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Inversores híbridos e armazenamento de energia devem ganhar espaço no setor solar

Players estão otimistas com a possibilidade de crescimento do mercado em 2024
Energia solar Canal Solar Inversores híbridos e armazenamento de energia devem ganhar espaço no setor solar
Foto: Freepik

O Canal Solar conversou com fabricante de equipamento, gerador e integrador para saber quais são as perspectivas para o mercado fotovoltaico em 2024 no Brasil.

Não só a expectativa de crescimento da economia, redução das taxas de juros e a expansão do Mercado Livre foram apontadas pelos players, como também a consolidação de sistemas de armazenamento de energia e inversores híbridos.

A maioria dos entrevistados demonstraram otimismo quanto ao desempenho do setor solar neste ano, depois de um 2023 desafiador do ponto de vista da restrita oferta de crédito, queda no volume de vendas no primeiro semestre e entraves com as distribuidoras por conta da inversão de fluxo.

Veja o que disse o diretor de Relações Institucionais da Genyx, Bruno Catta Preta: “Estamos bastante otimistas em relação ao crescimento para o ano de 2024, que será impulsionado por diversos elementos, como o aumento da conscientização da população sobre as mudanças climáticas. A redução das taxas de financiamento também contribuirá, especialmente devido à tendência de queda da SELIC, que atingiu o menor nível em novembro desde maio de 2022 e a abertura do mercado livre de energia para consumidores com demanda acima de 2,3 kV”.

Para Daniel Maia, CEO da Athon Energia, o PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 2,5%, a taxa básica de juros (Selic) deve chegar em 9-10% a.a. ao final do ano, e a inflação deve se estabilizar em torno de 5%. Atualmente a SELIC está em 12,25%

Por outro lado, o integrador Rafael Cardoso, proprietário da Cardoso Soluções Energéticas, está extremamente preocupado com o problema de inversão de fluxo em Minas Gerais.

“Minhas expectativas para 2024 eram as melhores possíveis quando a Cemig disse que ia voltar a liberar o parecer de acesso, mas só nesta semana já tive cinco projetos barrados por conta da inversão de fluxo. Ou seja, já demiti 43 funcionários e provavelmente vou demitir uns 5 a 10 ainda no começo de fevereiro”, lamentou.

Avanços de novas tecnologias em 2024

Do ponto de vista tecnológico, os entrevistados foram praticamente unânimes ao apostar no crescimento dos mercados de armazenamento de energia e inversores híbridos.

“Acreditamos que ano após ano o mercado de armazenamento de energia vai ganhando tração. Em paralelo, as baterias para o armazenamento de energia requerem um bom inversor híbrido como parte do conjunto. Acreditamos e estamos apostando nesse mercado (híbridos + baterias), que na nossa visão podem se tornar tendência de 2024 em diante”, declarou Alysson Camilo, head de Distribuição de Vendas e Projetos Especiais da SMA Solar.

Para Catta Preta, alguns fatores justificam esse otimismo em relação às tecnologias de armazenamento, que já é uma realidade em lugares onde a energia solar é usada em larga escala há mais tempo, como Europa, EUA, Austrália e Japão.

“Alguns dos fatores do mercado brasileiro que contribuem para um crescimento na procura por kits “on/off grid” são a Lei 14.300, que traz os custos para uso do Fio B, os recentes apagões país afora e também os problemas relacionados à inversão de fluxo, que começam a se espalhar entre as concessionárias de energia, limitando o acesso e injeção de energia na rede”, detalhou o diretor.

A Athon, que atua na GD Remota, tem planos para realizar neste ano o primeiro projeto com a tecnologia BESS (sigla em inglês, para Battery Energy Storage System), o que permitirá à empresa despachar a energia em horários específicos.

“Estamos seguros de que esse tipo de solução pode ser extremamente oportuna para melhorar a qualidade da energia em diversas regiões e em horários de pico, inclusive por isso somos grandes defensores da adoção de modelos como Tarifa Horária e Tarifa Locacional”, disse Maia.

Para os especialistas, o mercado de energia solar deve apresentar oportunidades de crescimento devido aos incentivos ainda vigentes às fontes renováveis, tanto em geração centralizada como em geração distribuída. Isso porque o custo de implantação das usinas tem caído significativamente.

“Ao mesmo tempo, o custo de sistemas de bateria e armazenamento no mundo tem caído muito, cerca de 40% nos últimos 12 meses, de acordo com fabricantes chineses que temos cotado. Apesar do Brasil ainda engatinhar nessa frente, estamos seguros de que o caminho tomado pelo Brasil na direção da energia limpa e, consequentemente, de fontes intermitentes de menor impacto ambiental, vai exigir grande investimento em soluções complementares para resiliência do sistema elétrico brasileiro”, pontuou o CEO da Athon.

Quais oportunidades e obstáculos podem surgir no mercado em 2024?

Catta Pretta, diretor da Genyx, disse que vê como oportunidade a abertura do Mercado Livre de Energia para todos os pequenos e médios consumidores conectados em média e alta tensão (Grupo A), pois esse movimento pode levar a um aumento da demanda por energia solar.

Além disso, a necessidade de descarbonização mundial e o avanço do hidrogênio verde também são fatores que podem contribuir para esse crescimento de mercado.

“Mas além das oportunidades, podemos ainda encontrar alguns obstáculos pelo caminho, assim como tem acontecido por meio de alguns entraves estabelecidos pelas concessionárias, que impossibilitaram a conexão de alguns projetos. A exemplo disso, tivemos as negativas em pareceres de acesso alegando inversão de fluxo”, lembrou o executivo.

Segundo o head de vendas da SMA Solar, é importante também ficar atento ao comportamento das taxas de juros, pois se elas não caírem, isso pode representar um obstáculo em 2024.

Planos estratégicos para 2024

Alysson Camilo disse que a SMA pretende seguir com a sua estratégia de trabalhar com produtos premium, ainda que o mercado seja regido por preços baixos em detrimento da qualidade dos equipamentos.

A empresa pretende fazer eventos fechados para mostrar as qualidades e importância de usar um produto premium nos projetos. “Como trabalhamos com produtos premium, temos que cada vez mais alcançar clientes que buscam e se importam mais com qualidade, robustez e maior segurança.”

A Athon Energia disse que finalizou o ano passado com 110 MWp de capacidade instalada, com presença nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A previsão é dobrar a potência instalada, alcançando 250 MWp.

A estratégia da Athon é investir na expansão orgânica e por meio de aquisições de novas usinas operacionais. A companhia anunciou nos primeiros dias deste ano a compra de 13 usinas da Raízen e da RGD Solar, que juntas somam a potência de 50,44 MWp. Com isso, a empresa já alcança a marca de 160 MWp.

“Nosso foco foi sempre em oferecer para clientes comerciais de grande porte soluções inteligentes, ecológicas e econômicas. Sempre firmamos contratos de longo prazo, mais de 10 anos, e em 2023 ficamos felizes em continuar crescendo o número de clientes e, principalmente, expandindo junto a eles que estão conosco desde a nossa fundação”, disse Maia. “No total, devemos terminar 2024 tendo acumulado investimentos em ativos de energia limpa de mais de R$1 bilhão”, completou.

A Genyx aposta no Mercado Livre de Energia e planeja apresentar novos produtos e soluções para fortalecer o seu portfólio.


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Wagner Freire
Wagner Freire é jornalista graduado pela FMU. Atuou como repórter no Jornal da Energia, Canal Energia e Agência Estado. Cobre o setor elétrico desde 2011. Possui experiência na cobertura de eventos, como leilões de energia, convenções, palestras, feiras, congressos e seminários.

Uma resposta

  1. Na realidade não estão visualizando que a partir de 2024 com o preço dos inversores híbridos pouco acima dos on grid, deveriam vender somente o híbrido pra já deixar engatilhada a venda do BESS, o qual será a tendência para a segurança energética, da qual todos necessitam, mesmo que apenas parcela conseguira adquirir, mas baterias de LFP e sódio devem chegar pra amenizar o preço, evitando assim o retrofit desnecessário daqui 2 a 3 anos…..
    É que no Brasil realmente sempre estamos 8 a 12 anos atrasados, só ver a ReN 482 é de 2012 e não estamos nem perto dos 200 GW instalados, que deveria ser atingido antes da 14.300 (no meu ponto de vista).
    faltou divulgação correta ? faltou incentivos ?, Na verdade uma mescla associado a muita grana (trilhões mensais em faturas) que queira ou não mexe no bolso dos arrecadadores de impostos e componentes tarifários…….

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