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Mercado de baterias no Brasil: benefícios e obstáculos do armazenamento

Especialistas apontam vantagens além do backup e destacam necessidade de regulação para impulsionar segmento
Mercado de baterias no Brasil benefícios e obstáculos do armazenamento
Painel sobre projetos com baterias de grande porte. Foto: Canal Solar

A crescente adoção de baterias no setor de energia solar representa uma oportunidade para o Brasil avançar na direção de uma matriz energética mais limpa e eficiente. No entanto, é necessário um esforço conjunto para superar desafios técnicos, educar o mercado e criar um arcabouço regulatório que incentive o uso de baterias de forma segura e sustentável. 

Durante o primeiro dia do Canal Conecta, congresso realizado pelo Canal Solar, especialistas do setor, como Marco Togniazzolo, Marcelo Rodrigues, Roberto Valer e Elvis Almeida, deixaram claro que o futuro do armazenamento de energia no Brasil depende de uma visão integrada e estratégica, que combine inovação tecnológica com políticas públicas eficazes.

Confira, abaixo, os principais tópicos debatidos pelos profissionais:

“Mais do que backup”

Marco Togniazzolo, gerente de Engenharia da Sec Power, enfatizou que as baterias em sistemas de energia solar vão muito além de serem uma simples fonte de backup. “Elas garantem uma série de outros benefícios. Quem adota sistemas de armazenamento para horários de ponta e fora de ponta ganha, de forma complementar, o backup, assegurando flexibilidade”, afirmou. 

Ele explicou que, além de oferecer uma reserva de energia para emergências, as baterias podem ser usadas para gerenciar a inversão de fluxo, um recurso que se mostra essencial em projetos onde não é possível injetar na rede elétrica a energia produzida em horários de baixa demanda. “A solução é armazenar essa energia nas baterias e liberar no momento permitido”, complementou Togniazzolo.

Expansão do armazenamento para descarbonizar Amazônia

Marcelo Rodrigues, vice-presidente de Negócios, Marketing e Inovação na UCB, compartilhou uma visão otimista sobre a expansão do uso de baterias para universalização da energia no Brasil. “As baterias já são uma realidade, especialmente para apoiar soluções de universalização em regiões como a Amazônia, onde grande parte da população ainda depende de energia elétrica proveniente de geradores a diesel”.

Rodrigues destacou o Pró-Amazônia Legal, um projeto da Eletrobras que visa descarbonizar as usinas térmicas na Amazônia. “Para alcançar essa meta, será necessário um grande investimento em armazenamento de energia fotovoltaica. Hoje, temos cerca de 300 MW de sistemas isolados no Brasil, mas precisamos instalar mais 600 MW nos próximos dois anos”, comentou, apontando que o mercado para baterias está prestes a “bombar”.

Papel da regulação e experiência internacional

A falta de uma regulamentação clara para o uso de baterias de grande porte no Brasil foi um dos principais temas abordados por Roberto Valer, CTO da Huawei Digital Power Brazil Solar & BESS. Ele comparou a situação brasileira com outros mercados, como Chile, Reino Unido e China – onde o uso de baterias é incentivado por regulamentações que obrigam novos projetos fotovoltaicos a incluir um percentual de armazenamento.

“Só no ano passado, a China instalou 22 GWh de baterias. Isso só foi possível porque lá é obrigatório que novas usinas tenham armazenamento integrado. É um modelo que precisamos considerar para avançar”, afirmou Valer. 

Ele também ressaltou a necessidade de regulamentação para a reciclagem de baterias, algo que ainda não está bem definido no Brasil. “Se não tivermos regras claras para reciclagem de baterias de lítio, estaremos criando um problema ambiental para o futuro”, alertou.

Desafio da educação e integração de baterias no Brasil

Elvis Almeida, fundador e sócio da MySol Energia Solar, trouxe uma perspectiva prática sobre a implementação de sistemas de armazenamento, destacando que muitos consumidores e até integradores ainda não entendem plenamente os benefícios das baterias. “Quando um cliente pergunta sobre armazenamento, o integrador muitas vezes não sabe explicar. Isso resulta em um entendimento limitado, onde o consumidor acaba vendo as baterias apenas como um custo adicional para backup”, explicou Almeida.

Segundo ele, o mercado está em um momento crucial, onde é necessário educar tanto consumidores quanto integradores sobre os múltiplos benefícios das baterias, que incluem independência da rede elétrica, flexibilidade no consumo e eficiência energética. “Quando explicamos corretamente ao consumidor que as baterias vão além do armazenamento, ele percebe que o investimento faz sentido”, afirmou. 

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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