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Garantir o acesso de comunidades isoladas à energia solar é um dos grandes desafios do Governo

Programas sociais da União estão longe de solucionar problemas, diz Helane Souza, primeira mulher a trabalhar com solar no estado do Amazonas

Autor: 8 de março de 2023Entrevistas
5 minutos de leitura
Garantir o acesso de comunidades isoladas à energia solar é um dos grandes desafios do Governo

Helane Souza, fundadora da Future Solar. Foto: Divulgação

Amazonense, nascida na comunidade de Santo Antônio em Novo Airão, empreendedora desde os 19 anos, Helane Souza foi a primeira mulher a trabalhar com energia solar no estado do Amazonas.

Fundadora da Future Solar, a empresária também atua como diretora do Instituto Amazônia Equatorial, uma organização social civil que tem como missão promover o desenvolvimento sustentável e a conservação ambiental, melhorando a qualidade de vida das comunidades ribeirinhas da Amazônia.

Com forte atuação nesse mercado, Helane enxerga nas usinas solares uma alternativa às altas tarifas de energia e seus constantes aumentos, além de outros benefícios.

Em entrevista ao Canal Solar, no dia em que o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher, Helana fala sobre a importância da energia solar para as comunidades isoladas, suas perspectivas sobre a fonte e os desafios enfrentados por ela como mulher dentro do mercado de energia solar.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Em que ano e como começou a sua trajetória no mercado de energia solar?

Minha trajetória começou em 2012 quando o meu irmão, que na época já trabalhava com sistemas de telecomunicações, me convidou para abrir uma empresa de eficiência energética junto com ele.

Neste mercado, comecei trabalhando com qualidade de energia e automação, mas logo em seguida, ainda no ano de 2012, comecei a atuar dentro do mercado de energia solar.

Na época, existia apenas uma procura razoável por sistemas off-grids, mas foi com a Resolução Normativa nº 482 que facilitou bastante a adesão dos produtos por parte da população.

A partir disso, fizemos uma parceria com a Schneider Electric, que já estava desenvolvendo um projeto com as comunidades ribeirinhas do Amazonas, e foi aí que passei a ter um contato mais próximo com estas populações.

Como a energia solar tem ajudado as comunidades ribeirinhas do Amazonas?

Para ser sincera, eu ainda vejo o acesso da tecnologia para essas comunidades como algo ainda muito complicado. Apesar de termos todos os meses diversas solicitações de moradores por essa solução, os programas do Governo Federal, como o Mais Luz para Amazônia, ainda não conseguem abranger um número muito grande de pessoas.

As comunidades do Amazonas, infelizmente, ainda carecem e muito do acesso à energia solar e os dados que são divulgados pelo Governo Federal na imprensa são muito bonitos, mas, na prática, não refletem o que é a realidade.

E o que falta, na sua avaliação, para que os programas do Governo consigam garantir o acesso à energia solar para estas comunidades, efetivamente?

Um dos grandes desafios de se desenvolver qualquer tecnologia para regiões remotas é a logística, porque o acesso até algumas comunidades são de difícil acesso, muitas vezes precisando serem feitas de barcos.

Então, acho que o Governo poderia firmar parcerias com instituições do terceiro setor que já tem acesso a essas comunidades para poder chegar nas pessoas que realmente mais precisam dos sistemas de energia solar.

Como você enxerga o setor brasileiro de energia solar em 2023?

Eu enxergo com um crescimento bem expressivo, sobretudo para as grandes usinas. Acredito que o mercado de GD (geração distribuída) vai sofrer um pouco neste primeiro trimestre por conta de toda essa publicidade negativa que fizeram em torno da Lei 14.300 no ano passado.

Acredito também que a abertura do Mercado Livre para os consumidores do Grupo A (baixa tensão) prevista para a partir de janeiro de 2024 vai ajudar o setor de energia solar na modalidade de autoprodução, com muitas empresas se preparando, ainda em 2023, para aquisição e construção de novas usinas.

O fato de ser mulher em um universo masculino e os desafios dentro do segmento em algum momento te fizeram pensar em deixar de empreender dentro deste mercado?

No começo da minha carreira, os desafios foram muito grandes pelo fato de os engenheiros, em sua grande maioria, serem majoritariamente homens. Ouvir que você não é capaz de atuar nesse mercado e que você não sabe de nada porque é mulher sempre foram coisas muito comuns de acontecer.

Hoje em dia, esse tipo de questionamento diminuiu, porque a maneira com que as pessoas passaram a enxergar a presença das mulheres no mercado de trabalho mudou, mas, em 2012, você ter uma mulher falando sobre novas tecnologias não era algo comum. As pessoas não me davam a menor credibilidade e o que eu apanhei não está escrito no livro, viu! (risos).

Que dica você dá para que outras mulheres sigam o seu exemplo?

Eu diria para essas mulheres não desistirem dos seus sonhos e objetivos como empreendedoras e profissionais. Recomendo que estudem bastante, porque é uma área muito complexa e que não achem que só a GD representa todo o mercado de energia solar.

Além disso, recomendo que elas procurem se diferenciar naquilo que cada uma tem mais proximidade.  Hoje, temos grandes figuras femininas de peso atuando no mercado e, cada uma delas, dentro de um nicho que elas mesmas dominam.

Temos profissionais de destaque na área jurídica, no setor de regulamentação e no segmento de energia elétrica ligada à arquitetura de usinas. Ou seja, estudem para fazer a diferença e jamais desistam de seus sonhos somente pelo que as outras pessoas esperam ou pensam de você.

Henrique Hein

Henrique Hein

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter do Jornal Correio Popular e da Rádio Trianon. Acompanha o setor elétrico brasileiro pelo Canal Solar desde fevereiro de 2021, possuindo experiência na mediação de lives e na produção de reportagens e conteúdos audiovisuais.

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