Ministro critica subsídios concedidos às renováveis e defende mineração

Afirmações feitas por Adolfo Sachsida ocorreram em reunião com empresários no Hotel Renaissance, em São Paulo (SP)
Ministro critica subsídios às renováveis e defende transição energética com mineração
Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, durante evento em São Paulo (SP). Foto: Fredy Uehara/LIDE.

Com colaboração de Ericka Araújo

Em encontro realizado com empresários em São Paulo (SP),  o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, criticou os subsídios concedidos aos consumidores que geram a sua própria energia por meio de fontes renováveis e disse que não existe transição energética sem investimentos na exploração de minérios. 

“Em 5 anos, temos que dobrar a participação da mineração no PIB (Produto Interno Bruto). Não existe transição energética sem mineração”, afirmou o chefe da Pasta, durante o Almoço-Debate LIDE, realizado no Hotel Renaissance, na última quarta-feira (14). 

De acordo com o ele, boa parte dos brasileiros pagam hoje uma conta de luz muito mais cara do que deveriam por causa dos benefícios que são oferecidos aos consumidores que geram energias renováveis no país. 

“Hoje, pessoas de alta renda têm conseguido acesso a GD (geração distribuída) sendo subsidiados pela população de baixa renda. Será que está correto isso?”, afirmou o ministro em referência às compensações de parte da tarifa de energia elétrica concedidas a quem produz a própria energia. 

Após as afirmações, associações ligadas ao setor de renováveis desferiram críticas às falas do ministro, sobretudo com relação ao possível ônus à parcela da população mais pobre em decorrência da modalidade. 

A ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), por exemplo, afirmou que Sachsida cometeu um equívoco e reiterou que o segmento é o modelo de produção energética mais democrático do Brasil. 

“Prova disso é que, atualmente, cerca de 80% da potência instalada dessa modalidade é proveniente da microgeração, ou seja, dos pequenos sistemas de geração, que possuem em média 5 kW”, destaca a entidade. 

A entidade frisou também que a GD é acessível a toda a população, por causa da existência de linhas de financiamento. “Além de contratar um sistema de energia limpa e renovável, o consumidor passa a ter uma energia mais barata do que a contratação comum”, finalizou a ABGD.

Já a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) avaliou que a fala do ministro é incompleta, incorreta e que não confere com os números da GD em relação aos benefícios concedidos ao setor elétrico.

“Divulgamos uma análise mostrando que acontece justamente o contrário: a geração distribuída ajuda a reduzir a conta de luz de todos os brasileiros, inclusive dos mais pobres e dos que não têm geração distribuída”, destacou Guilherme Susteras, coordenador da ABSOLAR. .

Segundo os estudos da associação, a GD vai ajudar a reduzir a conta de luz de todos os brasileiros em 5,6% até 2031, o que representaria mais de R$ 86 bilhões em redução de custos no setor elétrico. “Não se trata de um subsidio qualquer, mas de consumidores investindo em sistemas que ajudam a melhorar a segurança energética do país e o meio ambiente”, disse Susteras.

O executivo pontuou ainda que a imagem de que a GD é só para o rico e não para o pobre não se sustenta mais nos dias de hoje. “Assim como o celular já foi um dia para poucos, hoje é acessível para a grande parcela da população. Com a geração distribuída, já estamos caminhando nesse sentido”, finalizou. 

Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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