Debater a matriz energética e garantir energia limpa na região amazônica. Estes foram os objetivos do painel “Infraestrutura, energia limpa e a matriz energética brasileira: investimentos e o desenvolvimento da Amazônia”, realizado nesta quarta-feira (23). O evento faz parte da programação que antecede o Fórum Mundial Amazônia+21, que será realizado nos dias 4, 5 e 6 de novembro.
Durante o encontro, especialistas do setor elétrico apontaram alternativas para incrementar o potencial de energia na Amazônia. Entre elas, a aplicação da solução fotovoltaica, que deverá ter um papel fundamental na ampliação da infraestrutura na região.
“Iniciativas estão sendo tomadas para ampliar a participação da energia solar na região. É grande o potencial de contribuição que a tecnologia pode levar para a Amazônia”, enfatizou Márcio Takata, conselheiro da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
Takata ainda enfatizou que a energia fotovoltaica é um benefício grande para as comunidades das localidades amazônicas, sobretudo nas regiões isoladas, que poderão ter condições de inserção social e econômica. “Somente na região norte, já alcançamos 370 MW de cobertura, e queremos expandir ainda mais”.
Ainda durante o evento, Marcelo Moraes, presidente da FMASE (Associação Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico), destacou os investimentos no setor eólico e solar na região. Afirmou que há a possibilidade de expandir os empreendimentos com responsabilidade, “mantendo a floresta em pé e auxiliando atividades das comunidades envolvidas na região”.
Segundo ele, a presença da fonte fotovoltaica deve aumentar consideravelmente nos próximos anos. “Na solar, que hoje representa 2% da matriz, já existem contratados R$ 26 bilhões até 2025, cerca de 4,6 GW. Portanto, a participação vai mais do que dobrar nos próximos cinco anos”.
Fórum Mundial Amazônia+21
O fórum mundial de articulação e mobilização para o desenvolvimento sustentável da Amazônia acontecerá de 4 a 6 de novembro de 2020, por meio de diferentes plataformas virtuais, em três idiomas: português, inglês e espanhol. As inscrições são gratuitas.
Com a missão de criar, articular e mobilizar agentes capazes de transformar o ambiente amazônico, o evento será o principal fórum de diálogos para a geração de negócios sustentáveis e valorização cultural da região até 2040.
A proposta é conectar governos, empreendedores, cientistas, pesquisadores, setor produtivo, investidores e sociedade e criar um ambiente contínuo de conscientização e mobilização para o futuro da Amazônia, capaz de fomentar negócios inovadores para o desenvolvimento sustentável de toda região.
A realização é da FIERO (Federação das Indústrias do Estado de Rondônia), em parceria com a prefeitura de Porto Velho, por meio da ADPVH (Agência de Desenvolvimento de Porto Velho), com correalização da CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e IEL (Instituto Euvaldo Lodi).
ABSOLAR destaca três eixos da energia solar na Amazônia
Em entrevista exclusiva ao Canal Solar, Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR, destacou a importância do evento que será realizado em novembro e enfatizou três eixos que a energia solar fotovoltaica já contribui para o setor elétrico na Amazônia, tanto no acesso à energia elétrica, como na geração de emprego e na atração de investimentos.
“O primeiro eixo é a aplicação da fonte solar fotovoltaica em sistemas isolados. Há décadas, a tecnologia fotovoltaica leva energia elétrica renovável aos ribeirinhos e às comunidades remotas, que estão em localidades distantes. Nesses locais, ela já é uma excelente opção devido ao seu baixo custo operacional e de manutenção”, comentou.
“Além disso, a energia solar pode substituir os geradores a diesel espalhados pela região amazônica, que estão queimando combustível caro e poluente, além de serem barulhentos”, acrescentou Sauaia.
Já o segundo eixo destacado pelo executivo é o potencial da geração distribuída no região. “O uso de energia solar tem avançado nas residências, empresas, produtores rurais e prédios públicos. Devido às elevadas tarifas de energia elétrica pagas pelos consumidores dos estados que integram a Amazônia, o potencial é enorme. E este potencial pode ser aproveitado com o apoio de agentes financiadores, como por exemplo o BASA (Banco da Amazônia S.A), via linhas de financiamentos verdes e sustentáveis que a ABSOLAR ajudou a construir”, apontou Sauaia.
O terceiro, e último eixo elencado pelo executivo, foi o potencial que a região tem para receber projetos de maior porte. “Estados, como Pará, por exemplo, que possui áreas improdutivas podem ter a destinação sustentável com a aplicação da energia solar nestes espaços. Além disso, em locais que tenham reservatórios de hidrelétricas é possível implantar usinas solares fotovoltaicas flutuantes. Há também a possibilidade de aplicar energia solar na área fluvial, como em embarcações elétricas, como barcos, lanchas, catamarãs, de modo que a interação homem-rio seja mais sustentável”, concluiu Sauaia.