As tarifas de energia elétrica no Brasil devem registrar um aumento médio de 7% em 2025, segundo projeção divulgada pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) no boletim InfoTarifa de dezembro. O percentual supera a inflação projetada pelo IPCA (4,4%) e contrasta com a estimativa de deflação de -0,5% do IGP-M.
A nova previsão é o dobro da estimativa anterior, de 3,5%, divulgada em março. O principal motivo foi a revisão dos valores da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), concluída após a Consulta Pública 38/2024.
Essa conta reúne subsídios e políticas públicas do setor e teve seus parâmetros atualizados, pressionando os custos finais repassados aos consumidores.
CDE 2026 deve ultrapassar R$ 52 bilhões
O relatório aponta que o orçamento preliminar da CDE em 2026 pode chegar a R$ 52,7 bilhões, alta de 7% em relação a 2025. O crescimento está ligado à expansão de políticas públicas e à modernização das regras de rateio dos encargos entre os consumidores de baixa, média e alta tensão.
O que influencia o reajuste da tarifa de energia em 2025?
Além dos encargos setoriais, o aumento na conta de luz também considera variáveis como:
- Custos de compra de energia pelas distribuidoras;
- Revisão dos ativos regulatórios;
- Reajustes financeiros individuais de cada concessão;
- Variações cambiais (especialmente sobre a energia de Itaipu);
- Ciclos de revisão tarifária periódica.
Região Norte terá redução de até 11% na tarifa
Nem todas as regiões terão aumento. Consumidores do Acre, Amapá e Rondônia podem ver uma redução de até 11% nas tarifas graças a um excedente de R$ 550 milhões do mecanismo de quitação do risco hidrológico (GSF), que será direcionado à modicidade tarifária nas distribuidoras locais.

Reforma tributária e mudanças regulatórias devem impactar ciclos futuros
A Lei 15.269/2025, aprovada recentemente, altera o modelo de rateio da CDE, ampliando a contribuição do mercado livre em encargos antes pagos apenas por consumidores regulados. A expectativa é que isso traga:
- Redução leve nas tarifas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste;
- Aumento moderado no Norte e Nordeste durante a fase de transição.
Tarifa Branca poderá ser obrigatória para alto consumo
A ANEEL também propôs mudanças na Tarifa Horária Branca. Consumidores de baixa tensão que consomem mais de 1.000 kWh/mês poderão ser migrados automaticamente para esse modelo até o fim de 2026. O objetivo é alinhar os preços da energia ao novo perfil da matriz elétrica, marcada pelo avanço da geração solar durante o dia.
O boletim InfoTarifa também confirma a criação de um novo desconto social, válido a partir de 2026. Famílias inscritas no CadÚnico, com renda entre meio e um salário mínimo e que não se enquadram na Tarifa Social, ficarão isentas da cobrança da CDE nos primeiros 120 kWh consumidos, o que pode reduzir a conta em até 15%.
Outro destaque é um relatório que quantifica os efeitos das bandeiras tarifárias. Desde 2015, o mecanismo evitou aproximadamente R$ 13 bilhões em juros, ao permitir o repasse imediato dos custos variáveis de geração e impedir que esses valores se acumulassem até os processos tarifários seguintes.
Já a Lei 15.235/2025 redefine o rateio dos custos das usinas nucleares Angra 1 e 2. A partir de 2026, esses valores serão distribuídos entre todos os consumidores do SIN (Sistema Interligado Nacional), exceto os beneficiários da Tarifa Social, mudança que deve reduzir em cerca de 0,6% as tarifas dos consumidores cativos.
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