Potencial solar e eólico impulsiona reindustrialização verde no Brasil

A chave será criar um ambiente de negócios favorável à inovação
Potencial solar e eólico impulsiona reindustrialização verde no Brasil
Investimentos adicionais em geração eólica e solar devem atingir R$ 163,6 bilhões. Foto: Freepik

A transição energética não é apenas uma necessidade urgente para combater as mudanças climáticas, mas uma oportunidade estratégica para o Brasil se reposicionar no cenário global. 

O conceito de “reindustrialização verde” surge como uma solução inteligente, alinhando o setor produtivo do país com um futuro mais sustentável. Trata-se de uma transformação profunda na forma como geramos e consumimos energia, que impulsiona o Brasil para um modelo de economia moderna, baseada em energias renováveis e inovação tecnológica.

A adoção de políticas de desenvolvimento sustentável e estímulo à transição energética no setor produtivo pode elevar a demanda por energia elétrica de 3,1% a 6% ao ano entre 2028 e 2034. 

No cenário de crescimento moderado, os investimentos adicionais em geração eólica e solar devem atingir R$ 163,6 bilhões; já em um cenário de crescimento acelerado, esse valor pode chegar a R$ 275,3 bilhões.

A energia solar apresenta maior potencial de retorno em comparação à eólica. No cenário moderado, os investimentos em solar alcançariam R$ 115,2 bilhões, frente a R$ 48,4 bilhões na eólica. 

Já no cenário acelerado, a diferença se amplia, com R$ 193,9 bilhões destinados à solar, enquanto a eólica receberia R$ 81,4 bilhões, consolidando a solar como uma das principais apostas para o futuro energético nacional. 

Durante a COP 29, o Brasil afirmou um compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em até 67% até 2035, em relação aos níveis de 2005. Esse compromisso sublinha a urgência de acelerar a transição para uma matriz energética limpa e eficiente, por meio de políticas públicas que incentivem o uso de energias renováveis, sem comprometer o crescimento econômico.

Desde 2015, o Brasil tem experimentado um crescimento considerável nas fontes de energia renovável, um reflexo de seu imenso potencial nesse setor. De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2023, as energias solar, eólica e de biomassa passaram a responder por quase metade da matriz elétrica do país. 

As fontes renováveis, hoje, representavam 89,8% da capacidade instalada para a geração de energia elétrica, um marco importante que coloca o Brasil na vanguarda da transição energética global. Com a possibilidade do aumento da demanda por eletricidade a partir de 2028, o Brasil precisa estar preparado para essa transição, o que garante uma janela de oportunidades.

O PDE 2034 (Plano Decenal de Expansão de Energia) estima que, entre 2025 e 2028, a demanda crescerá 2,8% ao ano, com taxas mais altas chegando a 3,1% ao ano entre 2029 e 2034. Esse cenário impulsionará investimentos de R$ 328,4 bilhões na geração de energia solar fotovoltaica e eólica.

Porém, se o Brasil seguir um caminho de reindustrialização verde, com a implementação de políticas de descarbonização mais agressivas, os investimentos podem superar R$ 492 bilhões, resultando em um aumento no consumo per capita de energia elétrica, com uma projeção de 4.778 kWh/ano até 2034, e até 5.275 kWh/ano até 2052.

Em um cenário ainda mais otimista, no qual o país adote uma agenda de reindustrialização verde robusta, o Brasil pode atrair até R$ 603,7 bilhões em investimentos até 2034. Essa dinâmica não só impulsionaria a geração de energia, mas também elevaria o consumo de energia elétrica per capita para níveis próximos aos de países desenvolvidos por volta de 2040.

Para que isso aconteça, é necessário que o Brasil tenha um arcabouço regulatório bem estabelecido em setores-chave, adaptando suas normas para atrair novos investimentos, especialmente em tecnologias emergentes, como o hidrogênio verde, o armazenamento de energia e as usinas eólicas offshore. 

A chave será criar um ambiente de negócios favorável à inovação, ao mesmo tempo em que se evita sobrecarregar consumidores e contribuintes com custos excessivos. 

O Brasil está em uma posição privilegiada para liderar essa revolução verde, não apenas pela sua abundância de recursos naturais, mas também pela sua capacidade de inovação no setor energético. 

Com uma regulação adaptativa e investimentos estratégicos, o país pode garantir um futuro mais sustentável e competitivo, tanto no mercado interno quanto global.

As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

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Alexandre Viana
CEO da Envol Energy Consulting. Profissional com mais de 10 anos de experiência em gestão. Acostumado a ambientes dinâmicos, desenvolveu soluções inovadoras para o mercado de energia, liderou 74 leilões no Mercado Regulado Brasileiro e criou uma mesa de negociação responsável por operações de USD 500 milhões ao ano. Especialista em análise financeira, estratégias de mercado e relacionamento com stakeholders, possui ampla visão estratégica e conhecimento do contexto econômico da América Latina.

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