O Brasil retomou o processo de adesão à IRENA (Agência Internacional de Energias Renováveis) durante evento da entidade em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no último sábado (11).
A medida é vista pelo MME (Ministério de Minas e Energia) como um avanço significativo nas políticas energéticas brasileiras, alinhando o país aos principais esforços internacionais para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.
O processo havia sido interrompido no governo anterior. A medida reafirma o compromisso do Brasil com a transição energética e o fortalecimento da cooperação internacional em energias renováveis.
Com a adesão, é esperado que o Brasil tenha maior influência nas discussões globais sobre energias renováveis e maior contribuição para o desenvolvimento de novas tecnologias e práticas sustentáveis no setor energético.
Coalizão Global para Planejamento da Transição e Segurança Energética
Além da formalização de adesão à IRENA, durante seu encontro com o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera, o ministro Alexandre Durante entregou uma carta formal convidando a entidade para secretariar a Coalizão Global para Planejamento da Transição e Segurança Energética.
A coalizão é um desdobramento direto das discussões realizadas durante a presidência brasileira do G20 em 2024, com o objetivo de promover soluções colaborativas para planejar de forma integrada e sustentável a transição energética global, garantindo a segurança energética e o acesso universal a fontes de energia limpas e renováveis.
A Coalizão será oficialmente lançada no Rio de Janeiro, em junho, e visa criar um espaço para o diálogo e a ação conjunta entre países, empresas e organizações não governamentais.
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Uma resposta
A adesão do Brasil à IRENA (Agência Internacional de Energias Renováveis) pode ser vista como um avanço na agenda de transição energética, mas essa postura entra em contradição com diversas políticas internas. O aumento de impostos sobre a importação de módulos solares, por exemplo, resulta em custos mais elevados para a adoção de energias renováveis, afetando diretamente o desenvolvimento da solar no país. Esse tipo de medida vai contra o discurso de incentivo à transição energética, pois torna as tecnologias limpas mais caras e menos acessíveis.
Além disso, a intervenção do governo no mercado de energia, especialmente no Ambiente de Contratação Livre (ACL), para beneficiar especuladores financeiros, gera distorções e insegurança, prejudicando a competitividade e a atração de investimentos no setor. Ao invés de criar um mercado mais eficiente e transparente, essa postura contribui para a especulação, afastando o país dos objetivos de sustentabilidade.
Outro ponto crucial é a falta de integração entre as agências reguladoras, como a ANEEL, CCEE, ANA, INMET e a ONS, o que impede uma gestão mais eficiente e coordenada do setor elétrico. A ausência de uma regulamentação harmonizada dificulta a implementação de políticas de transição energética, tornando o ambiente regulatório ainda mais complexo.
Portanto, embora a adesão à IRENA seja um movimento positivo em termos de imagem internacional, o Brasil precisa alinhar suas políticas internas com os compromissos assumidos, garantindo uma transição energética eficaz e sem contradições. Caso contrário, o país poderá se ver preso em um ciclo de discursos vazios sem impacto real.