O Canal Solar realizou ontem (14) um webinário especial sobre vendas no setor de energia solar com executivos de quatro distribuidoras de equipamentos fotovoltaicos do Brasil e de uma companhia de atendimento ao consumidor final.
A transmissão contou com as presenças de Gustavo Tegon, CMSO da Esfera Solar; Juliano Ohta, CEO da Aldo Solar; Leandro Martins, presidente da Ecori; Neto Tosado, fundador da Projesol; e Roberto Caurim, CEO da Bluesun.
Durante pouco mais de duas horas, foi traçado um panorama completo sobre como estão as vendas no setor durante o primeiro trimestre de 2023 e quais são as perspectivas para o segmento daqui em diante.
Todos os profissionais disseram que os dois primeiros meses do ano ficaram abaixo do que poderiam em razão de uma série de fatores, que variam desde a nova regulamentação até a troca de governo e o rombo ocorrido nas lojas Americanas.
Os participantes, contudo, ressaltaram que – conforme o setor vem assimilando melhor estas questões – os resultados já estão voltando aos patamares anteriores, com boas vendas sendo realizadas.
Gustavo Tegon avaliou que o mercado de energia solar já esperava por um início de ano mais lento que na comparação com os anos anteriores, o que acabou, segundo ele, se configurando por causa da Lei 14.300 e da instabilidade jurídica natural que acontece sempre que há uma troca de governo.
Contudo, ressaltou que o mês de março já “está no mesmo nível de orçamentos que tínhamos em novembro, que foi um mês espetacular”, pontuou.
Ainda de acordo com Tegon, outros dois fatores também ajudam a explicar o crescimento das vendas na reta final do primeiro trimestre: o aumento de novos orçamentos feitos por integradores e a redução do preço dos equipamentos fotovoltaicos na China.
Leandro Martins, por sua vez, classificou o primeiro trimestre de 2023 como positivo para o setor de energia solar diante das perspectivas negativas que vinham sendo cogitadas desde o final do ano passado.
“Os meses de janeiro e fevereiro, obviamente, carregando um pouco da demanda antecipada que tivemos no final do ano, por conta da mudança das regras da Lei 14.300, podem ser considerados bons”, disse ele.
Segundo o executivo, o volume de vendas da Ecori em janeiro deste ano foi melhor que no mesmo período de 2022, por causa da grande movimentação que ocorreu no setor na primeira semana do mês.
Na ocasião, os consumidores brasileiros que almejavam instalar sistemas fotovoltaicos para permanecer dentro das regras anteriores à Lei 14.300 tinham até 6 de janeiro para solicitar o parecer de acesso de seus empreendimentos junto às distribuidoras.
“Já fevereiro, foi um mês que não apresentou crescimento em relação ao mesmo período do ano passado em vendas, mas também não apresentou retração. Vejo isso como algo positivo”, comentou.
Já Neto Tosato pontuou que o mercado de energia solar nos primeiros dois meses do ano apresentou resultados ruins para as empresas integradoras. Porém, afirmou que março começou bem melhor para companhias desse segmento, com clientes voltando a retomar orçamentos.
“Ainda temos alguns problemas com profissionais reclamando sobre aprovação de crédito, porque as instituições financeiras estão com dificuldade de liberar recursos por causa do aumento do risco de inadimplência. Estamos ainda passando por uns dias turbulentos, mas já estamos voltando a normalidade”, comentou.
Assim como Tosato, Roberto Caurim, também disse que os números de vendas do setor solar, como um todo, ficaram abaixo do esperado, com empresas apresentando dificuldades para atingir as metas estipuladas para o período.
“Fevereiro foi um dos piores meses que já tivemos na história da Bluesun, mas a boa notícia é que estamos chegando na metade de março e já estamos com as nossas metas do mês batidas. Isso, para nós, foi uma surpresa, porque imaginei que isso aconteceria apenas depois do mês de abril”, comentou.
Além disso, o CEO da Bluesun apontou que outros fatores externos à Lei 14.300 também atrapalharam o segmento nesse começo do ano, como a alta taxa de juros (que inviabilizou os financiamentos de projetos) e o rombo ocorrido nas Lojas Americanas, que acabou retirando parte do “apetite” dos bancos no mercado logo após o episódio.
Caurim, contudo, fez questão de tranquilizar o mercado afirmando que no ano passado foi-se criado um “terrorismo” desnecessário com relação a Lei 14.300 e que o setor atingirá grandes resultados em 2023.
“Muita gente antecipou suas compras sem mesmo querer comprar os sistemas fotovoltaicos em novembro e dezembro de 2022. Isso acabou impactando os resultados do setor nos primeiros meses deste ano”, comentou.
Por fim, Juliano Ohta chamou a atenção para o fato que a economia como um todo iniciou 2023 em um cenário de incertezas e que isso não é algo restrito somente ao setor de energia solar. “Quando a economia passa por um período de incertezas tem queda de demanda em geral”, pontoou.
“Devemos ter um ano ruim para a economia. A taxa de juros está alta, o que inibe investimento e consumo. Além disso, temos incertezas sobre políticas e reformas que podem vir e isso traz uma cautela grande”, finalizou.
Assista ao webinário completo:
Uma resposta
Acho que já passou da hora dos distribuidores valorizarem os integradores que estão no mercado a mais de 5 anos como nós e que tem a maioria de seus clientes vindos por indicação. Um selo de qualificação, melhores condições, entre outros. Para os distribuidores é muito cômodo uma grande quantidade de MEI e empresas comprando e a seguir deixando órfãos do solar, como já foi noticiado neste canal. E no futuro como será ?