O setor de energia solar no Brasil segue avançando com força, mesmo diante dos desafios econômicos e regulatórios que marcaram o ano de 2024.
Gustavo Tegon, profissional do mercado fotovoltaico e diretor institucional da BelEnergy, destacou em entrevista ao Canal Solar que o setor demonstra uma resiliência admirável, se mantendo como uma das fontes mais competitivas e sustentáveis tanto para pequenos consumidores quanto para grandes investidores.
Para 2025, segundo ele, a expectativa é de crescimento contínuo em termos de projetos, além de uma maior adoção de tecnologias como armazenamento e sistemas híbridos.
De acordo com o profissional, mesmo em um cenário de desafios, a fonte mantém sua relevância, contribuindo para a transição energética e gerando oportunidades para o mercado brasileiro, sobretudo para aqueles que buscam se qualificar.
Na entrevista a seguir, Tegon detalha os desafios e o que esperar do setor de energia solar no Brasil para o ano que se inicia já na próxima semana.
Confira abaixo os principais trechos da conversa:
Qual é a sua avaliação do setor de energia solar em 2024? Podemos dizer que tivemos um ano melhor ou aquém do esperado?
O setor de energia solar em 2024 apresentou uma dinâmica interessante. Foi um ano de consolidação em algumas frentes e desafios em outras. Os ajustes no marco regulatório trouxeram complexidade, mas também abriram espaço para inovação e amadurecimento do mercado.
Um ponto de destaque foi o aumento da conscientização sobre a importância da energia renovável, que impulsionou projetos de diversas escalas e gerou novas oportunidades para empresas e profissionais.
Ainda que os números possam ter ficado aquém do esperado para alguns players, a evolução em termos de profissionalização, qualidade de instalação e novos modelos de negócios foi significativa, pavimentando um futuro mais sustentável.
Quais são as suas perspectivas para o setor solar no ano que vem? Acredita em um ano melhor do que o de 2024?
As perspectivas para 2025 são otimistas, especialmente considerando o aumento da demanda por fontes renováveis impulsionada por compromissos ambientais globais e avanços tecnológicos.
Com mais clareza no ambiente regulatório e a possibilidade de estabilização econômica, o setor solar tem tudo para expandir ainda mais, especialmente na adoção de sistemas híbridos e armazenamento de energia.
Apesar disso, o mercado continuará desafiador, exigindo estratégias sólidas e inovação para se destacar.
Qual é a sua visão dos modelos de negócios atuais? Este ano, tivemos uma expansão considerável da geração compartilhada. Na sua opinião, o que deve ser tendência em 2025?
Os modelos de negócios atuais estão em constante evolução e a geração compartilhada provou ser uma solução democrática e viável para ampliar o acesso à energia solar.
Para 2025, acredito que veremos um crescimento no uso de plataformas digitais para gestão de energia e o avanço de tecnologias que integrem armazenamento e eficiência energética.
Além disso, a descentralização da geração continuará a ser um pilar importante, trazendo oportunidades para cooperativas e consórcios.
Quais são os principais desafios que o setor solar deverá enfrentar a partir do ano que vem?
Os desafios para 2025 incluem a necessidade de ajustar o setor à nova regulamentação, especialmente no que diz respeito às taxas sobre a energia injetada na rede.
Além disso, a volatilidade do dólar e o impacto nos preços dos equipamentos são sempre pautas de análise.
O setor também precisará lidar com a necessidade de qualificação da mão de obra para atender à crescente demanda, garantindo a qualidade das instalações.
Por fim, fortalecer a cadeia de suprimentos e buscar maior independência em relação a insumos importados será essencial para mitigar os impactos externos.
Qual é a sua projeção de ampliação dos sistemas híbridos no Brasil? Acredita que essa será a tecnologia com maior destaque em 2025 ou alguma outra te chama mais a atenção?
Os sistemas híbridos têm um potencial enorme no Brasil, especialmente em aplicações comerciais e industriais. Com a combinação de geração solar e armazenamento, esses sistemas oferecem maior previsibilidade e segurança energética, características muito valorizadas em um cenário de tarifas voláteis.
Acredito que em 2025 veremos um avanço expressivo nessa tecnologia, embora o armazenamento puro (baterias) e soluções baseadas em inteligência artificial para otimização do consumo também devam ganhar destaque, especialmente para consumidores residenciais.
Muitos profissionais do setor de energia solar encontram-se hoje temerosos com relação ao futuro da energia solar no Brasil por causa de fatores como a inversão de fluxo, o dólar alto e a elevação de impostos sobre equipamentos fotovoltaicos. Qual é a mensagem que o senhor deixa para esses profissionais?
Minha mensagem é que, embora existam desafios, o setor de energia solar tem demonstrado uma capacidade extraordinária de adaptação e crescimento.
Fatores externos, como o câmbio e as mudanças tributárias, são cíclicos e devem ser enfrentados com planejamento estratégico.
A demanda por energia limpa é crescente e irreversível, o que garante um mercado em expansão no médio e longo prazo.
Aos profissionais do setor, recomendo investir em qualificação e diversificação de serviços, pois essas são as bases para se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.
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