Carga do SIN deverá ter crescimento de 20% para o ano de 2025

Para atingir este cenário é preciso uma transição energética renovável, diz especialista

Segundo relatório divulgado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a carga do SIN (Sistema Interligado Nacional) deverá crescer 20% para o ano de 2025 quando comparado à máxima carga verificada em 2019, variando entre a máxima de 26% para a região Norte e a mínima de 18% para as regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Analisando esta previsão, Bernardo Marangon, especialista em mercados de energia elétrica e diretor da Exata Energia, disse que para conseguir atingir tal cenário é preciso uma transição energética, aliada a inserção de novas tecnologias e da mobilidade elétrica.

“O investimento em geração de energia terá um papel fundamental para que seja possível esta transição. Tenho certeza que as renováveis serão protagonistas neste processo, por isso o tema de armazenamento ganhará mais força nos próximos anos”, destacou Marangon.

O especialista ressaltou ainda que a carga do SIN teve um papel relevante neste período de pandemia da Covid-19 e influenciou de forma relevante o preço da energia.

Plano do ONS

O Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN na versão 2021 a 2025 do ONS mostra que a estimativa dos investimentos necessários para atender a demanda no Brasil é da aproximadamente R$ 12,8 bilhões.

O conjunto de obras neste ciclo indica a construção de cerca de 3 mil km de novas linhas de transmissão e 22.275 MVA de acréscimo na capacidade de transformação em subestações novas e existentes.

Além disso, aproximadamente R$ 6,8 bilhões em aportes serão objeto do próximo leilão de transmissão n.º 01/2020, previsto para ocorrer em dezembro de 2020.

“Quando há essas projeções que mostram a necessidade de crescimento, o impacto no setor solar é muito positivo. Pois, justamente, demonstra a necessidade da realização de leilões regulados e a necessidade da expansão da matriz fotovoltaica, seja em projetos de GD (geração distribuída) ou em projetos de autoprodução de energia”, disse Pedro Dante, advogado especialista da área de Energia do Demarest.

De acordo com Dante, é importante destacar também que finalmente o setor está tendo uma financiabilidade desses projetos no ACL (Ambiente de Contratação Livre), com muito mais eficácia do que no passado.

“Isso mostra que os bancos entram com essa sistemática. E quando você tem aumento de demanda, tarifas mais caras e financiamento desses projetos solares, realmente a tendência é que haja um aquecimento no mercado muito forte para os próximos anos. Todas as empresas estão procurando, ainda mais agora por conta da pandemia, reduzir os custos. E os empreendimentos solares tem essa característica de proporcionar, além de sustentabilidade, redução de gastos”, completou.

Medidas do ONS

Para os dois primeiros anos do ciclo, 2021-2022, o documento do ONS indica soluções e/ou medidas operativas, tais como: a necessidade de SEPs (instalação de Sistemas Especiais de Proteção), alterações na configuração da rede ou o despacho de geração térmica por restrições elétricas.

Já para os demais anos, ou seja, entre 2023 e 2025, a edição traz uma análise voltada à adequação do cronograma de obras e identifica quais empreendimentos que, já determinados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), devem sofrer alteração da data de necessidade ou até mesmo uma recomendação para a EPE definir uma nova solução estrutural.

Até 2025, o estado de São Paulo é o que deverá receber o maior volume de investimentos, atingindo cerca de R$ 3,5 bilhões, seguido pelos estados da Bahia e do Rio Grande do Sul, cujos aportes previstos são de R$ 2,5 bilhões e R$ 1,8 bilhões, respectivamente. A soma dos três representam mais de 60% de todo o investimento previsto no PAR/PEL.

Imagem de Mateus Badra
Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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