O financiamento é um dos principais fatores que impulsionam o crescimento do mercado fotovoltaico, permitindo que projetos de energia limpa se tornem viáveis e acessíveis para empresas e consumidores.
Segundo levantamento realizado pela Greener, o financiamento bancário apoiou 51% das vendas do primeiro semestre de 2024, mantendo o patamar médio do ano passado.
A queda da taxa Selic a partir do segundo semestre de 2023, embora ainda em patamares elevados, e melhores condições de financiamento foram fatores que influenciaram positivamente a viabilização de novos empreendimentos no setor solar.
No total, conforme o estudo, integradores que venderam até 10 sistemas durante 2024 apresentaram um percentual de 32% de vendas financiadas, enquanto integradores que venderam acima de 100 sistemas declararam que 54% foram através de financiamentos.
Apesar desse avanço significativo, o segmento ainda enfrenta desafios para a obtenção de crédito. Em entrevista ao Canal Solar, Tiego Carvalho, gerente comercial da Sol Agora, explorou as principais barreiras enfrentadas ao buscar a aprovação de financiamento e quais práticas e estratégias têm mostrado os melhores resultados na redução do tempo de aprovação.
Além disso, ele discorreu sobre os modelos que se destacam em termos de eficácia e acessibilidade, as principais tendências para os próximos anos e qual tipo de parceria entre instituições financeiras e empresas de energia solar pode ser criada para facilitar o acesso ao financiamento.
Canal Solar: Quais são as principais barreiras que os clientes encontram ao buscar aprovação de financiamento no setor solar?
Tiego Carvalho: As principais barreiras incluem, desde a ausência de score de crédito adequado ao investimento até a busca de crédito em instituições financeiras que não possuem produtos financeiros específicos para o setor solar, o que dificulta a análise de risco e a concessão de crédito.
Quais práticas e estratégias têm mostrado os melhores resultados na redução do tempo de aprovação dos financiamentos?
Acelerar a aprovação de um financiamento é crucial em um mercado dinâmico. Para isso, é fundamental demonstrar organização e capacidade de pagamento. A tecnologia simplifica processos, reduzindo a burocracia.
Além disso, a análise de crédito pode ser agilizada com a comparação entre o valor da parcela e o gasto mensal com energia, desde que a conta esteja em nome do solicitante ou parente de primeiro grau e o consumo seja no local da instalação da usina.
Existem modelos de financiamento que se destacam em termos de eficácia e acessibilidade para o setor de energia solar? Se sim, quais são eles?
O modelo de financiamento no qual a parcela do financiamento é menor que a conta de luz cria um ciclo virtuoso: o consumidor economiza, o banco tem menor risco e o investimento em energia solar se torna mais acessível e atrativo.
A soma de taxas de juros mais baixas e equipamentos mais baratos torna esse cenário ainda mais promissor, além dos crescentes aumentos na tarifa das concessionárias. Esse é o modelo ideal para potencializar as aprovações de crédito.
Quais são as principais tendências que você vê emergindo no cenário de financiamentos para projetos de energia solar nos próximos anos?
Nos próximos anos, as instituições estarão mais seletivas na sua base de integradores e equipamentos elegíveis a financiamento. Haverá uma preocupação crescente em financiar apenas projetos que atendam padrões de qualidade e isso implica na seleção correta e rigorosa dos integradores, distribuidores e equipamentos.
Os projetos de autoconsumo local ganharão cada vez mais relevância e estão se tornando mais atrativos e promissores. Diversos fatores impulsionam essa tendência, entre eles a incapacidade das redes elétricas (concessionárias) de atender à demanda crescente, o que tem dificultado a aprovação de projetos fora desse escopo.
Que tipo de parceria entre instituições financeiras e empresas de energia solar pode ser criada para facilitar o acesso ao financiamento?
A transição para um modelo energético mais limpo e sustentável exige a colaboração de diversos setores. No setor solar, a integração entre instituições financeiras, distribuidores e fabricantes se destaca como um fator determinante para o sucesso dos projetos e o crescimento do mercado.
Através da integração, é possível promover a profissionalização do segmento, incentivando a qualificação contínua e o cumprimento de padrões de qualidade, garantindo assim a excelência dos projetos e a satisfação dos clientes.
Apesar dos benefícios evidentes, a integração entre os diferentes atores do mercado fotovoltaico ainda enfrenta desafios como a falta de padronização, a dificuldade em compartilhar dados e a necessidade de investimentos em qualificação profissional. É urgente a união de forças para superar os desafios, a criação de plataformas colaborativas e a certificação de profissionais.
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