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É permitido pisar nos módulos fotovoltaicos?

É comum vermos fotos e vídeos de pessoas pisando ou andando sobre módulos. Isso é permitido?

Autor: 30 de janeiro de 2019fevereiro 18th, 2022Artigos técnicos
4 minutos de leitura
É permitido pisar nos módulos fotovoltaicos?

Quem nunca viu fotos de instaladores apoiando-se ou mesmo pisando sobre os módulos fotovoltaicos?

Podemos pisar nos módulos fotovoltaicos? O que acontece quando os módulos sofrem impactos mecânicos?

É comum vermos fotos e vídeos de pessoas pisando ou andando sobre módulos. Isso é permitido? A resposta para essa pergunta é um sonoro e definitivo “Não”.

A resposta parece óbvia para alguns, mas é uma novidade para muitos. Quem nunca viu fotos de instaladores apoiando-se ou mesmo pisando sobre os módulos fotovoltaicos?

Infelizmente nos deparamos com muitas instalações fotovoltaicas realizadas por maus profissionais, despreparados e sem formação para o correto manuseio dos módulos fotovoltaicos.

A foto abaixo é apenas um pequeno exemplo de coisas medonhas que vêm acontecendo no mercado fotovoltaico brasileiro. A pegada da foto foi capturada em uma instalação fotovoltaica logo após sua inauguração.

O cliente, e talvez a própria empresa que vendeu o sistema, não tinha qualquer suspeita sobre a possibilidade de seus módulos terem sido danificados por um profissional despreparado ou mal intencionado durante o serviço de instalação.

Não acredita que uma simples pisada pode estragar o módulo? Então veja abaixo o resultado de uma termografia de módulo fotovoltaico em funcionamento. A termografia é uma fotografia realizada com câmera de infravermelho, capaz de identificar a temperatura em toda a extensão da superfície do módulo fotovoltaico. Pontos e regiões quentes, com temperaturas bem acima do normal, são um indício de que existe algum problema na parte do módulo afetada.

O procedimento de termografia é normalmente realizado durante o comissionamento do sistema fotovoltaico – conjunto de testes e inspeções realizados logo após a construção da usina solar, com o objetivo de detectar inconsistências e defeitos nas instalações e nos equipamentos fotovoltaicos. Além de ferramentas adequadas, a experiência e a atenção do profissional são muito importantes para a detecção de defeitos.

A termografia dos módulos pode revelar a existência de hotspots (pontos quentes) causados por células fotovoltaicas defeituosas. Os defeitos nas células podem ser causados por problemas de fabricação, mas isso é improvável quando se adquirem módulos de fornecedores confiáveis, já que todos os módulos são inspecionados ao final da linha de produção, antes de serem enviados aos clientes.

Na maior parte dos casos, quando defeitos e hotspots são detectados, os problemas são causados por impactos sofridos no transporte ou principalmente na instalação. Não é raro ver instaladores pisando sobre módulos, derrubando módulos ou empilhando módulos sem cuidado.

O módulo fotovoltaico precisa de muito carinho. Qualquer tipo de impacto, mesmo uma leve pisada, pode causar microfissuras nas células fotovoltaicas. As microfissuras são invisíveis e seu efeito só pode ser detectado através de ferramentas especializadas.

Um módulo defeituoso pode comprometer o desempenho do sistema ou pode causar um incêndio em casos extremos. O defeito não será percebido se a análise térmica não for realizada durante o comissionamento do sistema. O comissionamento de qualquer sistema fotovoltaico é muito importante.

E se o módulo já veio com defeito, como vou saber? Primeiramente, é sempre bom usar módulos de fabricantes e fornecedores confiáveis. Os grandes fabricantes têm os seus produtos certificados por normas internacionais. Um dos testes que as normas obrigam é a eletroluminescência. Esse teste só pode ser feito na fábrica, pois utiliza equipamentos especiais que permitem fazer uma espécie de raio-x do módulo.

Nas fotografias acima vemos o resultado de um teste de eletroluminescência, no qual é possível verificar diversas microfissuras em algumas células do módulo. Essas microfissuras não são visíveis ao olho humano e só podem ser capturadas por uma câmera especial.

O módulo fotovoltaico empregado na experiência acima foi intencionalmente danificado para mostrar o resultado de impactos mecânicos sobre as células. O teste de eletroluminescência é realizado na fábrica, durante o processo de montagem. As células fissuradas são substituídas na linha de produção antes da finalização do módulo acabado.

Marcelo Villalva

Marcelo Villalva

Especialista em sistemas fotovoltaicos. Docente e pesquisador da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da UNICAMP. Coordenador do LESF - Laboratório de Energia e Sistemas Fotovoltaicos da UNICAMP. Autor do livro "Energia Solar Fotovoltaica - Conceitos e Aplicações".

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