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Mercado de reciclagem de painéis FV valerá US$ 2,7 bilhões até 2030

Estudo aponta que o processo de reciclagem FV está apenas começando, mas é essencial para a transição energética

Autor: 26 de julho de 2022Indicadores
5 minutos de leitura
Mercado de reciclagem de painéis FV valerá US$ 2,7 bilhões até 2030

IRENA aponta que 550 mil toneladas de módulos serão descartados no Brasil até 2050. Foto: SunR/Reprodução

A demanda por componentes reciclados de painéis solares deve disparar nos próximos anos, à medida que o número de instalações aumenta e a ameaça de um gargalo de fornecimento se aproxima.

Esta é a análise da Rystad Energy, empresa independente de pesquisa em energia e inteligência de negócios com escritórios em em Oslo, Londres, Nova York, Houston, Aberdeen, Stavanger, Moscou, Rio de Janeiro, Cingapura, Bangalore, Tóquio, Sydney e Dubai.

O levantamento apontou que os materiais recicláveis ​​de módulos fotovoltaicos no final de sua vida útil valerão mais de US$ 2,7 bilhões em 2030, acima dos US$ 170 milhões deste ano.

Essa tendência, de acordo com a companhia, só se acelerará nas próximas décadas e o preço de tais materiais ​​deverá se aproximar de US$ 80 bilhões até 2050.

“A reciclagem fotovoltaica ainda está em sua ‘infância’, mas é vista como um elemento essencial da transição energética, com os resíduos solares projetados para crescer para 27 milhões de toneladas por ano até 2040”, disse a pesquisa.

Previsões mostram que os materiais recuperados de painéis retirados podem representar 6% de investimentos em energia solar até 2040, em comparação com apenas 0,08% hoje.

O estudo indicou que aterros sanitários são uma opção fácil e barata, pois os preços atuais de revenda de materiais fotovoltaicos reciclados não compensam os custos de transporte, classificação e processamento.

No entanto, a Rystad Energy relatou que a rápida taxa de crescimento de fazendas de utilidades em grande escala dentro da solar pode mudar isso.

Espera-se que o lado do fornecimento de material encontre gargalos com a crescente demanda por minerais, e a reciclagem pode ser um alívio no fornecimento à medida que os painéis atingem o estágio de fim de vida.

“Custos de energia crescentes, tecnologia de reciclagem aprimorada e regulamentações governamentais podem abrir caminho para um mercado em que mais placas extintas sejam enviadas para reciclagem em vez do aterro mais próximo”, comentou Kristin Stuge, analista da Rystad Energy.

“A reciclagem das placas solares pode ajudar as operadoras a economizar custos, superar os problemas da cadeia de suprimentos e aumentar a probabilidade de os países atingirem suas metas de capacidade solar”, enfatizou.

Países que mais se beneficiarão com a reciclagem

Assumindo uma vida útil de 15 anos de um painel fotovoltaico, o relatório estimou quais regiões e países se beneficiarão mais com a reciclagem de materiais fotovoltaicos em 2037.

A China deve responder por 40% das instalações globais, e quando esses painéis amadurecerem em 15 anos, o valor estimado será de US$ 3,8 bilhões, de um total global de US$ 9,6 bilhões.

Já a Índia ficará em segundo lugar com um valor estimado de US$ 800 milhões, seguida pelo Japão com US$ 200 milhões.

Atrás do continente asiático, o custo do material reciclável na América do Norte em 2037 está projetado para valer US$ 1,5 bilhão e na Europa cerca de US$ 1,4 bilhão.

O que pode ser reciclado?

Os componentes do painel com maior valor são aluminio, prata, cobre e polissilício. A prata representa cerca de 0,05% do peso total, mas representa 14% do valor do material.

O cenário de 1,6°C da Rystad Energy estima o pico de implementação de energia solar em 2035 de 1,4 TW. A essa altura, indicaram que a indústria de reciclagem fotovoltaica pode fornecer 8% do polissilício, 11% do alumínio, 2% do cobre e 21% da prata necessários para o reaproveitamento de painéis instalados em 2020 para atender à demanda por materiais.

Esse potencial de recuperação, na visão deles, pode aliviar as tensões no setor de mineração e reduzir a pegada de carbono dos módulos.

Como os materiais são reciclados?

A primeira etapa da reciclagem do painel fotovoltaico é a desmontagem, onde a estrutura de alumínio e a caixa de junção são separadas do painel, trituradas em pedaços e classificadas por material.

“Existem máquinas de desmontagem fotovoltaica no mercado hoje, incluindo uma da NPC com sede no Japão, que separa ainda mais as partes do painel antes de moer os restos, aumentando a taxa de recuperação dos materiais”, explicou a companhia.

Como tornar a reciclagem de painéis viável?

Tecnologia, política e viabilidade econômica são barreiras e soluções para a evolução da circularidade de minerais na indústria de painéis fotovoltaicos. Portanto, segundo a pesquisa, mecanismos regulatórios podem ser uma ferramenta eficiente para criar mudanças rápidas.

“Em última análise, gargalos e longos prazos na mineração de matérias-primas podem transformar a reciclagem de energia solar em uma indústria economicamente viável nas próximas décadas”, concluiu a pesquisa.

Reciclagem no Brasil

De acordo com levantamento realizado em 2016 pela IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), aproximadamente 550 mil toneladas de módulos fotovoltaicos serão descartados no Brasil até 2050.

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Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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