O dólar americano é a moeda mais relevante do mercado internacional. Sua variação influencia transações no mundo inteiro, o que significa que sua alta ou baixa brusca interfere diretamente nos processos de compra e venda de equipamentos, sobretudo no mercado de energia solar.
Em 2022, o real tem sofrido com grandes oscilações em relação ao dólar ao longo do ano: em janeiro, atingiu um de seus patamares mais altos deste ano, chegando a custar R$ 5,68.
Três meses depois, em abril, contudo, sofreu uma redução brusca, atingindo o patamar de R$ 4,66. Em julho, voltou a subir para mais de R$ 5,50 e, mais recentemente, nesta semana, manteve seu custo na faixa dos R$ 5,15. Os dados foram obtidos junto a plataforma de dados do Google Finanças.
Entre os motivos que explicam a oscilação do dólar no mercado internacional estão os impactos causados pela pandemia da Covid-19 e os conflitos geopolíticos na Europa, que se acentuaram a partir da invasão das tropas russas à Ucrânia, em fevereiro deste ano. As ameaças da China à Taiwan, com interferências norte-americanas na discussão, também explicam o desequilíbrio cambial.
Em entrevista ao Canal Solar, Márcio Takata, CEO da Greener, uma das principais empresas de pesquisa e consultoria do setor fotovoltaico nacional, explica que a cadeia de distribuição e de integração solar precisam ficar de olho nessas questões, já que boa parte do kits fotovoltaicos – o grande elemento de custo de um sistema de energia solar para o consumidor final – tem forte exposição cambial.
“Estamos falando de equipamentos importados, por tanto se o dólar sobe muito, estamos falando de um custo bastante significativo e que afeta diretamente o custo para o cliente final. Nesse sentido, a forte variação que estamos vendo da moeda americana, que uma hora sobe muito e outra hora desce muito, traz uma forte complexidade em relação a precificação”, explica.
Segundo ele, é necessário que tais profissionais fiquem atentos aos movimentos de mercado com o objetivo de se adequar ao preço médio de estoque para não deixar de perder a competitividade perante outros concorrentes. “É um ponto de atenção, sobretudo para a cadeia de distribuição e também de integração. Ficar atento aos movimentos de preço mês a mês no atacado é algo que torna a atuação um pouco mais complexa e até mesmo mais emocionante”, destacou o CEO da Greener.
Consumidor final: qual é o momento para investir?
De acordo com Takata, para o consumidor final o ideal na hora de aderir a uma sistema de energia solar não é ficar especulando se o dólar vai ou não subir para comprá-lo mais barato, mas, sim, que seja feita uma análise unicamente com base no custo, já que nem mesmo o mercado especializado consegue precisar com exatidão a real variação da moeda norte americana com tempo.
“Eu diria para o consumidor olhar se faz sentido para ele o investimento. Faz sentido a economia que a solução pode gerar? Ela encontra-se atrativa no momento da compra dentro daquilo que é o meu poder de compra? Essa tem que ser a análise, na minha visão, dada a incerteza e a complexidade do câmbio”, orienta o profissional.