O último relatório divulgado pela BNEF (BloombergNEF) e Schneider Electric, apontou que cerca de 167 milhões de residências e mais de 23 milhões de empresas em todo o mundo poderão gerar sua própria energia por meio da fonte fotovoltaica até 2050.
O levantamento indicou ainda que o segmento residencial tem potencial para exceder 2 mil GW de potência solar instalada nos próximos 30 anos. Ademais, a pesquisa concluiu que os custos da tecnologia solar estão possibilitando que cada vez mais alguns mercados mundiais adotem esta energia renovável.
Na Austrália, por exemplo, o período de retorno para consumidores residenciais investindo na fonte fotovoltaica já decolou, com mais de 2,5 GW em 2020.
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“A solar instalada pelo cliente é uma grande oportunidade que muitas vezes é completamente esquecida. Graças à redução de custos e medidas políticas, ela já está sendo rapidamente implantada nos países. Inclusive, é muito provável que seja ampliada”, disse Vincent Petit, chefe do Schneider Electric TM Sustainability Research Institute.
“Isso é vital para descarbonizar o setor elétrico e oferece enormes benefícios adicionais ao consumidor. É hora de abraçar essa transformação”, ressaltou.
A BNEF afirmou que tais implantações desbloquearão grandes benefícios de descarbonização, mas destacou que o projeto de políticas e tarifas será fundamental para possibilitá-los.
Armazenamento de energia
Para a BloomberNEF, à medida que o mercado fotovoltaico se desenvolve e amadurece, os legisladores e reguladores devem gradualmente mudar sua ênfase para desbloquear a flexibilidade e encorajar a adoção do armazenamento de energia.
Para Yayoi Sekine, chefe de energia descentralizada da BNEF, isso ocorre porque altos níveis de adoção de solar podem levar ao excesso de produção de eletricidade durante o dia, ao mesmo tempo que desestabilizam possivelmente a rede elétrica. Nesta fase, ele afirmou que o acréscimo de armazenamento torna-se valioso, pois permite que as renováveis sejam armazenadas para uso no período da noite.
“A evolução da energia fotovoltaica localizada no cliente é adicionar alguma forma de flexibilidade, que tem a capacidade de desbloquear uma penetração muito maior da solar”, comentou. “A forma mais óbvia de flexibilidade são as baterias, mas o armazenamento de energia virá de muitas formas, incluindo mudança de demanda e uso de veículos elétricos”, acrescentou.
De acordo com o estudo, as ferramentas para incentivar o armazenamento, com potencial para exceder 1 mil GWh até 2050, incluem:
- Taxas de exportação ajustadas (os pagamentos oferecidos aos proprietários de solar quando exportam energia para a rede);
- Taxas de eletricidade de varejo de tempo de uso (que refletem os menores custos de geração de solar durante o dia), permitindo pagamentos para armazenamento para fornecer serviços de grade (às vezes chamados pagamentos de agregação);
- Implementação de encargos de demanda (principalmente para clientes comerciais).
Essas alavancas, segundo o relatório, geralmente têm o objetivo de tornar as taxas mais reflexivas dos custos de geração e rede, mas também podem encorajar o armazenamento de energia.
A pesquisa apontou, por exemplo, que na Califórnia (EUA) reduzir as taxas de exportação para 35% das tarifas de varejo, embora prejudique a economia da solar em geral, mudaria a ênfase para os sistemas combinados com o armazenamento, que ainda geraria uma TIR (Taxa de Retorno de Investimento) de 13%.
“Para instalações comerciais e industriais, adicionar os chamados pagamentos de agregação para baterias aumentaria as TIRs para 22,8%, tornando a energia fotovoltaica mais o armazenamento uma opção mais atraente do que apenas a solar”, finalizou Sekine.