Bombeiros solicitam normas para conter incêndios em sistema FV

Carta pede urgência na criação de normas de segurança que visem diminuir o risco de fogo em usinas
Documento pede urgência na elaboração de normas de segurança que ajudem a diminuir o risco de incêndios em usinas solares

O aumento considerável de ocorrências de incêndios em sistemas fotovoltaicos, principalmente, em telhados de residências e comércios tem chamado à atenção de autoridades brasileiras.

Em fevereiro deste ano, por exemplo, o Canal Solar contou a história de uma fábrica de calçados, em Patos de Minas (MG), que pegou fogo após uma provável instalação equivocada da tecnologia, segundo a Polícia. O fogo atingiu, aproximadamente, 600 dos 2,3 mil m² do empreendimento.

Por motivos como esses, o Corpo de Bombeiros encaminhou nesta semana à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), entidade responsável pela elaboração de normas técnicas no Brasil, uma carta assinada pelo tenente-coronel Alysson Krüger Figueira, presidente do Conaci (Comitê Nacional de Combate a Incêndio), pedindo urgência na elaboração de normas de segurança que ajudem a diminuir o risco de incêndios em usinas solares.

Segundo o documento, a agenda sustentável e o uso de sistemas fotovoltaicos são de fundamental importância e têm trazido evolução para a sociedade, com um crescente número de indivíduos buscando a independência energética por meio da geração de energia própria através de sistemas solares.

“Infelizmente o advento desta importante tecnologia, se não adequadamente projetada e implementada, apresenta risco potencial de provocar e asseverar incêndios, bem como tornar mais perigoso o seu combate”, frisou a carta.

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“Diversas corporações de bombeiros do Brasil têm reportado ocorrências de princípios de incêndios a incêndios de grandes proporções em edificações, associados aos sistemas fotovoltaicos. Em especial, observou-se muitas ocorrências de princípios de incêndios nos circuitos entre os painéis fotovoltaicos e os inversores, que operam em corrente contínua”, completou o documento.

O Conaci destacou ainda que atualmente já existem mais de 600 mil edificações no país com sistemas fotovoltaicos, cujo crescimento continua a aumentar exponencialmente. “Logo, o número de ocorrências como estas deve crescer, e deve-se ser adotada o mais brevemente possível um conjunto de medidas mitigatórias para evitar que estes eventos ocorram”.

Entre as medidas assinaladas e sugeridas estão:

  • Evolução normativa e de regulamentações para exigir a inclusão de dispositivos adicionais de proteção para estes circuitos;
  • O uso de materiais adequados e de procedimentos de comissionamento e inspeção para reduzir o número destes eventos e reduzir os níveis de risco às pessoas, caso estes venham a ocorrer.

Ainda de acordo com a entidade, foi identificado que a maioria das edificações que possuem sistemas fotovoltaicos, a tecnologia nestes sistemas emprega um circuito de corrente contínua que liga os painéis fotovoltaicos ao inversor.

Este circuito normalmente é formado por longos cabos, que saem dos módulos instalados no telhado e adentram na edificação até o inversor – que normalmente fica localizado em local abrigado dentro da edificação, em um lugar distante dos módulos.

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“Nestes casos, este circuito de corrente contínua permanece energizado mesmo após a desenergização do circuito de corrente alternada caso o incêndio ocorra durante o dia. Adicionalmente, durante o incêndio, o fogo pode atingir estes condutores de corrente contínua dos sistemas fotovoltaicos e eliminar a sua camada isolante, o que pode causar curtos-circuitos”.

Preocupação

Neste sentido, a Conaci informou que o que “preocupa é que quase a totalidade dos sistemas fotovoltaicos existentes no Brasil não possuem meios para desenergização dos circuitos de corrente contínua supracitados que possam ser acionados em locais de fácil acesso pelos bombeiros. Logo, a atividade de combate ao incêndio nestas edificações torna-se muito perigosa aos profissionais que estão combatendo o fogo”, destacou o documento.

Por isso, o órgão entende que um conjunto de procedimentos, normas e regulações deve ser implementado para garantir a segurança e reduzir os riscos de fogo e explosões. “A reciclagem e capacitação dos bombeiros militares no combate a incêndio em sistemas geradores de energia com painéis fotovoltaicos é uma das formas de protegermos nossos profissionais”, destaca a corporação.

Outra maneira, deveras mais eficaz, segundo o Conaci, seria a promoção de uma evolução normativa e regulatória, com enfoque prioritário na proteção contra incêndio e na segurança dos profissionais que realizam o seu combate, a exemplo de países desenvolvidos, que já adotaram parâmetros normativos com este enfoque.

“Alguns países já identificaram esses fatores e atualizaram seus critérios normativos, em decorrência dos vários acidentes e mortes que ocorreram em eventos dessa natureza”.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o Departamento de Segurança Interna (do original: Department of Homeland Security) patrocinou vários projetos para identificar e compreender os riscos para os bombeiros responderem a incêndios em edificações revestidas com painéis fotovoltaicos.

Para Leandro Martins, presidente da Ecori Energia Solar, está mais do que na hora de regulamentar a obrigatoriedade dos dispositivos de segurança nos equipamentos de energia solar. “Essa é uma preocupação que vem desde o início da Ecori, na escolha de trabalharmos com microinversores APsytems, com a SolarEdge e mais recentemente com a Huawei. Ao longo desses anos levantamos a bandeira da segurança em diversos fóruns normativos e regulatórios, participando ativamente dos comitês da ABNT, INMETRO, dentre outros”, comentou.

Entenda

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“Nossos engenheiros já treinaram e prestaram esclarecimentos para a cúpula do Corpo e Bombeiros em Brasília e outros batalhões da corporação, ministramos treinamentos, escrevemos artigos e promovemos diversos eventos sobre o tema. É um momento muito importante para todo mercado e especialmente para nós, que trazemos a segurança em nosso DNA. Para a Ecori este é um valor inalienável”, concluiu o executivo.

Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

8 respostas

  1. Acredito que o CAU e CREA que deveriam fiscalizar para que somente fossem instalados por profissionais capacitados. O corpo de bombeiros não tem efetivo pra ficar verificando cada painel solar instalado.

  2. Bom dia a todos como sabemos a geração de energia renováveis hoje é uma necessidade e os investimentos são elevados, porém não devemos esquecer a conduta prevencionista tão como na geração de energia solar como na eólica os sistemas preventivos são escassos ficando muitas vezes com a coberturas dos seguros a que essas estão vinculados, claro que os Corpos de Bombeiros não estão preparados para esse tipo de ocorrência por vários fatores, treinamentos capacitação e conhecimentos dos parques geradores de energia, conhecimento das cargas de incêndio ali existentes sendo assim fica evidente a Preucupação de uma conduta que possibilite a possibilidade em que essas corporação possam ter condições técnicas e matérias para que tenham êxito neste quisito

  3. Infelizmente não existe uma norma onde exige formação técnica e ou superior na área de elétrica para se tornar um instalador de gerador de energia elétrica fotovoltaica! Hoje aqui no Brasil qualquer um pode fazer um cursinho e começar a instalar um gerador de energia elétrica! Mesmo que não seja qualificado, formado na área!!! O que é um absurdo total!

  4. Ao definir com qual tecnologia escolheria para minha empresa no início de sua formação em 2019 entendi através da ECORI, que tem sido uma escola para mim e meus colaboradores, a questão da segurança nas instalações, em especial nas instalações residenciais. A tecnologia de microinversores veio de encontro a essa minha decisão pela segurança, e dessa segurança não abrimos e nem abriremos mão em favor de nossos clientes.
    Eng. Marco Antônio Barros dos Santos
    DayLight Energia Solar
    São José dos Campos SP

  5. En la mayoría de países ya existen Normas, Reglamentos Técnicos y Directrices, que dan lineamientos acerca del buen desarrollo de Sistemas Fotovoltaicos con PANEL SOLAR; pero en muchos casos esto no se tiene en cuenta y se la pasan por la faja.
    Cada País tiene la obligación de contar con un Reglamento Técnico de Instalaciones Eléctricas RETIE, cuya finalidad es garantizar que cualquier instalación cumple con los más altos niveles de Calidad y Aseguramiento Eléctrico.
    De manera particular en Colombia se destacan la Norma NTC 2050 que es el mismo Código Eléctrico Colombiano, la NTC 4552 sobre Protección de Estructuras contra el RAYO, el RETIE Reglamento Técnico de Instalaciones Eléctricas y todos los Profesionales sin ninguna excepción: Ingenieros, Tecnólogos, Técnicos, deben contar con su correspondiente Tarjeta Profesional y cumplir con el Código de Ética establecido para cada Profesión.
    De que depende de la responsabilidad que se asuma a la hora de Desarrollo este tipo de Proyectos

  6. Bom dia.
    Sou técnico em eletrotécnica, há alguns meses atrás já havia comentado em Off com colegas sobre esses “detalhes”, pois o profissional que atua na área não tem como desligar o sistema antes dos inversores, ficando exposto, vulnerável, pois os painéis mesmo sem estarem ligados aos inversores já tem geração, ou seja, já levam para dentro do imóvel tensões elevadas e qualquer descuido poderá colocar não só o sistema em risco como o próprio património à perder.
    Ocorre que existem hoje muitos cursos direcionados a essa prática onde estão inseridos no mercado pessoas que não são da área, somente com o intuito de ganhar dinheiro.
    O engenheiro elétrico faz o projeto, menciona as marcas dos equipamentos a serem instalados e na maioria das vezes quem executa não obedece e vai atrás somente de preços, esquecendo da qualidade e segurança.
    Tenho um ponto de vista em relação a diminuir esses tipos de acidentes, que será de instalar um pequeno cubículo para abrigar os equipamentos com acesso rápido ao locar, ou ter dispositivos a ser acionados a distância, em caso de emergência.
    Também o sistema de uso de micro inversores possa solucionar grande parte dos acidentes, uma vez que atuaram diretamente fora da edificação, nos próprios painéis.

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