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Falta de capacidade em subestação da Cemig prejudica integradores

Profissionais da região estão preocupados com o futuro dos projetos fotovoltaicos de seus clientes de GD

Autor: 24 de março de 2023março 27th, 2023Setor Elétrico
4 minutos de leitura
Falta de capacidade em subestação da Cemig prejudica integradores

Subestação de energia elétrica em funcionamento. Foto: Pixabay

A falta de capacidade de injeção de energia na subestação de Campo Belo, no interior de Minas Gerais, está deixando os integradores da região preocupados com o futuro dos projetos fotovoltaicos de seus clientes de GD (geração distribuída).

Em depoimentos concedidos ao Canal Solar, profissionais do setor revelam estar tendo as solicitações de seus pareceres de acesso suspensas pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) por esse motivo e não pela falta da documentação necessária.  

Segundo as fontes ouvidas pela reportagem e por documentos obtidos pelo Canal Solar, a companhia vem – em resposta aos pedidos enviados – informando que precisará realizar investimentos na rede e deixando em aberto ou apenas notificando o problema sem deixar um prazo para resolvê-lo.

Não há capacidade remanescente para o escoamento de geração de novas unidades com conexão na rede de distribuição da Cemig D na região do município de Candeias, subestação Campo Belo”, frisa o documento enviado aos integradores. 

O grande problema disso, contudo, é que as solicitações protocoladas pelos integradores ocorreram antes do prazo final para início das novas regras de compensação da Lei 14.300 e todos eles estão com dúvidas que não estão sendo respondidas pela Cemig. 

Uma das integradoras ouvidas pela reportagem – que assim como os demais profissionais que optaram por não se identificarem – afirmou que teve dez pareceres de acesso (todos eles enviados entre 21 de dezembro de 2022 e 6 de janeiro de 2023) suspensos pela distribuidora no final de janeiro por causa da falta de capacidade na subestação de Campo Belo. 

“Entendi que a Cemig precisa fazer uma obra para melhorar a rede e a capacidade de injeção. Ok, mas quando vai sair essa obra? Eu vou ter que solicitar os pareceres de acesso agora na regra atual, sendo que eu queria na regra antiga?”, questionou.

“São questões que não sabemos como proceder. Abrimos reclamações na Cemig e o que recebemos são sempre respostas prontas, que não dão nenhum encaminhamento do que fazer”, ressaltou ela. 

A profissional disse ainda que na resposta da Cemig consta um telefone para maiores informações, mas que trata-se do atendimento geral da empresa. “São atendentes comuns, para questões básicas, como abrir reclamações e consultar o disjuntor do cliente. Nesse contato não tem um atendimento técnico”, comentou.

Clique aqui e veja a resposta completa que a Cemig encaminhou para os integradores que estão tendo as suas solicitações de pareceres de acesso reprovadas. 

Sem respostas

Procurada pelo Canal Solar na última segunda-feira (20), a assessoria de imprensa da Cemig informou que encaminharia um posicionamento oficial sobre a situação até a manhã de quinta-feira (23). Contudo, até o momento, nenhuma resposta foi encaminhada à reportagem. 

O que fazer?

De acordo com a engenheira Joiris Manoela Dachery, CEO da Energês, situações de distribuidoras como a Cemig responderem solicitações de pedidos de conexões de GD alegando inversão no fluxo de potência ou alguma perturbação do sistema na rede da própria distribuidora tem sido cada vez mais comuns.

“Antes, a distribuidora tinha que responder e aceitar toda e qualquer solicitação de conexão, mas agora ela tem de identificar esses casos de inversão de fluxo, por exemplo, e mostrar as opções viáveis para eliminar essa inversão. É algo que está no Art. 73 da Resolução nº 1.000”, explica ela.

“Se você recebeu uma notificação desse tipo (igual dos integradores citados nesta reportagem), mostre o artigo 73 e peça para a distribuidora as conexões viáveis deste empreendimento, porque é algo que está previsto na Resolução 1.000”, ressaltou a profissional, informando que são cinco as opções disponíveis: 

  • Reconfiguração do circuitos e remanejamento da carga;
  • Definição de outros circuitos para essa conexão;
  • Conexão em um nível de tensão superior;
  • Redução de potência injetável em dias e horários estabelecidos;
  • Inclusão no estudo de qual é a máxima capacidade de conexão para o empreendimento onde não tem inversão do fluxo de potência.

Ainda de acordo com a engenheira, sobre os comunicados de consulta para o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), previsto no Art. 64, quando há interferência na rede de transmissão, o órgão “tem 30 dias para responder, enquanto isso o prazo de resposta do orçamento de conexão fica congelado, aumentando a burocracia dos sistemas fotovoltaicos”, concluiu.


Para relatar situações similares em outras localidades do Brasil, entre em contato com [email protected] ou pelo WhatsApp (19) 97172-3232.

Henrique Hein

Henrique Hein

Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como repórter do Jornal Correio Popular e da Rádio Trianon. Acompanha o setor elétrico brasileiro pelo Canal Solar desde fevereiro de 2021, possuindo experiência na mediação de lives e na produção de reportagens e conteúdos audiovisuais.

Um comentário

  • André disse:

    Esses integradores querem que a Cemig faça investimentos na ampliação da subestação, mas eles mesmos não querem pagar a TUSD, que remuneraria esses investimentos.
    Ou seja, querem que a Cemig trabalhe de graça ou que alguém subsidie o modelo de negócio deles.
    Vivem no mundo da fantasia.

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