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Potenciais e desafios do Brasil na produção de hidrogênio verde

País tem recursos naturais abundantes, mas é preciso marcos regulatórios que tragam segurança aos investidores, diz PwC

Autor: 5 de janeiro de 2023Brasil
4 minutos de leitura
Potenciais e desafios do Brasil na produção de hidrogênio verde

Brasil é um dos líderes na produção de hidrogênio verde. Foto: Reprodução

A matriz energética de alto potencial renovável do Brasil e a abundância dos recursos naturais colocam o país como potencial protagonista na liderança de produção de H2V (hidrogênio verde) no mundo. A avaliação faz parte da Pesquisa Hidrogênio Verde e O Futuro das Matrizes Energéticas, realizada pela PwC Brasil.

Cerca de 85% da eletricidade no país é gerada a partir de fontes renováveis, uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo. Para se ter uma ideia desse potencial, grandes economias mundiais utilizam cerca de 30% a 40% de fontes sustentáveis para geração de energia elétrica.

“Sendo um dos países líderes no potencial de produção de hidrogênio verde, o Brasil está muito bem posicionado. Além de oferecer recursos naturais em abundância e a preços competitivos, o país também tem boa localização geográfica para exportar para a Europa”, comentou Adriano Correia, sócio da PwC Brasil e responsável pelo estudo.

“A região Nordeste se destaca neste contexto, especialmente os estados do Ceará e de Pernambuco. Fora da região, o Rio de Janeiro também tem conduzido projetos importantes para a produção de H2V”, ressaltou.

Segundo a pesquisa, em resposta à corrida do setor industrial por uma nova tecnologia renovável, o combustível é a aposta para uma transição energética sustentável.

“Sem emitir gases que causam o efeito estufa, o hidrogênio verde é o elemento mais abundante e leve do mundo, com uma ampla gama de aplicações, de refino a petroquímica e fabricação de aço. Ele é também uma rica fonte de energia, muito mais eficiente do que outros combustíveis”, apontou.

O relatório ainda indica que a tecnologia para produção já está consolidada e que o grande desafio seria o custo de produção. Neste aspecto, há uma tendência mundial de queda que, se alterada a curva de custo, permitirá criar uma oportunidade significativa para viabilizar projetos e impulsionar o crescimento econômico sustentável, acelerando a substituição dos combustíveis fósseis.

“Os cenários de moderada e alta ambição apresentam uma demanda de hidrogênio mais forte a partir de 2030 e outro forte aumento a partir de 2035. Para cumprir as metas climáticas de Paris, o planejamento da infraestrutura deve começar agora”, completou Correia.

Para que o hidrogênio verde será usado?

O H2V tem potencial para descarbonizar diferentes setores, entre eles, destacam-se indústrias química e petroquímica, bem como as indústrias de alumínio, metais e de cimento. Além disso, poderá ser utilizado como combustível para meios de transporte (carros, navios, caminhões, ônibus) e como fonte alternativa para o sistema energético.

Entretanto, o especialista afirmou que não há como evoluir sem colocar foco na construção de marcos regulatórios que tragam segurança aos investidores, incentivo à pesquisa, ao desenvolvimento de tecnologias e adoção das melhores práticas internacionais para exportação.

Recentemente, o governo publicou duas novas portarias que definem regras e diretrizes complementares para cessão de uso de áreas fora da costa, além de fixar normas para criação do Portal Único para Gestão do Uso de Áreas Offshore para Geração de Energia.

“Um desafio para esse tema, em particular, é ter um pouco mais de clareza em relação à regulamentação. As portarias são um primeiro passo importante. É preciso ter isso claro para dar maior segurança aos projetos e investidores”, destacou.

Demanda por hidrogênio verde

Na visão dele, outro ponto fundamental para a viabilidade de projetos de infraestrutura em hidrogênio verde é a garantia de demanda mínima estável ao longo prazo.

O estudo da PwC Brasil indica que as projeções de demanda podem variar significativamente devido a diferentes premissas, como desenvolvimento das atividades econômicas, demanda global de energia, preços de eletricidade renovável, intensidade de uso em diferentes setores, implantação de tecnologia, como eletrificação ou captura e utilização/armazenamento de carbono e desenvolvimento do quadro regulatório.

Neste contexto, destacam-se, em primeiro lugar, os atuais projetos de hidrogênio em construção e em operação. E, em segundo lugar, o planejamento e a construção da infraestrutura para uso de hidrogênio em grande escala, como dutos ou terminais de exportação/importação.

“Idealmente, a infraestrutura necessária será construída em paralelo à crescente demanda, a custos decrescentes, para garantir que seja comercializado e transportado nas quantidades e prazos necessários”, concluiu.

Mateus Badra

Mateus Badra

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020. Atualmente, é Analista de Comunicação Sênior do Canal Solar e possui experiência na cobertura de eventos internacionais.

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