Quando fazemos o projeto de aterramento de uma usina fotovoltaica de solo, por exemplo, é projetado uma malha de aterramento – de cobre ou cabo de aço cobreado – que é uma rede de condutores enterrados que vai interligar os diversos elementos que compõem uma planta solar. O aterramento de um sistema fotovoltaico tem diversas funções, como promover a segurança de pessoas, de equipamentos, da edificação, proteção contra descargas atmosféricas, controlar a formação de arcos elétricos, entre outras. Mas quando falamos das aplicações de armazenamento de energia, seja em qualquer fonte, como solar, eólica ou biomassa, por exemplo, existe algum tipo de conceito especial com relação ao aterramento? O engenheiro eletricista Paulo Freire, especialista em aterramento e SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas) de grandes usinas, participou do podcast Papo Solar e comentou que não há nenhuma exigência específica para esse caso. “Basicamente, os sistemas de armazenamento de energia são bancos de baterias. Esses bancos vão estar, de certa forma, abrigados, seja em edificações ou em uma base composta por uma estrutura de aço com telhado, por exemplo. Então, tem que aterrar aquilo, e não existe nenhuma exigência. O sistema de armazenamento não vai produzir nada de diferente do que já fazemos normalmente nos projetos”, explicou Freire.
Normas da ABNT
Durante o podcast, Paulo Freire comentou ainda que deverá publicar, nas próximas semanas, um artigo com sugestões de revisão na NBR 16690, que estabelece os requisitos de projeto das instalações elétricas de arranjos fotovoltaicos, incluindo disposições sobre os condutores, dispositivos de proteção elétrica, dispositivos de manobra, aterramento e equipotencialização do arranjo fotovoltaico. “Estou fazendo diversas sugestões, especificamente, na parte de aterramento. Nós temos um trabalho grande pela frente”, disse Freire, acrescentando também que é relator de algumas novas normas, como da NBR 7117 – Medição da resistividade e estratificação do solo, que está em vias de ser publicada. “Sou relator ainda da NBR 5422 – Projetos de linha de transmissão de energia elétrica, que está na fase final de elaboração. Além disso, estou trabalhando nas normas de aterramento de renováveis, principalmente eólica e solar, que temos a expectativa de estar publicando no ano que vem”, enfatizou. Freire também destacou a importância de os profissionais da área conhecerem bem as normas da ABNT para, consequentemente, se destacaram no mercado de energia solar. “A nossa defesa é ter um projeto que tenha plena conformidade com as normas da ABNT aplicáveis. É desafiador, pois são muitas normas que são extensas e estão sempre sendo atualizadas. Então, isso demanda do profissional de estar sempre atualizado”, ressaltou.