distância. Ao mesmo tempo, a microprodução desse combustível em fazendas exportadoras e o avanço dos fertilizantes verdes, essenciais para a autonomia agrícola, colocam o Brasil em posição estratégica para se firmar como protagonista global nesse mercado.
A nova regulação energética de 2026 terá impactos no ambiente regulatório, o que torna as regras mais claras e favoráveis ao investimento e traz marcos regulatórios dos sistemas de armazenamento, como exemplo, remuneração da energia armazenada, serviços ancilares, tratamento tributário específico e modelo de participação no mercado livre.
Como vencer objeções e vender sistemas solares no agronegócio?
Novas regras para geração distribuída e comunidades de energia serão destaque para o ano de 2026. Sendo elas, comunidades rurais de energia, microgrids compartilhadas para pequenos agricultores e incentivos estaduais para projetos solar integrado ao BESS.
Tarifa dinâmica e resposta da demanda: os produtores podem ajustar consumo com base em: horário de preço baixo; maior oferta de energia eólica; momentos de reservatórios cheios. Isso reduzirá custos sem reduzir a produtividade.
Logo, a convergência entre os dois setores (agro e energia) irá criar um ecossistema energético rural autônomo, com várias oportunidades e investimentos na produção agrícola menos dependente de combustíveis fósseis com maior previsibilidade financeira, menor risco operacional, com redução de emissões poluentes e ainda com a valorização internacional das cadeias produtivas verdes.
Em 2026, o produtor rural brasileiro deixará de ser apenas consumidor e passa a ser um agente energético ativo, um investidor em infraestrutura elétrica e o protagonista da transição energética nacional.
O Brasil que irá acontecer em 2026, através da oportunidade de consolidar uma matriz mais limpa, digital e descentralizada, na qual o agronegócio desempenhará um papel decisivo será o Brasil Agro energético.
A integração entre energia, tecnologia e produção agrícola será um dos pilares da economia brasileira nos próximos anos — e 2026 é o ponto de partida dessa nova fase.
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