O mundo precisará dobrar em menos de oito anos a sua capacidade atual de produção de componentes para painéis fotovoltaicos, como polissilício, wafers, células e módulos, para garantir o fornecimento de equipamentos e também atingir as metas globais de redução de CO₂.
É o que aponta um comunicado emitido nesta quinta-feira (07) pela IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês). Segundo o relatório, os países precisam começar a expandir a fabricação de painéis solares para além de suas bases atuais, que hoje encontram-se concentradas na China para atingir os objetivos mencionados.
De acordo com a Agência, as políticas industriais e de inovação chinesas focadas na expansão da produção e dos mercados de painéis solares ajudaram a energia solar a se tornar hoje uma tecnologia mais acessível para todos. No entanto, ressalta que essa expansão, levou a desequilíbrios nas cadeias de fornecimento em todo mundo.
“A capacidade global de fabricação de painéis solares saiu cada vez mais da Europa, Japão e Estados Unidos na última década para a China, que assumiu a liderança em investimento e inovação”, frisa o documento.
Por causa disso, a participação da China nos principais estágios de fabricação dos painéis solares excede hoje 80% para elementos-chave, incluindo polissilício e wafers. Isso, segundo o relatório, deve aumentar para mais de 95% nos próximos anos, com base na capacidade de fabricação atual em construção.
“A China tem sido fundamental na redução dos custos mundiais da energia solar fotovoltaica, com múltiplos benefícios para as transições de energia limpa”, disse Fatih Birol, diretor executivo da IEA.
“Ao mesmo tempo, o nível de concentração geográfica nas cadeias de suprimentos globais também apresenta desafios potenciais que os governos precisam enfrentar. Acelerar as transições de energia limpa colocará mais pressão nessas cadeias de suprimentos para atender à crescente demanda, mas isso também oferece oportunidades para outros países ajudarem outras regiões a diversificar a produção e torná-la mais resiliente”, ressaltou ele.
Metas globais
De acordo com a AIE, o cumprimento das metas internacionais de energia e clima exige que a implantação global de energia solar cresça em uma escala sem precedentes. “Isso, por sua vez, exige uma grande expansão adicional na capacidade de fabricação, levantando preocupações sobre a capacidade do mundo de desenvolver rapidamente cadeias de suprimentos resilientes”.
Como exemplo, a entidade cita que as adições anuais de capacidade solar aos sistemas de eletricidade em todo o mundo precisam mais do que quadruplicar até 2030 para estarem no caminho de atingir zero emissões líquidas até 2050.
“À medida que os países aceleram seus esforços para reduzir as emissões, eles precisam garantir que sua transição para um sistema de energia sustentável seja construída em bases seguras”, disse Birol. “As cadeias de suprimentos globais da Solar PV precisarão ser ampliadas de forma a garantir que sejam resilientes, acessíveis e sustentáveis”.