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Brasil bate recorde de importação de módulos fotovoltaicos, revela Greener 

Estudo estratégico apresentado pela companhia em São Paulo mostra que 10,7 GW foram nacionalizados em 2024
Brasil bate recorde de importação de módulos fotovoltaicos, revela Greener
Márcio Takata, CEO da Greener, apresenta números do estudo da companhia. Foto: Canal Solar

O Brasil bateu o recorde semestral de importação de módulos fotovoltaicos, com 10,7 GW no primeiro semestre de 2024, um aumento de 30% em comparação com o mesmo período do ano passado. 

Deste montante, aproximadamente 70% (7,5 GW) foram destinados ao mercado de GD (geração distribuída) e 30% (3,2 GW) para as usinas de geração centralizada. 

Os números fazem parte de um novo estudo estratégico da Greener e que foi divulgado, em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (26). 

O levantamento também identificou que 99 empresas forneceram módulos fotovoltaicos ao mercado brasileiro entre janeiro e junho, com Jinko, JA Solar e Trina sendo as marcas que mais comercializam o equipamento, respectivamente. 

Muitos desses módulos acabaram sendo utilizados em projetos voltados para a classe residencial, que voltou a crescer em 2024 em razão de fatores como preços mais baixos dos equipamentos, queda na taxa de juros e retomada gradual do interesse do consumidor. 

Importação de módulos fotovoltaicos por trimestre no Brasil. Fonte: Greener

Em relação ao preço final, o estudo identificou que os sistemas solares residenciais e comerciais de pequeno porte registraram uma queda de 6% na microgeração e de 15% na mineração em projetos acima de 150 kWp.

A diminuição no valor dos módulos fotovoltaicos foi um dos principais fatores que contribuíram para essa redução.

Segundo o estudo, um sistema de energia solar residencial de 4 kWp custa hoje em média R$ 11,7 mil, quase quatro vezes menos que em 2017, quando o valor médio para aquisição da tecnologia beirava os R$ 40 mil.  

A queda do preço dos sistemas fotovoltaicos, de quebra, ainda melhorou o payback (tempo de retorno do investimento) dos sistemas fotovoltaicos no Brasil em 2024, com uma redução de 10% para as instalações locais residenciais entre janeiro e junho. 

Ao Canal Solar, Márcio Takata, CEO da Greener, projetou que o país deve ter um segundo semestre também de ótimos números para o setor, sobretudo de mineração.

Nossa expectativa é que o mercado acelere no segundo semestre em função de um payback mais atrativo e de uma manutenção importante do volume de financiamentos para o consumidor final”, destacou ele. 

Pesquisa com integradores

A pesquisa da Greener também ouviu empresas integradoras para obter dados mais qualificados sobre a atuação das empresas no mercado. Ao todo, foram 3.055 respostas de todas as regiões do país entre os dias 1 a 31 de julho de 2024. 

A pesquisa identificou que a maior parte das companhias (39%) já atua no mercado há pelo menos cinco anos e que apenas 7% iniciaram as atividades no setor solar em 2024. 

As regiões com maior número de integrantes são o Sudeste e o Nordeste, com 35% e 28% das empresas do setor, conforme ilustra a imagem abaixo: 

Distribuição de integradores por região no Brasil. Fonte: Greener

Em relação ao perfil das empresas, o estudo identificou que a maioria das empresas conta com uma média de nove funcionários, com 65% das companhias possuindo entre um e cinco colaboradores. Além disso, apenas 4,4% das empresas participantes da pesquisa em 2024 fazem parte de uma franquia.

Na média, os integradores brasileiros realizaram uma média mensal de 37 orçamentos realizados no primeiro semestre, contra 32 do mesmo período do ano passado.

A taxa média de conversão em vendas foi de 14,9% – o dobro da taxa de conversão registrada no primeiro semestre de 2023, apontando maior eficiência na conversão das vendas.

Ainda em relação às vendas, 94,7% dos integradores entrevistados disseram que conseguiram realizar pelo menos uma venda durante o primeiro semestre de 2024, o maior valor registrado pela pesquisa desde 2021. 

Os portes de 4 a 8 kWp continuam sendo os mais vendidos pelos integradores, apesar de uma diminuição percentual. Contudo, sistemas maiores de 8 a 30 kWp vêm ganhando mais relevância nas vendas dos integradores

A queda no preço dos sistemas FV ao longo dos últimos anos pode ter sido um fator para o aumento dessas vendas de maior porte, tornando-os mais acessíveis, segundo avaliação da Greener. 

O estudo da Greener apontou ainda que 51% das vendas realizadas pelos integradores brasileiros contaram com algum tipo de financiamento, um percentual abaixo de 2023 (53%) e consideravelmente acima de 2022 (30%). 

“A redução das taxas de juros indica melhores condições ao uso do crédito. Outro fator que influencia diretamente o percentual de vendas com financiamento é a confiança do banco na qualidade do serviço oferecido pelo integrador”, destaca a Greener. 

Outro ponto interessante do estudo mostra que os integradores que venderam até 10 sistemas em 2024 apresentaram um percentual de 32% de vendas financiadas, enquanto integradores que venderam acima de 100 sistemas declararam que 54% foram através de financiamentos.

A Greener identificou que as empresas que vendem mais costumam procurar no mercado condições mais vantajosas para seus clientes, não ficando presa a apenas um tipo de condição de financiamento por muito tempo. 

As instituições financeiras que mais concederam créditos para os consumidores instalarem sistemas fotovoltaicos foram o Banco BV, o Santander e o Banco do Brasil, conforme mostra a imagem abaixo.

Bancos que mais realizaram financiamentos no primeiro semestre. Fonte: Greener

Outro ponto do estudo revela que 78% dos integradores compraram kits solares com até três distribuidores diferentes durante o primeiro semestre de 2024. Em alguns casos, há empresas que possuem acordos com mais de sete distribuidoras pelo país. 

Inversão de fluxo

Em relação à inversão de fluxo, o estudo da Greener identificou que 16% dos integradores tiveram orçamentos negados pela distribuidora de energia elétrica no primeiro semestre de 2024. Em 2023, o percentual era de 20%.

Minas Gerais continua sendo o estado com o maior número de casos de inversão de fluxo no Brasil. No 1º semestre de 2024, o percentual registrado foi de 76%, um aumento quando comparado aos 63% do ano de 2023.

Daqueles que relataram inversão de fluxo em 2024, a média nacional foi de 13 alegações, enquanto em Minas Gerais essa média foi de 19. 

Ao todo, 24% dos casos de inversão de fluxo relatados pelos integradores foram resolvidos nos primeiros seis meses do ano. Trata-se de uma redução significativa em relação aos 44% verificados no ano de 2023.

Impactos causados pela inversão de fluxo aos integradores. Fonte: Greener

Adesão às novas tecnologias 

O estudo também buscou saber como os integradores estão se portando em relação às novas oportunidades de mercado que estão surgindo no país. 

Em relação aos sistemas híbridos, 17% do total de integradores disseram que realizaram pelo menos uma venda durante o primeiro semestre de 2024, apresentando crescimento em relação aos 12% observados em 2023.

Dos integradores que venderam sistemas híbridos, cerca de 93% venderam até cinco sistemas, percentual semelhante aos 95% de 2023. O Estado de São Paulo sozinho foi responsável por vender 25% de todos os sistemas híbridos em 2024. 

O motivo que explica isso foram os vários apagões que ocorreram nas cidades paulistas entre o final de 2023 e o começo de 2024, fazendo com que os consumidores buscassem soluções para não ficarem mais sem energia em momento de falha na rede elétrica. 

Além disso, cerca de 17,6% dos integradores revelaram que venderam pelo menos um carregador elétrico em 2024, comparado com 11% observado em 2023.

“Com a crescente na demanda por carros elétricos, trabalhar com opções de carregadores pode garantir um diferencial competitivo às empresas”, destaca a Greener. 

Já em relação ao Mercado Livre de Energia, cerca de 17% das empresas disseram que possuem atuação neste ambiente de contratação, frente aos 11% observados em 2023.

“Representar as comercializadoras varejistas para captação de consumidores livres segue sendo o foco do integrador que atua neste mercado em 2024. A abertura do mercado de energia tende a ser uma realidade para todos os consumidores, inclusive os de baixa tensão. Estar capacitado neste ambiente pode agregar ao modelo de negócio da empresa”, destaca a Greener.

Por fim, o estudo apontou ainda que 83% dos integradores receberam clientes órfãos em 2024, indicando que há consumidores que não estão recebendo suporte e assistência das empresas que instalaram seus sistemas fotovoltaicos.  

Ao todo, 51% dos integradores receberam até cinco clientes órfãos durante o 1º semestre, enquanto que 18% receberam de seis a dez e 12% receberam mais de dez. 

Os serviços mais procurados pelos “órfãos da solar” são manutenção e ampliação do sistema instalado, conforme ilustra a imagem abaixo. 

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Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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