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Gestão de projetos no mercado de energia solar

Solução para aumentar a capacidade de respostas às exigências do mercado que tem se mostrado tão competitivo

Autor: 12 de março de 2021agosto 6th, 2021Artigos técnicos
8 minutos de leitura
Gestão de projetos no mercado de energia solar

Com o crescimento do mercado de energia solar e do número de empresas nesse setor, a implantação de uma boa gestão de projetos é essencial para aumentar a capacidade de atender, com excelência, as exigências do mercado, frente a este cenário competitivo.  Competitividade é a palavra chave para incentivar a busca de aprimoramento não só da equipe, mas também dos processos nos quais todos da empresa estão envolvidos, desde o momento da captação de leads até a finalização do pós-venda, etapa em que o cliente acaba sendo fidelizado. O setor fotovoltaico tem se consolidado como o segmento mais crescente no Brasil e as empresas preocupadas com melhoria contínua e atendimento com agregação de valor ao cliente terão seus resultados maximizados em relação aos concorrentes.  Independentemente do porte do projeto de energia solar, é necessário a aplicação da metodologia de gestão de projetos, com técnicas e ferramentas que fazem com que clientes e investidores sintam-se respaldados por uma empresa que demonstre eficiência em toda a sua cadeia de valor.

A evolução da fonte solar fotovoltaica no Brasil

Segundo dados da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), até o presente momento temos mais de 7 gigawatts (GW) de potência operacional, considerando geração centralizada e geração distribuída, conforme a Figura 1.

Figura 1 - A Evolução da fonte solar fotovoltaica no Brasil. Fonte infográfico da ABSOLAR n.º 28

Figura 1 – A Evolução da fonte solar fotovoltaica no Brasil. Fonte infográfico da ABSOLAR n.º 28

Esses dados, que representam marcos importantes, são essenciais para demonstrar o crescimento dessa fonte renovável no país. Outro fator importante associado a essa evolução foi a redução do preço da geração solar. Nos últimos 10 anos houve uma queda brutal nos preços dos equipamentos fotovoltaicos, que ajudou a impulsionar o setor, aliada a programas de subsídios do governo, conscientização de sustentabilidade e abertura de novas linhas de financiamento que permitiram a inclusão da população de baixa renda na energia solar. Apesar da pandemia, o setor fotovoltaico se mostrou muito resiliente, com o crescimento do número de instalações no Brasil. A evolução da fonte solar fotovoltaica tornou-se propulsão para a competitividade no setor que gerou mais de 233 mil empregos no país.

Quando surge a necessidade de aplicação de metodologia de gestão de projetos?

Há quem pense que a gestão de projetos é algo “novo”. Entretanto, a essência da gestão de projetos existe há milhares de anos, se pensarmos em como se deram o planejamento, a administração e a execução da construção de monumentos históricos do mundo. O planejamento, principalmente, que é o ponto crucial de qualquer projeto, muitas vezes acaba sendo negligenciado. A gestão de projetos moderna consolidou-se com o PMI (Project Management Institute) que produziu o guia PMBOK (Project Management Body of Knowledge) fornecendo informações quanto a grupos de processos, áreas de conhecimento, ferramentas e técnicas para gerentes de projetos do mundo todo. Segundo a definição do próprio PMBOK, “o projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”.  Esta definição se dá porque o esforço é restringido por recursos escassos, com um ciclo de vida, isto é, com início, meio e fim. Há ênfase no resultado pois é necessário definir-se logo no início qual é o objetivo do projeto, com observância do escopo, dos requisitos e das restrições e  premissas, entre outros aspectos. Portanto, ao se executar um projeto de energia solar, devem-se observar as fases (grupos de processos) que o empreendimento necessitará para ser realizado com sucesso, sendo estes representados na  Figura 2.

Figura 2 - Grupos de processos. Fonte PMBOK, 6a edição

Figura 2 – Grupos de processos. Fonte PMBOK, 6a edição

Iniciação: Grupo de processos para dar início ao projeto, atentando-se a todas as informações que nortearão o desenvolvimento e o encerramento do projeto. Planejamento: Grupo de processos inerente à utilização de ferramentas e técnicas para definir como, quando e por quem o projeto será realizado. Execução: Grupo de processos que assegura que a execução será realizada conforme planejado. Monitoramento e controle: Grupo de processos constante ao longo do projeto – afinal, o que não é medido, não é gerenciado. Finalização: Grupo de processos destinado ao encerramento do projeto, uma das etapas mais importantes para a equipe e para a gestão de portfólio. A necessidade de aplicação da metodologia de gestão de projetos surge com a iniciação do próprio projeto e é imprescindível. É através desta aplicação que se torna possível executar com sucesso, prestando um atendimento de excelência a clientes e investidores. A metodologia do PMBOK ainda indica 10 áreas de conhecimento, ou seja, 10 vertentes diferentes de qualquer projeto, que devem ser trabalhadas ao longo do mesmo, sendo elas:

  • Gestão de Integração;
  • Gestão de Escopo;
  • Gestão de Cronograma;
  • Gestão de Custos;
  • Gestão de Qualidade;
  • Gestão de Aquisições;
  • Gestão de Riscos;
  • Gestão de Recursos;
  • Gestão de Comunicação;
  • Gestão de Partes Interessadas.

Mas, afinal de contas, como aplicar a gestão de projetos de forma estratégica?

A capacitação profissional de equipes é um fator crucial para o sucesso das empresas. A perspectiva de gestão de projetos permite uma visão mais estratégica, garantindo uma alta performance em relação aos concorrentes que buscam o “fazejamento”, isto é, a execução de atividades sem planejamento. Diante deste cenário, cabe avaliar:

  • Qual é o objetivo do projeto? Devemos descrever o objetivo de forma inteligente e completa, pois é ele que norteará o projeto.

Exemplo: Implantar uma usina solar fotovoltaica de X MW, até o mês Y, no lugar X, no estado de SP, para gerar economia de X%.

  • Qual é a justificativa do projeto? Qual é a importância desse projeto? Qual é a necessidade que ele irá resolver?

Exemplo: A universidade X deseja promover sustentabilidade e economia, visando influenciar alunos e colaboradores com a implantação desta usina.

  • Quais são as restrições do projeto? O que não pode acontecer? São fatores que se não observados, podem causar ócio e consequentemente prejuízos.

Exemplo: A execução não poderá ocorrer no período de aulas.

  • Quais são as premissas do projeto? O que podemos adotar como verdade, mas só iremos descobrir ao longo do projeto se realmente é? Neste caso, para cada premissa é necessário adotar uma forma de mitigação.

Exemplo: A universidade X irá disponibilizar área livre de impedimentos para trabalhar.

  • Quais são os riscos do projeto? O que podemos prever em todas as esferas? Como vamos classificar esses riscos? Como iremos mitigá-los?

Exemplo: Riscos econômicos, sociais, técnicos, hidrológicos, ambientais etc.

  • Quais são os marcos do projeto? Quais são os entregáveis? Devemos pensar em “pacotes” de trabalhos sendo entregues ao longo do tempo e, inclusive, estes podem ser vinculados ao contrato e ao cronograma físico financeiro.

Exemplo: Entrega do projeto executivo, instalação de todos os módulos fotovoltaicos.

  • Quem estará envolvido no projeto? A equipe é terceirizada ou é própria? Quais são a função e a responsabilidade de cada um no projeto? 

Exemplo: Fulano – instalador, Beltrano – projetista.

  • Qual é o orçamento do projeto? Lembre-se que preço de custo não é preço de venda.

Exemplo: Dê à sua equipe o orçamento (valor monetário) dos insumos e da mão-de-obra previsto para a execução, monitore e controle constantemente, proponha bonificação mediante economia deste valor.

  • Quais são as exclusões do escopo do projeto? Costuma-se causar preocupação em passar para a equipe o que fazer, mas também é importante transmitir a informação do que não faz parte do escopo.

Exemplo: Num contrato EPCista está previsto o lançamento de cabos para uma equipe, porém a mesma não foi contratada para escavar as valas. Logo, há uma falha de detalhamento de escopo. Se não elencados no início do projeto, essas exclusões de escopo, dependendo do local da usina solar fotovoltaica, acarretarão prejuízos e atrasos, principalmente se a atividade for predecessora. As empresas se destacam no mercado devido a sua capacidade de atender rapidamente às mudanças, de inovação, agilidade na tomada de decisões e comprometimento com prazos de seus entregáveis.

Conclusão

A implantação da gestão de projetos possibilita alta performance às empresas, tornando-as capazes de atender expectativas e necessidades de clientes e investidores cada vez mais exigentes. A complexidade de execução de projetos de energia solar, na vertente de gerenciamento de prazos, custos, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, aquisições, partes interessadas e as demais áreas, simultaneamente, requer a aplicação de metodologias com ferramentas e técnicas adequadas para a gestão de projetos.

Tatiane Carolina

Tatiane Carolina

Engenheira civil pós-graduanda em Gestão de Projetos pelo Instituto Brasileiro de Engenharia e Custos. Atua nas áreas de gerenciamento de custos, cronograma, aquisições e fiscalizações de obras públicas e privadas. Contribui com o núcleo organizacional da Rede MESol (Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar).

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