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Subsídio às termelétricas é o que mais encarece a conta de luz dos brasileiros

De acordo com dados da Aneel, 34% dos subsídios pagos na fatura de energia vão para combustíveis fósseis

Autor: 1 de dezembro de 2022Conta de luz
4 minutos de leitura
Subsídio às termelétricas é o que mais encarece a conta de luz dos brasileiros

Brasileiros já pagaram R$ 8,9 bi em subsídios às termelétricas em 2022. Foto: Divulgação

A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) lançou, nesta terça-feira (29), o Subsidiômetro – uma ferramenta digital que detalha os subsídios pagos pelos consumidores na tarifa de energia elétrica. 

O sistema revela que o incentivo concedido à CCC (Conta Consumo de Combustível) – que é 100% destinado às usinas de geração térmica do país – representa disparadamente a maior fatia paga pelos brasileiros em suas tarifas.

No final de cada mês, cerca de 34,12% de todo o subsídio cobrado na fatura da população é destinado para o custeio das termelétricas, que são altamente poluentes e nocivas ao meio ambiente. 

De acordo com os dados publicados pela ANEEL, somente entre janeiro e novembro deste ano, mais de R$ 8,9 bilhões foram cobrados pelo Governo Federal para bancar esses empreendimentos no país.

Já os benefícios concedidos à GD (geração distribuída) representam 9,63% dos subsídios cobrados na tarifa de energia – o que teria representado cerca de R$ 2,31 bilhões em 2022, um volume quase quatro vezes menor que o das termelétricas. 

Curiosamente, o montante cobrado pelos benefícios da GD, é o único ponto que vem sendo criticado pelas concessionárias de energia, que alegam que o segmento encarece a conta de luz da população. 

As críticas por parte destas entidades, contudo, não levam em consideração todos os benefícios que o segmento gera ao país, como a redução de perdas técnicas, gastos na infraestrutura de transmissão e distribuição, além de uma maior diversificação da matriz energética e a geração de empregos qualificados em regiões pouco desenvolvidas.

Críticas aos números da GD

Apesar de afirmar que a GD “custou” R$ 2,23 bilhões aos consumidores brasileiros, diversas entidades e profissionais do setor elétrico questionam a falta de transparência nos números apresentados pelo Subsidiômetro – que não apresenta um relatório consistente explicando de onde foi “tirado” esse valor. 

Nos últimos meses, a própria Agência vem sendo criticada pela demora para apresentar o estudo de valoração da GD (previsto na Lei 14.300), com os cálculos sobre os custos da geração própria de energia renovável e o eventual repasse aos consumidores. 

A entidade tinha até 7 de julho para estabelecer a questão, mas até hoje isso não foi feito. Ou seja, quaisquer informações relativas a esses valores são hoje meras especulações, já que nenhuma conta completa foi apresentada.

A ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), por exemplo, critica a falta de transparência do regulador.

No ano passado, a associação publicou um estudo que destaca que somente a GD solar será responsável por trazer mais de R$ 13,3 bilhões em benefícios líquidos aos consumidores do setor elétrico brasileiro nos próximos anos. 

O cálculo levou em consideração atributos como o alívio trazido a operação da matriz elétrica, a postergação de investimentos em novas usinas de geração, redes de transmissão e infraestrutura de distribuição e a redução de custos de manutenção e de perdas elétricas.

Conta de Consumo de Combustíveis 

A CCC é um encargo cobrado nas TUSD (tarifas de distribuição) e nas TUST (tarifas de uso dos sistemas elétricos de distribuição e transmissão).

O subsídio é pago pelas concessionárias de energia elétrica para cobrir os custos anuais das termelétricas em áreas ainda não interligadas ao SIN (Sistema Interligado Nacional), chamadas de “sistemas isolados”. 

O montante anual é fixado pela ANEEL para cada empresa em razão do seu mercado e da maior ou menor necessidade do uso das termelétricas. A CCC foi criada pelo Art. 13, inciso III da Lei nº 5.899, de 5 de julho de 1973. 

Os  valores destinados a ela são incluídos no cálculo da conta dos consumidores e repassados à CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), que administra esses recursos.

Henrique Hein

Henrique Hein

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter do Jornal Correio Popular e da Rádio Trianon. Acompanha o setor elétrico brasileiro pelo Canal Solar desde fevereiro de 2021, possuindo experiência na mediação de lives e na produção de reportagens e conteúdos audiovisuais.

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