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Conflito Rússia-Ucrânia: quais os impactos no mercado de energia solar brasileiro?

Profissionais destacam o que pode vir pela frente em meio ao cenário de incertezas

Autor: 25 de fevereiro de 2022março 2nd, 2022Brasil
6 minutos de leitura
Conflito Rússia-Ucrânia: quais os impactos no mercado de energia solar brasileiro?

Impactos do ataque russo à Ucrânia geram incertezas ao mercado. Foto: Canal Solar

O cenário de guerra proporcionado com os ataques das tropas russas à Ucrânia vem gerando apreensão na comunidade internacional. Os países entraram em choque nas primeiras horas da madrugada (horário de Brasília) desta quinta-feira (24), após semanas de tensão.

Em meio às incertezas do que pode acontecer pela frente, profissionais do setor solar, ouvidos pelo Canal Solar, destacam que – apesar da tendência de alta do dólar, do preço dos combustíveis e da inflação – ainda é muito cedo para especular os impactos que o conflito no leste europeu pode provocar no mercado brasileiro.

Gustavo Tegon, co-fundador da Esfera Solar, explica que ainda existem muitas incertezas sobre o real impacto causado pelo ataque da Rússia à Ucrânia.

“Existe uma preocupação do setor de energia solar com o disparo do câmbio e também com as importações vindas da China, visto que ainda não sabemos qual será o posicionamento do governo chinês com relação a esses ataques”, comentou.

O executivo destacou que outro conflito mundial também preocupa o mercado: a possibilidade de a China tomar Taiwan, o que, na avaliação de Tegon, causaria um impacto quase imediato ao segmento. “Temos que ficar antenados nas possíveis movimentações de guerra entre a Rússia com a Ucrânia e China com Taiwan”, ressaltou.

Já Desheng Lei, diretor de vendas da Solis, acredita que o conflito pode ser favorável para o mercado solar, porque, na visão dele, “a energia química vai aumentar o preço, como a gasolina. Assim, o sistema solar será mais competitivo no mercado global”, pressupõe ele.  

Como fica o dólar?

Após a invasão russa, o dólar aumentou e fechou a quinta-feira cotado a R$ 5,10 – um aumento de 2,02%, o maior avanço percentual diário em mais de cinco meses. Na sexta-feira (25), a alta da moeda americana prosseguiu, atingindo o patamar de R$ 5,17 próximo do horário de fechamento da bolsa de valores. 

José Augusto Ruas, economista e professor da FACAMP (Faculdades de Campinas), explica que quando se tem uma turbulência internacional, quase sempre ocorre uma fuga do mercado em direção ao dólar.

Ou seja, uma tendência da moeda norte-americana se valorizar, enquanto as demais se desvalorizam. “Essa é, inclusive, uma tendência histórica, que chamamos de fuga para liquidez em momentos em que as expectativas ficam mais tensas”, explicou.

Por outro lado, o economista acredita que a valorização do Dólar deverá ocorrer por um curto período de tempo, justamente, porque, na visão dele, o conflito deve se resolver de maneira rápida. “Me parece que a Rússia se impôs, como já era de se imaginar do ponto de vista militar, e que a ofensiva será breve”, comentou. 

“Neste sentido, as consequências macroeconômicas tendem a ser mais especulativas do que efetivas e duradouras. É bem provável que ocorra uma certa especulação do dólar durante alguns dias, mas, assim que o confronto se mostrar efetivamente resolvido, a desvalorização desta moeda deve voltar”, frisou. 

Preço do barril de petróleo bate recorde

Outro impacto provocado pela invasão russa ocorreu nos preços do barril de petróleo, que superou, na quinta-feira, a barreira dos US$ 100 pela primeira vez desde 2014. 

No mesmo dia, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que o cenário internacional após a invasão da Rússia à Ucrânia ainda é de muita incerteza e volatilidade para uma definição de eventuais reajustes dos combustíveis nas refinarias da companhia.

“Estamos vivendo um momento de pico de volatilidade e de extrema incerteza. Nesse cenário, vamos continuar observando minuto a minuto”, declarou. 

Mais cedo, em teleconferência com analistas, o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Mastella, reafirmou a manutenção do PPI (Preço de Paridade de Importação), mesmo com a crise. 

O argumento é de que, se ela não acompanhar as cotações do petróleo e dos derivados, o mercado brasileiro de combustíveis e o abastecimento interno poderão ser comprometidos. 

Mastella, no entanto, ressaltou que a estatal avalia os impactos da alta volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional, antes de tomar qualquer decisão sobre os preços. 

Ele também explicou que a desvalorização do dólar frente ao Real tem permitido à empresa manter os valores médios de gasolina e diesel inalterados em suas refinarias desde o começo do ano. 

Frete dos equipamentos

O ataque russo à Ucrânia também fez com que as taxas de frete subissem num primeiro momento, à medida que os compradores de petróleo lutavam para encontrar carregadores dispostos a enviar seus navios para os portos russos por causa dos bombardeios na Ucrânia e nos arredores. 

A taxa para reservar um navio Aframax para carregar em um dos portos russos do Mar Báltico para a Europa Ocidental, por exemplo, quase triplicou na quinta-feira em relação ao dia anterior, segundo comerciantes e corretores de navios. 

Na China, alguns traders também pararam de negociar em barris russos em meio às sanções americanas, anunciadas pelo presidente norte-americano Joe Biden ao país soviético.

Apesar disso, José Augusto Ruas afirmou que o frete e a macroeconomia mundial não devem ser afetados a médio e longo prazo. “É possível que uma ou outra questão seja afetada, principalmente, pela Ucrânia ser um fornecedor de aço e de outros insumos no sistema europeu. Mas, não acredito que ocorra uma grande mudança, por exemplo, no preço dos fretes internacionais”, disse ele. 

Para o economista, o mais provável é que a produção e as questões envolvendo a economia ucraniana sejam retomadas em um prazo relativamente curto. “Eu acredito que o efeito é muito baixo, justamente pela velocidade pequena do conflito (…) Não acredito que devemos ter um impacto significativo na macroeconomia mundial”, reforçou.

E o setor de energia? Como fica? 

Com relação ao setor de energia, o economista disse que, diferentemente dos demais segmentos anteriores, este será um setor com consequências. “Essa tensão diplomática criada entre a Europa e Rússia pode ter algum desdobramento adicional, mesmo após o conflito se resolver”, disse ele. 

“Se eu tivesse que fazer uma aposta, eu diria que os preços de energia, sobretudo de gás natural e energia na Europa, devem permanecer um pouco mais elevados durante um período um pouco maior. Isso, certamente, terá algum tipo de consequência global. No Brasil, esse impacto deve afetar a inflação de combustíveis”, destacou.

Henrique Hein

Henrique Hein

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter do Jornal Correio Popular e da Rádio Trianon. Acompanha o setor elétrico brasileiro pelo Canal Solar desde fevereiro de 2021, possuindo experiência na mediação de lives e na produção de reportagens e conteúdos audiovisuais.

Um comentário

  • artur Damacena disse:

    Henrique, por favor, não sei se você pode me informar, mas eu gostaria de saber se os equipamentos usados no Brasil, para a energia solar são de fabricação chinesa.
    Artur Damacena
    (94) 99973 – 3157

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