ONS nega risco de apagão em 11 estados por sobrecarga de GD

Operador diz que aumento da geração distribuída e da inversão de fluxo em subestações são assuntos técnicos mapeados
ONS nega risco de apagão por sobrecarga GD no Brasil
Foto: ONS/Divulgação

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) emitiu uma nota esclarecendo que o PAR/PEL (Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo) do SIN (Sistema Interligado Nacional) não aponta risco iminente de apagão no Brasil por sobrecarga de sistemas de GD (geração distribuída).

O posicionamento oficial da entidade foi divulgado após a circulação de informações sobre um estudo do ONS que teria apontado um risco iminente de apagão em 11 estados brasileiros devido ao crescimento da micro e minigeração distribuída. Segundo o Operador, essa interpretação não é correta.

O material apresenta apenas, entre suas informações, uma imagem que indica que o Operador prevê um possível aumento na quantidade de subestações com inversão de fluxo nos próximos anos.

PAR/PEL

O documento, produzido anualmente pelo ONS, apresenta avaliações do desempenho elétrico do SIN num horizonte de cinco anos à frente, de modo que a operação futura ocorra com qualidade e equilíbrio entre segurança e custo. 

O mais recente estudo foi publicado nos canais oficiais do Operador, em dezembro de 2024, e divulgado à imprensa em todo o país. 

O documento sinaliza os possíveis desafios operativos e recomendações para fortalecer o sistema elétrico diante da evolução do setor, incluindo o crescimento da GD e das fontes renováveis. 

“O aumento da geração distribuída e a inversão de fluxo de potência em algumas subestações são fenômenos técnicos mapeados e que estão sendo tratados pelo ONS, que trabalha em conjunto com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), o MME (Ministério de Minas e Energia) e ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) para garantir a modernização da infraestrutura da rede elétrica”, informou o ONS

De acordo com o Operador, o documento apenas aponta soluções para esses problemas, como reforços na rede de transmissão, aprimoramento dos requisitos técnicos para conexão ao SIN e a instalação de equipamentos que aumentam a segurança e estabilidade do sistema.

“O sistema elétrico brasileiro é robusto e segue operando com segurança, e os desafios apontados no PAR/PEL são parte de um processo contínuo de modernização e adaptação do setor. O ONS reforça seu compromisso com a transparência e com a adoção das melhores práticas para garantir um sistema elétrico cada vez mais seguro e eficiente”, reforçou a entidade. 

Principais insights do PAR/PEL

O estudo divulgado pelo ONS conta com projeções para o setor elétrico brasileiro, destacando o crescimento da capacidade instalada no SIN e a ampliação da participação das fontes renováveis e da geração descentralizada nos próximos anos. 

A previsão do Operador aponta que a carga do SIN poderá atingir a marca dos 120 GW em 2029, um crescimento de 12% em relação ao pico registrado em 2024.

PAR/PEL/Reprodução

De acordo com o ONS, a capacidade instalada acumulada do SIN deverá totalizar 230,5 GW ao final de 2024, distribuída da seguinte forma:

  • 46,8% (108 GW) – Usinas hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas;
  • 21% (48,3 GW) – Usinas eólicas e solares;
  • 15,2% (35 GW) – Usinas de micro e minigeração distribuída);
  • 9,8% (22,6 GW) – Usinas termelétricas convencionais e nucleares;
  • 7,2% (16,5 GW) – Usinas a biomassa.

Para 2028, a expectativa é que a capacidade instalada atinja 251,6 GW, sendo que desse montante cerca de 57,6 GW serão de usinas eólicas e fotovoltaicas centralizadas.

Se forem consideradas as usinas com CUST (Contrato de Uso do Sistema de Transmissão) assinado, a capacidade total do SIN em 2028 poderá chegar a 270,4 GW, com 79,8 GW provenientes de fontes eólica e solar centralizada.

O estudo também destaca o papel da GD na transição energética, destacando que a modalidade deverá atingir 50 GW até 2029, tornando-se a segunda maior fonte de geração de energia no Brasil, atrás apenas da hidrelétrica.

PAR/PEL/Reprodução

Em seu estudo, o ONS destaca ainda que o crescimento da GD também está alterando a operação do SIN, especialmente no que se refere à inversão do fluxo de potência em algumas subestações. 

Segundo a entidade, foi identificado que, em algumas dessas subestações, podem ocorrer sobrecargas nos transformadores, tanto em operações normais quanto em situações de contingência, quando um dos transformadores da subestação sai de operação.

O estudo concluiu que há uma tendência de aumento no número de subestações com fluxo reverso de potência ativa entre 2025 e 2029, impulsionada pela significativa expansão da geração conectada à rede de distribuição, com destaque para os sistemas de GD.

No entanto, esse número pode variar ao longo dos anos, considerando a entrada em operação de novos empreendimentos. 

Nesse cenário, embora a expansão da micro e minigeração distribuída seja um dos pilares para impulsionar a transformação energética nacional, o ONS afirma que ela impõe “desafios consideráveis à operação do sistema elétrico, dentre os quais destacam-se a necessidade de maior flexibilidade operativa, a gestão de restrições na rede de transmissão e o suporte para o desempenho dinâmico do sistema”. 

PAR/PEL/Reprodução

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Foto de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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