1 de maio de 2024
solar
No Brasil Hoje

Potencia GC SolarGC 13,5GW

No Brasil Hoje

Potencia GD SolarGD 28,8GW

Soluções às crises hídricas devem fazer parte da transição energética no Brasil

Estudo indica que o sistema elétrico nacional está vulnerável às mudanças climáticas

Autor: 29 de maio de 2023Transição energética
4 minutos de leitura
Soluções às crises hídricas devem fazer parte da transição energética no Brasil

Brasil precisa investir em um modelo hidro-solar-eólico, diz estudo. Foto: Reprodução/WEB

As recentes crises hídricas vivenciadas no Brasil mostram como o sistema elétrico nacional, responsável por 10% da produção hidrelétrica mundial, está vulnerável às mudanças climáticas.

Ao não considerar adequadamente as alterações do clima, o planejamento elétrico nacional está contando com um recurso energético, representado pelo histórico de precipitação de chuvas, que pode não ocorrer, obrigando a tomada de medidas emergenciais que encarecem e poluem a matriz elétrica, como verificado na crise hídrica de 2021.

Segundo o estudo “Vulnerabilidades do Setor Elétrico Brasileiro Frente à Crise Climática Global”, lançado pela Coalização Energia Limpa, o Brasil ainda não tem uma política concreta para enfrentar os impactos das mudanças climáticas sobre seu sistema elétrico.

Embora o Brasil seja um país que lidera a transição energética por ter uma matriz elétrica 83% renovável, a produção de energia elétrica é muito dependente da hidrologia, uma vez que 60% da energia produzida é proveniente das hidrelétricas.

Quando há escassez de chuva, como em 2021 (a pior crise hídrica dos últimos 91 anos), a solução adotada é acionar ou contratar novas termelétricas, quase sempre movidas a gás natural importado – investimento que vai na contramão das políticas globais de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Outra medida adotada pelo Brasil é ampliar os investimentos em linhas e sistemas de transmissão e distribuição de energia, a fim de maximizar o uso dos recursos energéticos.

No entanto, essa política resulta em maiores custos para a população, o que impacta o desenvolvimento social e econômico. O desafio do setor, portanto, é ser mais resiliente ao clima sem poluir a matriz elétrica ou transferir custos para os consumidores.

Segundo o estudo, é urgente a construção de um novo modelo para o setor elétrico, sendo a melhor opção um sistema hidro-solar-eólico, contrastando com o atual hidro-termo-eólico.

Isto permitiria a redução dos custos da energia elétrica e uma maior competitividade global dos produtos brasileiros, o que, por sua vez, contribuiria para a retomada da economia e a redução das desigualdades sociais.

Entre as soluções apontadas no estudo, estão:

  • A interrupção de investimentos em novas hidrelétricas, principalmente se forem usinas a fio d’água, como a UHE Tapajós, prevista para depois de 2030;
  • Aplicar mais recursos para diversificação da matriz, não apenas investindo em eólica e solar, mas também em novas tecnologias como armazenamento (baterias), hidrogênio verde, hidrelétricas reversíveis e sistemas distribuídos, como a geração solar distribuída;
  • Incentivar pesquisas em tecnologias de armazenamento de energia;
  • Elaborar um plano de resiliência do SIN (Sistema Interligado Nacional) considerando os segmentos de geração, transmissão e distribuição; e
  • Considerar o acréscimo de novas termelétricas fósseis só em caráter emergencial e temporário.

O documento foi elaborado pelos pesquisadores José Wanderley Marangon Lima, professor titular voluntário da UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá), consultor da MC&E e Secretário de P&D do INEL; José Antonio Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Modelagem, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); e Lincoln Muniz Alves, pesquisador do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Autor Líder do Sexto Relatório de Avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima), a pedido do ClimaInfo.

A Coalização Energia Limpa é formada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Instituto ClimaInfo, IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente), INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos), Instituto Internacional Arayara e Instituto Pólis.

Clique aqui para ler a íntegra do estudo.

Wagner Freire

Wagner Freire

Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

Comentar

*Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Canal Solar.
É proibida a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes e direitos de terceiros.
O Canal Solar reserva-se o direito de vetar comentários preconceituosos, ofensivos, inadequados ou incompatíveis com os assuntos abordados nesta matéria.