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Como fazer a manutenção de um inversor fotovoltaico?

O Canal Solar conversou com alguns fabricantes do setor para sanar as principais dúvidas sobre o assunto
11 minuto(s) de leitura
05-10-22-canal-solar-Como fazer a manutenção de um inversor fotovoltaico
Inversor é um indispensável no sistema de energia solar. Foto: Freepik

O inversor é o componente central de um sistema fotovoltaico, cuja função é converter a eletricidade produzida pelos módulos fotovoltaicos de corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA).

Por assumir a função da conversão de energia, o equipamento irá gerar calor durante a operação. Neste cenário, a qualidade dos componentes principais é muito importante para manter a usina em pleno funcionamento sem ter seu rendimento prejudicado.

E, como qualquer produto, o inversor está sujeito a falhas. Diante disso, o Canal Solar conversou com alguns fabricantes do mercado fotovoltaico para sanar as principais dúvidas dos profissionais no que se refere aos processos para realizar a manutenção do inversor. Confira:

Como os inversores são consertados? A placa é trocada ou reparada?

A fabricante Fronius do Brasil, por exemplo, possui um time de suporte local que resolve grande parte da demanda recebida de forma remota.

Segundo Thyago Ferreira, gerente de Customer Service da Fronius, para as demandas mais complexas, existe a opção de enviar o equipamento para o centro de reparos, em São Bernardo do Campo (SP), ou acionar uma das 40 assistências técnicas autorizadas. “Cabe ressaltar que em nosso processo de reparo a placa danificada é trocada”, explicou.

Já a PHB Solar informou que sempre tenta auxiliar para que se resolva o problema in-loco (no próprio local), com simples alterações de parâmetros ou até algumas medições de tensão e corrente.

“Investigamos a possibilidade de atualizações de firmware do inversor. E se não solucionado partimos para o RMA (Autorização de Retorno de Mercadoria). Todo o processo é feito em São Paulo (SP)”, disse Ivan Sarturi, que integra a equipe de engenharia e suporte da PHB.

“Primeiro, investigamos a extensão do dano. Caso identifiquemos que há possibilidade da troca de componentes, como fusíveis, DPS, relés, capacitores, displays, conectores, diodos, fotoacoplador, ventoinha, resistor e IGBTs, trocaremos e daremos seguimento aos testes para identificar se o equipamento continua em boa qualidade de operação, tanto do ponto de vista da performance quanto da segurança de operação”, explicou.

De acordo com ele, caso o dano tenha comprometido o produto, será feita a troca por um mesmo modelo ou equivalente.

Pedro Almeida, engenheiro eletricista da Solis, também discorreu sobre o assunto e destacou que a empresa possui um centro de serviços no Brasil, localizado em Campinas (SP).

“O centro está equipado com produtos convencionais, peças de reposição e equipamentos de teste. Também há engenheiros qualificados nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-oeste”, enfatizou.

“A equipe da Solis Brasil está disponível sete dias por semana, com engenheiros de plantão nos finais de semana. Quando os clientes precisarem de ajuda, basta entrar em contato com nossa equipe de pré-vendas e pós-vendas pelo whats-app para obter ajuda profissional”, apontou Almeida.

“Como a Solis tem um baixo índice de falhas, para garantir uma resposta rápida aos problemas de pós-venda durante o uso do inversor, uma vez que ocorra um problema de qualidade, fornecemos aos clientes serviços de substituição gratuita no Brasil o mais rápido possível”, frisou.

Além disso, comentou que o centro de atendimento pós-venda em Campinas também pode fornecer serviços de reparo para situações fora da garantia. “Em todos os casos o cliente final não possui custos para acionar a garantia do inversor”, concluiu.

Questionada, a Renovigi afirmou que presta atendimento a todo credenciado e cliente final que procura seus serviços através de seus diversos meios de atendimento (whatsapp, telefone, atendimento via site e e-mails).

“Podemos auxiliar em questões de suporte técnico, dúvidas sobre equipamento e instalação, problemas de equipamentos e, até mesmo, esclarecimentos sobre o setor fotovoltaico”, disse Vanderleia Ferraz, gerente de suporte técnico e garantia da Renovigi.

“Dentro do setor de suporte técnico, há o setor de laboratório, que realiza reparo em produtos, sempre que possível fazê-lo, para casos de ‘fora garantia’, ou seja, aqueles cujo problema não se enquadra em garantia (derretimento por má conexão ou surto externo, por exemplo) e também para aqueles que já excederam o prazo”, explicou.

A primeira ação, segundo ela, é sempre realizar uma varredura completa, a fim de identificar o problema e quais as correções necessárias. Para esta análise, muitas vezes são requeridas informações do projeto, análise de componentes, soldas, conexões e testes. Após a análise, o conserto é realizado, sempre com a troca de peças, limpeza e testes finais.

“A partir da análise, se constatado que o problema está em nível de placa, é necessário a substituição dela, não sendo possível reparo de placa, a fim de garantir a qualidade”, relatou Vanderleia.

O inversor precisa ser levado para o laboratório? Quem paga o custo do envio? Quanto tempo demora?

Segundo Thyago Ferreira, caso seja necessário o envio de um equipamento para o centro de reparos Fronius, o cliente fica responsável por entregar o inversor, e caso seja constatado o defeito de fabricação, a fabricante realiza o reparo, e o retorno do produto para o usuário.

“Após o recebimento do equipamento para análise, nosso prazo médio até a saída do equipamento é de 10 dias. Lembrando que o cliente tem a opção de acionar uma assistência técnica autorizada, em caso de disponibilidade num raio de 150 km”, explicou.

No caso da PHB, Ivan Sarturi disse que a investigação in-loco do cliente é essencial justamente para evitar que o equipamento fique sem gerar por um tempo e também evitar gastos desnecessários.

“Sempre que for identificado que as extensões dos danos requerem troca de componentes de placa, deverá sim ser levado ao laboratório da PHB. Até mesmo para que se repitam os testes de funcionamento antes e após o reparo do equipamento”, pontuou.

“O custo do envio depende de onde o erro foi originado. Se foi um erro de instalação, o reparo ainda poderá ser feito, porém o valor do reparo e do envio fica a cargo do cliente. Se houve falha do equipamento, todo o custeio é feito pela PHB”, frisou Sarturi.

Em relação ao tempo para finalização do processo de reparo e entrega, ele comentou que depende principalmente da região do cliente ou da própria transportadora, uma vez que o reparo em si normalmente leva entre 15 horas a até três dias úteis.

“O tempo de transporte, que é o principal fator de demora, pode levar entre 24 horas para São Paulo capital até 18 dias, por exemplo, em casos extremos”, disse.

Já a Solis afirmou não ser necessário levar o equipamento para laboratório. A análise de falha é realizada de forma remota ou através de visitas em campo da equipe de pós-vendas.

“Nossos engenheiros podem diagnosticar remotamente o inversor por meio do sistema de monitoramento. Em casos mais complexos, os engenheiros localizados nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste podem visitar rapidamente o local do projeto ou trazer o produto de volta a Campinas para novos testes”, enfatizou.

“No geral, nossa filosofia principal é responder rapidamente, por isso fornecemos aos clientes máquinas de substituição o mais rápido possível, gratuitamente. Caso seja necessário acionar a garantia e o equipamento trocado, os custos são de responsabilidade do distribuidor e da Solis”, relatou Almeida.

De acordo com ele, o tempo médio entre acionamento da garantia e troca do equipamento é entre uma e duas semanas. “A garantia é aprovada no mesmo dia em que o cliente realiza e envia os testes solicitados pela Solis, restando apenas o tempo de logística para entrega ao cliente final”.

“Casos fora da garantia e danificados por erros de projeto, instalação ou operação são analisados individualmente. Em geral é possível fornecer peças para reparo e retorno de operação desses equipamentos”, pontuou.

Referente a Renovigi, Vanderleia afirmou que o equipamento precisa ser levado para o laboratório, com o intuito de garantir a segurança do usuário e manter a qualidade da manutenção.

“O manuseio na parte interna do equipamento é permitido apenas ao pessoal autorizado. Se houver abertura do inversor em campo, seja por qualquer razão, impõe-se a perda de garantia para aquele produto”, comentou.

Nos casos em que o equipamento apresenta defeito que não é coberto pela garantia ou em que excedeu o seu prazo, o custo de envio, frete e mão de obra fica a cargo do cliente.

“Para avaliação e conserto, entre 5 a 15 dias, a depender da magnitude do conserto que precisa ser realizado. Além disso, há o prazo de transporte, que depende da região e da transportadora”, finalizou.

Como é um laboratório de reparo? Os laboratórios estão equipados para garantir a qualidade do serviço?

Centro de reparos da Fronius. Foto: Reprodução
Centro de reparos da Fronius. Foto: Reprodução

O gerente de customer service da Fronius disse que o centro de reparos da companhia é preparado para simular as condições mais extremas de funcionamento e aplicação dos produtos, proporcionando o retorno do equipamento nas mesmas condições de fornecimento da fábrica.

Referente a PHB, o engenheiro da empresa frisou que o laboratório dispõe de componentes para testes como simulador fotovoltaico, fonte bidirecional CA, osciloscópio e fontes CC.

“Nossa assistência conta com 20 colaboradores, que trabalham reparando os equipamentos, sem contar toda a logística e suporte que envolvem mais pessoas. São cerca de 100 inversores reparados mensalmente e em média”, exemplificou.

Na Solis, Pedro Almeida enfatizou que a equipe e estrutura são qualificadas para realizar reparos nos inversores, como troca de placas de potência, comunicação, conectores etc.

“Devido à baixa taxa de falhas dos inversores Solis, é dada preferência a troca do equipamento em garantia. Assim é possível agilizar o processo de garantia, reduzir os custos e minimizar o tempo de indisponibilidade do cliente”, discorreu o especialista.

No caso da Renovigi, o laboratório de reparo conta com bancadas para ensaios e testes eletrônicos e material para reparo, como fontes, osciloscópios, transformadores, multímetros, componentes eletrônicos, ferramentas de manuseio.

“Os laboratórios da Renovigi contam com uma equipe de técnicos especializados e com equipamentos necessários para garantir a qualidade da prestação do serviço”, destacou a gerente de suporte técnico e garantia.

Os inversores passam por testes após o reparo?

Ferreira explicou que na Fronius, após cada operação de reparo, os inversores são atualizados, e neste processo são simuladas todas as condições de uso do equipamento, além dos devidos testes de segurança.

Sarturi compartilha da mesma premissa, dizendo que sempre após fazer o reparo, a PHB executa testes para garantir o perfeito funcionamento. Na troca do equipamento, o inversor também é testado normalmente.

A Solis também não fica de fora. “Todos os inversores são testados após reparos para manter a qualidade e eficiência do produto. Para isso, são seguidos os regulamentos internos, normas internacionais e nacionais, além das boas práticas de engenharia para testar e tornar a solução funcional novamente”, destacou Almeida.

“Na Renovigi prezamos sempre por manter a qualidade do nosso equipamento, por isso, todo e qualquer reparo, por mais simples que seja, requer testes após sua realização para certificar a qualidade”, esclareceu Vanderleia Ferraz.

“Todo equipamento da Renovigi tem garantia direta com a Renovigi. Ou seja, se o produto com defeito estiver dentro do seu prazo de garantia e apresentar um problema condizente com defeito de fabricação, nós garantimos a troca para o mesmo modelo ou equivalente”, explicitou.

“É importante lembrar que, para os casos que não se enquadram em garantia ou fora do prazo, a realização do serviço de reparo pode ser oferecida”, pontuou.

Portanto, para os fabricantes que não oferecem este tipo de serviço, o cliente realmente fica desassistido e precisará procurar eletrônicas em geral para o conserto.

“Por isso, é importante, na hora de comprar um equipamento que precisa ter vida útil longa, considerar que as empresas precisam ser sólidas pelo período de vida útil dos produtos, e que ofereça algum amparo em relação ao conserto fora da garantia”, concluiu.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.
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