O acionamento das térmicas e a consequente elevação dos encargos setoriais, como o ESS (Encargo de Serviços do Sistema), coloca ainda mais pressão nas empresas do Mercado Livre, em um cenário em que os preços de energia estão em uma curva ascendente devido à seca que castiga o país neste ano.
Um estudo realizado pela Simple Energy, uma comercializadora e gestora de consumidores livres e geradores de energia, revelou que o valor do ESS em junho foi de R$ 55,7 milhões.
Já em agosto, a estimativa é de R$ 436,5 milhões, representando uma variação percentual de 683,49%. Isso implica que um consumidor que pagou R$ 1,10/MWh de ESS em junho, verá que esse valor saltou para cerca de R$ 9,00/MWh em agosto.
As projeções são preliminares e os valores oficiais devem ser divulgados em breve pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
O ESS é uma taxa aplicada na conta de luz para cobrir os custos associados à manutenção da confiabilidade e estabilidade do setor elétrico.
Para os consumidores do mercado regulado, como os clientes residenciais, esse custo adicional será incorporado no próximo reajuste tarifário da distribuidora, sendo que uma parte será cobrado pelas bandeiras tarifárias.
Já para os consumidores livres, que englobam grande parte da indústria brasileira, o impacto dessa cobrança começou a ser sentido a partir de julho deste ano.
“É crucial que os consumidores livres considerem esse cenário de aumento de encargos em seu planejamento, evitando surpresas desagradáveis. Pensando nisso, criamos uma ferramenta valiosa para nossos clientes, chamada Encargômetro. Esta é uma publicação mensal que acompanha os encargos setoriais, proporcionando um maior entendimento sobre a formação do ESS e do EER (Encargo de Energia de Reserva), o que contribui para a projeção e previsibilidade dessas despesas”, disse Ricardo Matos, sócio e diretor da Simple Energy.
O ESS é cobrado sempre que há um déficit financeiro entre os custos de geração de determinado grupo de usinas e a receita auferida para cobrir essas despesas.
O maior acionamento de termelétricas pelo ONS faz disparar os custos do ESS, uma vez que o PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) é insuficiente para cobrir todos os custos de geração.
“A previsão para o encargo de agosto é de superar os R$ 430 milhões, em grande parte devido a razões elétricas e ao Unit Commitment, que envolve térmicas que permanecem em operação por conta de seu tempo de rampa. Boa parte desse acionamento ocorreu para atender às demandas do sistema, em função de uma geração eólica muito baixa e uma carga elevada”, complementou Matos.
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