Benefícios da GD ao setor elétrico podem chegar a R$ 85 bilhões até 2031

Volt Robotics calculou quais os custos e os benefícios da GD com base no PDE 2031 e metodologias internacionais
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Imagem: Electrical Pro

A consultoria Volt Robotics realizou um estudo de mais de um ano para encontrar os Custos e Benefícios da Geração Distribuída para o setor elétrico brasileiro e concluiu que os benefícios superam em muito os custos sobre o sistema.

O estudo levou em conta as premissas do Plano Decenal de Expansão (PDE 2022-2031), elaborado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), e estudos internacionais sobre como calcular os benefícios da GD. A conclusão é que os benefícios sistêmicos da GD podem chegar a R$ 84,94 bilhões até 2031 ou R$ 403,90/MWh. 

Segundo Ewerton Guarnier, diretor Técnico da Volt Robotics, os maiores benefícios estão associados à redução do custo de energia, redução da necessidade de investimentos em novas usinas, redução de encargos de serviços do sistema (ESS) e redução das perdas elétricas.

Fonte: Volt Robotics
Fonte: Volt Robotics

Pela Lei 14.300/2022, a partir de 2029, os usuários de geração distribuída só terão a compensação da energia da parte em que houvesse o benefício da solar.

Ficou estabelecido que o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) estabeleceria, em até seis meses após a publicação da lei, as diretrizes para valoração dos custos e benefícios da GD. Com base nessas diretrizes, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) teria 18 meses para apresentar a metodologia para valoração dos benefícios.

Ocorre que todos esses prazos não foram cumpridos e, à medida que o tempo passa, novos investimentos em geração distribuída podem ficar comprometidos, uma vez que os investidores não sabem quais serão as regras de compensação da energia a partir de 2029.

“Como tem uma janela até 2028, eu acho que não teremos impactos nos investimentos. Mas como a janela está ficando mais próxima, pode ser que no ano que vem ou nos próximos anos isso possa afetar os investimentos”, avalia Guarnier.

O estudo foi encomendado pela ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica). “Esse estudo faz uma conta abrangente dos benefícios e dos custos da geração distribuída. Percebemos um resultado líquido importante, positivo para a sociedade brasileira e que equivaleria, fazendo aqui uma simplificação, à antiga alternativa 1 da consulta pública da ANEEL de 2019″, disse Rodrigo Sauaia, da ABSOLAR.

O estudo concluiu que a GD reduz o custo da geração termelétrica e o risco das exposição às variações de preço de combustível. Caso o Sistema Elétrico Brasileiro não tivesse a GD, o custo termelétrico seria de R$ 159 milhões por mês. Com a participação de 15% da solar distribuída, esse custo cai em 28%, para R$ 113,5 milhões/mês.

Em 2021, no auge da crise hídrica, o custo da seca somou R$ 28 bilhões. Sem a GD, esse custo teria sido 48,6% maior, de R$ 41,6 bilhões.

Outra conclusão é que sem a GD, a expansão da geração centralizada será 12 GW maior dentro do horizonte de 2022 a 2031, passando de 40,4 GW para 52,4 GW.

Por outro lado, com a GD os investimentos em transmissão serão maiores em R$ 558,9 milhões. “Dessa forma, a GD está tendo um impacto negativo, pois por conta da GD a gente terá que expandir mais o sistema de transmissão. Isso é um ponto importante, pois tem custos positivos e negativos. Não foi um estudo enviesado”, explicou Guarnier. “Mas quando a gente soma G&T, a gente vê uma redução de custo de R$ 69,5 bilhões até 2031”, concluiu.

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Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

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