O MME (Ministério de Minas e Energia) solicitou novos estudos ao ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) para avaliar o impacto do horário de verão no consumo de eletricidade dos lares brasileiros. A informação foi publicada pelo Jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Canal Solar.
A medida atende um pedido de diversos setores da economia, que se manifestaram de forma favorável à mudança de horário, visando reduzir os prejuízos causados pela maior seca dos últimos 91 anos e amenizar as chances de um desabastecimento de energia no país.
O programa foi extinto nacionalmente em 2019 a pedido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, mesmo com o apelo dos setores econômicos, o Governo parece irredutível quanto à volta do horário especial.
Em nota, o MME frisou que “a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno”, destacou o documento. “Assim, no momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, ressaltou o ministério.
Reservatórios
No mês de setembro, o nível dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra mais de 70% de toda a água armazenada no país, se agravou ainda mais e algumas usinas passaram a operar próximo do volume morto.
Nesta quinta-feira (16), as hidrelétricas das duas regiões brasileiras estavam operando com apenas 18,23% de sua capacidade média. Há cerca de três meses, em junho deste ano, o percentual dos subsistemas era superior a casa dos 30%.
A gravidade da situação levou o SeinfraElétrica (Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura em Energia Elétrica) – unidade técnica que compõem o TCU (Tribunal de Contas da União – a pedir explicações ao MME sobre crise hídrica, alegando que as medidas tomadas não estão sendo suficientes para afastar o risco de desabastecimento.
Horário de verão é solução?
Na avaliação de José Wanderley Marangon, especialista nos segmentos de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, a volta do horário de verão no Brasil não deve resolver os problemas causados pela crise hídrica.
Segundo ele, a medida tem pouca chance de causar uma diminuição no consumo de energia, pois a demanda máxima do sistema no verão já se deslocou no Brasil e a carga média do sistema tem ficado sistematicamente maior que a pesada.
“O horário de verão passa a não funcionar no momento de maior pico, que é entre as 14h e 15h. Ou seja, não vai dar certo, porque o consumo maior está acontecendo num momento em que o horário de verão não traz impacto”, explicou Marangon.