Os consecutivos aumentos no valor da conta de luz e a possibilidade do consumidor final gerar a sua própria energia por meio de uma fonte renovável abriu margem para que a procura por sistemas fotovoltaicos crescesse de forma substancial no Brasil ao longo dos últimos anos.
Atualmente, já são mais de 2,25 milhões de imóveis gerando energia limpa por meio da tecnologia, conectada em telhados, fachadas e pequenos e médios terrenos, na chamada GD (geração distribuída).
Com tamanho crescimento e amadurecimento de mercado, algumas situações que antes sequer eram levadas em consideração passaram a ser melhor observadas por quem atua no setor.
Uma delas foi a necessidade dos integradores garantirem a proteção dos equipamentos vendidos aos seus clientes por meio da contratação de um seguro, já que o sistema pode ser ameaçado por imprevisibilidades, como vendavais, incêndios e até mesmo furtos e roubos.
Nesse sentido, a contratação de uma apólice nos dias de hoje passou a ser considerada por muitos profissionais como um investimento indispensável para quem trabalha neste mercado.
Por que o seguro pode ser interessante?
Conforme mencionado acima, a grande vantagem do seguro para energia solar é a garantia de reparo ou de indenização por problemas causados por intempéries. Além disso, ele cobre roubo e furto dos equipamentos, danos gerados por terceiros, erros de projeto e danos nos módulos.
Mauro Filho, CEO da Elétron, uma corretora de seguros focada exclusivamente em soluções para energia solar, explica que no mercado brasileiro existem dois tipos de seguros.
O primeiro deles é ter um ligado ao ramo de engenharia, onde a principal cobertura é a de instalação e montagem do equipamento, incluindo o período de testes e eventuais erros de projeto.
“O primeiro seguro se chama risco de engenharia e vai cobrir o período da instalação e montagem do sistema fotovoltaico. O que a gente mais atende nesse tipo de seguro são danos de erro de execução direto”, disse ele.
“Então, por exemplo, um pallet de módulo que tomba, um inversor que queima no comissionamento, além de danos da natureza, como os vendavais”, completou.
Já o segundo tipo de seguro que existe no mercado, segundo o profissional, é o seguro de operações – que garante o funcionamento da planta solar contra eventos inesperados após a instalação, tais como granizo, vendaval, incêndio e quedas de raio.
“O que a gente mais atende são problemas causados por vendaval e alagamento. A gente teve recentemente, por exemplo, no Rio Grande do Sul, com ciclones sucessivos, vários casos de alagamento em sistemas fotovoltaicos. O nível da água subiu muito, o inversor ficou embaixo da água e danificou o equipamento”, comentou.
Esse segundo tipo de seguro também costuma oferecer proteção contra roubos e furtos qualificados, que, segundo Mauro Filho, acontecem com mais frequência em usinas de solos localizadas em zonas rurais.
“O integrador sempre fala muito sobre a importância do payback para o cliente. Agora, imagina se ele instala um sistema fotovoltaico perfeito e no mês seguinte passa um ciclone ou coisas que a gente não pode controlar e causa uma destruição? Toda essa conta e esse discurso do payback foi por água abaixo”, pontua o CEO da Elétron.
Mauro Filho, revela ainda que neste ano (somente na Elétron) já foram mais de 500 sinistros em instalações fotovoltaicas e que, juntos, somam mais de R$ 6,9 milhões em indenizações pagas entre os meses de janeiro e outubro.
“Nosso placar é a prova de que todos os meses acontecem mais e mais sinistros. Graças ao seguro solar, esses clientes foram indenizados e não tiveram que arcar com os prejuízos dos sinistros”, revelou ele.
Atenção aos detalhes
Apesar das vantagens oferecidas pelos dois seguros, Mauro Filho explica que é importante que todos os integradores busquem saber os detalhes do contrato que estão fechando, de modo a saber exatamente quais serviços estão sendo incluídos exatamente em sua apólice.
“Isso vale para o seguro do gerador, vale para o seguro do seu carro, da sua casa, entre outros. É muito importante fazer uma contratação consciente para não gerar uma expectativa falsa no cliente final e causar um transtorno ainda pior”, pontuou.
O executivo da Elétron ressalta ainda que para o integrador ter acesso ao seguro de um sinistro em casos de necessidade é preciso que os equipamentos fotovoltaicos sejam instalados dentro das normas de segurança exigidas pelos fabricantes.
“A gente teve recentemente um caso de um inversor que queimou e tanto a garantia do fabricante quanto o seguro negaram a cobertura, porque o equipamento havia sido instalado fora das especificações do manual. Não estava respeitando o distanciamento mínimo entre os inversores”, disse ele.
Segundo Mauro Filho, neste caso, em especial, também havia um objeto bloqueando as ventoinhas externas do inversor. Ao todo, o prejuízo final do ao integrador com a queima do equipamento, mesmo ele tendo seguro, foi de mais de R$ 70 mil.
“Portanto, fica o alerta: não adianta contratar seguro e acionar a garantia se a instalação não seguir os requisitos do fabricante. O seguro existe para atender situações que não podemos prever nem prevenir. A garantia serve para repor equipamentos que apresentem defeitos de fabricação. A instalação correta, seguindo os manuais, está ao alcance de todos. Basta responsabilidade e capricho”, disse Mauro Filho.
Quanto custa um seguro?
O valor do seguro de um sistema de energia solar pode variar de acordo com a empresa contratada e de fatores relacionados ao projeto em si, como a quantidade de painéis solares instalados, a região da instalação, entre outros detalhes.
Mauro Filho destaca que, especificamente na Elétron, o valor do seguro de engenharia custa a partir de R$ 286,00, enquanto o de operações pode ser adquirido a partir de R$ 129,00 por ano.
O profissional explica que a forma de pagamento não só na Elétron como em qualquer outra seguradora é feita de forma diferente para cada um dos dois tipos de seguro existentes no mercado.
No seguro de engenharia, por envolver a contratação uma apólice unicamente para o período de obras e de instalação do sistema solar, a aquisição é feita uma única vez pelo integrador.
Já o seguro de operações, como engloba a cobertura ao longo da vida útil do equipamento após a sua instalação, o pagamento é feito de forma anual.
“Antes de iniciar a instalação de um sistema fotovoltaico, o cenário ideal para trabalhar da forma mais segura possível é contratar primeiro o seguro de engenharia e, terminada ou terminando a instalação, fazer a contratação seguro de operação”, finaliza o executivo.