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O relacionamento prova-se sólido diante das incertezas da pandemia

O interesse no Brasil e nas energias renováveis seguirá impulsionando investimentos? Afinal, com quem o país poderá contar nos próximos anos?

Autor: 29 de dezembro de 2020janeiro 20th, 2021Opinião
4 minutos de leitura
O relacionamento prova-se sólido diante das incertezas da pandemia

Com a chegada das vacinas, cada vez mais as atenções se voltam para como será a recuperação econômica no pós-Covid19. O setor de energias renováveis durante a pandemia surpreendeu positivamente. Ao lado da construção civil, não parou e retomou o crescimento rapidamente.

No Brasil, a GD (geração distribuída) deve atingir neste dezembro a marca de 4,4 GW. Só em 2020, serão 2,2 GW de capacidade adicionada, 43% acima do ano passado. Somando a geração centralizada o país alcançará cerca de 7,5 GW em energia solar.

Mas o que esperar dos investimentos estrangeiros no Brasil? Afinal, com quem o país poderá contar nos próximos anos? O interesse no Brasil e nas energias renováveis seguirá impulsionando investimentos?

A China seguirá como nosso principal parceiro. O setor elétrico representa a maior parte do estoque de investimento do país no Brasil, seguido pelo setor de óleo e gás. A China não descobriu o Brasil ontem e está investindo no país e na América Latina há muito tempo.

Desde os últimos leilões, a energia solar tem se apresentado com preços competitivos frente às demais energias. Isso vem acelerando os investimentos chineses no setor de energia e a elevada presença chinesa no setor de transmissão. Somam-se os investimentos na geração em eólica e solar realizados ainda em 2019, que alcançaram 16% da capacidade eólica do Brasil, e 21% de sua capacidade solar, num total de 2.822 MW.

Um dado que aponta para a solidez do relacionamento comercial Brasil-China é que as importações brasileiras vindas da China em 2020, no seu total, praticamente não caíram, mesmo em meio à pandemia. Oscilaram em apenas -0,9% em volume, em relação a 2019, de janeiro a novembro. Já as importações vindas dos EUA e da União Europeia caíram -15% e -10,9%, respectivamente, no mesmo período.

Os combustíveis fósseis ganharam um certo fôlego durante a pandemia. Porém, a pressão internacional com relação às questões climáticas não arrefeceu e a perspectiva a médio e longo prazos aponta para o avanço das energias renováveis, especialmente a energia solar.

A demanda por eletricidade crescerá ainda mais com a substituição dos veículos a combustão pelos elétricos, que crescerá nas próximas décadas. A mesma realidade chegará ao Brasil. É só uma questão de tempo. As energias fósseis devem receber cada vez menos investimentos na futura capacidade instalada. A eleição de Biden, nos EUA, pouco deve modificar a política externa chinesa.

A China já fechou os acordos comerciais multilaterais na Ásia e foca agora em consolidar sua presença no setor de infraestrutura da América Latina. A tecnologia chinesa na geração solar deve seguir como a mais empregada na América Latina, acompanhando os investimentos chineses no setor elétrico. E o mercado brasileiro está no centro das prioridades.

O país está pronto para receber investimentos cada vez maiores na indústria renovável, beneficiando-se como fonte de novos empregos e redução de suas emissões de CO₂. O Brasil já tem um portfólio de geração de energia baseado em fontes renováveis e possui enorme potencial para geração solar, ainda pouco explorado.

O aproveitamento desses recursos poderá não só aliviar a recessão esperada no país como resultado da pandemia, mas também colocar o país numa posição estratégica favorável quanto à segurança energética, necessária para um crescimento sustentável nas próximas décadas.

Gradualmente a névoa de incertezas erguida pela pandemia vai se dissipando e as tendências que devem prevalecer incluem o crescimento das energias renováveis, principalmente da energia solar. Esse será o novo normal: uma economia mais verde e sustentável.

Gustavo Tegon

Gustavo Tegon

Formado em Negócios Internacionais e com MBA em Gestão e Negócios pela Universidade Metodista de Piracicaba. Com grande experiência em geração distribuída, liderou os fabricantes BYD, Jinko e Canadian Solar no Brasil. Atualmente, é diretor Institucional da BelEnergy.

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