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Importação de módulos monocristalinos sobe 450% no 1º semestre

Hoje, o poli está entre três e três centavos e meio mais alto que o mono
4 minuto(s) de leitura

Nos primeiros seis meses de deste ano, o mercado solar brasileiro importou 1.10 GWp de módulos monocristalinos, um aumento de 450% frente ao primeiro semestre de 2019, quando foram importados 198 MWp. É o que apontou um levantamento exclusivo realizado pelo Canal Solar com base em dados da JCS Consultoria e Serviços, empresa de pesquisa sobre o setor fotovoltaico.

O estudo mostrou que os módulos monocristalinos corresponderam a 45% da importação no setor solar de janeiro a junho de 2020, quase dobrando os números totais em 2019, que somando janeiro a dezembro era de 24%.

Com relação aos módulos policristalinos, o estudo indicou que, nos primeiros seis meses deste ano, o mercado brasileiro importou 1.372 MWp, um aumento de 30% em comparação com o primeiro semestre de 2019, quando foram importados 1.059 MWp. Já de janeiro a junho de 2020, eles corresponderam a 55% da importação.

Segundo Wladimir Janousek, especialista em tecnologias e processos produtivos de módulos fotovoltaicos, desde 2017, a tecnologia dos painéis solares com células policristalinas tem sido dominante, representando mais de 90% do mercado dos produtos que foram importados. “No entanto, a partir de 2019, os monocristalinos estão apresentando uma participação bastante expressiva no mercado, quase equiparando com o volume registrado dos policristalinos”.

Para ele, essa mudança ocorre devido à constante evolução da tecnologia e da redução dos preços. “Vimos que em 2019, a diferença do preço médio do mono para o poli variou de quatro a cinco centavos de dólar por watt. Era uma diferença que ainda justificava a escolha do poli. Já no final do ano passado, e a partir de 2020, vimos a diferença caindo ainda mais. Hoje, o poli está entre três e três centavos e meio mais alto que o mono. Então, houve uma redução bastante interessante que, aliada ao aumento da potência dos monocristalinos – que sempre foram mais potentes – determinou uma grande preferência dos consumidores por esses modelos de mono”, explicou Janousek.

Escassez de células policristalinas

O especialista comentou ainda que devido às explosões que aconteceram em julho na fábrica da GCL-Poly, em Xinjiang, na China, deve-se criar uma escassez de células policristalinas para suprir o mercado solar.

“Quem se beneficiará, então, será o monocristalino, que vai ter uma oportunidade de ocupar esse espaço. O policristalino já vinha perdendo espaço entre os grandes fabricantes, que descontinuaram toda a sua linha de produtos com módulos poli. A LONGi, por exemplo, não trabalha mais com poli. A JA, basicamente, trabalha com mais de 95% da produção dedicada a células monocristalinas. Já a Canadian talvez seja ainda o único que tem uma maior participação em células poli, pois, eles possuem um parque instalado muito grande e acreditam que ainda tem espaço para extrair o pouco que esse tenologia tem a oferecer. Porém, eles já estão migrando, ou pelo menos oferendo os mesmos produtos nas duas tecnologias”, exemplificou o especialista.

“Quem acaba trabalhando com as células policristalinas são as empresas que tendem a ter uma estratégia de produto e preço mais agressivos. Acabam escolhendo o poli também por sua versatilidade e preço reduzido, de maneira a tentar a ter uma faixa de mercado em que esse fator acaba sendo mais predominante que os outros”, concluiu Janousek.

Volume total de importações

Contando GC (geração centralizada) e GD (geração distribuída), o volume de módulos fotovoltaicos destinados ao mercado brasileiro no primeiro semestre totalizou 2.49 GW, sendo 92% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior, segundo novo estudo estratégico da consultoria Greener.

Já com relação ao mercado de inversores solares, no primeiro semestre de 2020, o Brasil importou 2.46 GW, uma alta de 128% em comparação com o mesmo período de 2019, quando foram importados 1.079 GW.

 

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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