A Coppe/UFRJ lançou, na semana passada, o Centro Virtual de Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono, plataforma digital que visa envolver a comunidade científica da universidade, o poder público e a iniciativa privada em busca de soluções para a descarbonização da economia brasileira.
Duas iniciativas foram colocadas à disposição do mercado: a plataforma BxC que vai integrar empresas, instituições e especialistas da Coppe; e cursos de ensino a distância (EAD) sobre soluções de baixo carbono, que terão dois módulos iniciais com início já em agosto.
O diretor da Coppe, professor Romildo Toledo, destacou a importância do apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio de sua Fundação de Amparo à Pesquisa do (Faperj), para a criação do Centro Virtual de Soluções Tecnológicas.
“O Centro funcionará dando visibilidade às diversas competências que temos na Coppe. Teremos em nossa plataforma todos os nossos laboratórios. Temos cerca de 60 mil m² de infraestrutura laboratorial, e esse capital humano de mais de 300 professores e 700 pesquisadores, 300 pós-doutores, mais de dois mil mestres e doutores em formação, está à disposição para ajudar a solucionar a problemática da descarbonização”, disse.
A vice-diretora da Coppe, professora Suzana Kahn, à frente do projeto, destacou que a ideia vinha sendo pensada há tempo pela diretoria. “O mundo passa por muitas transformações, energética, digital, cultural, comportamental, e o fluxo de investimentos tem migrado e, com ele, o foco da pesquisa e desenvolvimento. Há tempos temos refletido como a academia pode servir melhor à sociedade e as empresas incorporarem a tecnologia que é desenvolvida aqui na universidade”, pontuou.
“Na plataforma, a gente mostra áreas que dão sustentação ao tema, como transformação digital, inventário de carbono, análise de ciclo de vida, planejamento energético e ambiental. Conversamos com a Faperj sobre a importância de consolidar e sistematizar tudo isso. Mesmo muitos de nós da Coppe não conhecemos toda essa potencialidade. Por isso criamos essa plataforma BxC, com esse jeito meio Faria Lima de plataforma de negócios, com terminologia mais empresarial”, explicou a professora Suzana.
“A forma de funcionamento é o recebimento da demanda, desenhamos juntos a estratégia, fazemos a conexão, enquadramos, acompanhamos a contratação e execução, articulação com spin offs e, finalmente, a chegada da solução de baixo carbono ao mercado. Nós temos a ideia de conectar as empresas a investidores que estão interessados em negócios relacionados ao baixo carbono, além de fundos filantrópicos, bancos de desenvolvimento e agências de fomento”, complementou a professora, idealizadora do projeto.
Os lançamentos foram feitos durante o debate “Soluções Tecnológicas de Baixo Carbono: competências e visão de futuro”, realizado na última quinta-feira, 15. A economista ítalo-britânica Mariana Mazzucato, disse: “Corremos o risco de em dez anos sermos um grande produtor de hidrogênio verde e amônia e importador dos bens necessários à sua produção. Ter recurso natural será cada vez menos uma vantagem comparativa, a vantagem será a indústria”.
“Devemos industrializar na direção das energias renováveis e buscando a exportação, como a tecnologia de high pressure separation (hisep), desenvolvida pela Petrobras e que serve para separar CO² do gás natural e reinjetá-lo. Um CCUS (carbon capture, utilisation and storage) altamente sofisticado. Conseguiremos produzir e exportar essa tecnologia e os insumos necessários?”, questionou Telmo.
Segundo o diretor de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da Engie Brasil, Gil Maranhão Neto, o Brasil tem uma oportunidade enorme de desenvolver toda uma cadeia de bens e serviços em torno da transição energética. “Se tem um país onde o hidrogênio verde será viável, será o Brasil. Não dá pra mensurar a oportunidade que isso trará para a Ciência, para adaptar, tropicalizar, em vez de simplesmente importar”.