SAARBRÜCKEN, ALEMANHA. No último dia 17, o Governo da Espanha divulgou relatório sobre o apagão que atingiu a Península Ibérica no dia 28 de abril. De acordo com o documento, uma “cascata temporal de eventos” desencadeou a crise elétrica. O documento alega que um problema de sobretensão de origem multifatorial causou o apagão.
Com capacidade insuficiente para controle de tensão, o sistema de distribuição sofreu oscilações, resultando em desconexões de diversas instalações de geração de energia. Diante do caso, o governo deverá aprovar, em breve, pacote de medidas que prevê aumentar a segurança e estabilidade do sistema elétrico.
Sara Aagesen, vice-presidente e ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, apresentou o relatório realizado pelo Comitê de Análise Elétrica, que contou com trabalho de dois grupos: Grupo de Trabalho de Cibersegurança e Sistemas Digitais e o Grupo de Trabalho de Operação do Sistema Elétrico. De acordo com Aagesen, mais de 300GB de informações foram analisados.
“Em 49 dias, praticamente a metade do prazo estabelecido pela UE, o Comitê forneceu um diagnóstico rigoroso e comprovado que nos permitirá fortalecer o sistema elétrico, uma base sólida sobre a qual podemos trabalhar para desenhar respostas rápidas com o objetivo de evitar que isso volte a ocorrer. O Conselho de Ministros da próxima semana aprovará diversas medidas relevantes”, destacou a vice-presidente.
Investigação
O Comitê realizou a maior investigação de cibersegurança da história do país. Foram 133 GB analisados por 75 especialistas, trabalho realizado pelo primeiro grupo, que descartou a hipótese de ciberataque. O segundo grupo, especialistas em operação do sistema elétrico, analisou 170 GB.
Após uma investigação minuciosa, que analisou desde as primeiras oscilações ocorridas um dia antes do apagão na Espanha, foi constatado que três elementos contribuíram para a queda de energia:
- Capacidade de controle de tensão insuficiente;
- Oscilações no sistema;
- Desconexões indevidas de centrais de geração.
Segundo o Comitê de Análise, apesar de haver capacidade suficiente para uma resposta ao problema, faltaram recursos de controle de tensão. O que pode ter ocorrido porque não estavam suficientemente programados ou por não estarem funcionando corretamente, ou ambos.
Veja o relatório divulgado pelo Governo da Espanha.
Sistemas fotovoltaicos não foram responsáveis pela crise de energia
Após a divulgação do relatório pelo governo Espanhol, as associações do setor solar se manifestaram sobre a importância da flexibilidade do sistema. “A energia solar fotovoltaica não foi a causa do apagão”, diz comunicado publicado pela SolarPower.
Segundo a declaração da associação, a crise elétrica que atingiu a Espanha deve ser vista como um aprendizado. Sistemas fotovoltaicos já possuem capacidade para controle de tensão, o que poderia solucionar problemas como os que ocorreram, no entanto, as regulamentações ainda não permitem sua aplicação.
Inversores com capacidade de formação de rede (gris-forming) e armazenamento com baterias são tecnologias que podem garantir a estabilidade na tensão no sistema, além do gerenciamento de oscilações e segurança energética.
Em seu comunicado, a SolarPower afirma que a energia solar é a tecnologia energética de maior crescimento. Além de ser uma das energias renováveis mais baratas, pode ser uma segurança para a indústria europeia e global, com relação aos elevados preços da energia no continente.
De acordo com a Agência Internacional de Energia, a energia solar será “a maior fonte de eletricidade do mundo até 2033”. O setor aguarda que, diante da situação e das constatações feitas pelo Comitê em seu relatório, mais investimentos sejam feitos na resiliência da rede e na flexibilidade dos sistemas, assim como nas regulamentações que permitam a aplicação de tecnologias do setor fotovoltaico já disponíveis e capazes de suprir as necessidades do setor de forma segura e através de fontes limpas.
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