Hidrogênio verde caminha para ser commodity internacional

Europa, EUA, China e Austrália são hoje os principais polos de H2V, afirma líder do Laboratório de Hidrogênio da UNICAMP
Hidrogênio verde caminha para ser uma commodity internacional
Ennio Peres, líder do Laboratório de Hidrogênio da UNICAMP, palestra no Canal Conecta. Foto: Canal Solar

Com colaboração de Mateus Badra 

O palco do Canal Conecta recebeu, no começo da tarde desta terça-feira (29), uma apresentação de Ennio Peres, líder do Laboratório de Hidrogênio da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), sobre o andamento de projetos de H2V (hidrogênio verde) no Brasil e no mundo. 

Além de explicar a sua diferença para os demais, Peres destacou que diversos países da Europa e de outras localidades, como Estados Unidos e Japão, já sinalizam para o mundo que demandarão da tecnologia e que já estão dispostos a pagar um preço, inclusive, mais alto do que o atual. 

“Hoje, o que vemos é uma corrida de muitos países pelo hidrogênio verde para uso próprio e, principalmente, para exportação como um novo negócio, transformando-o em uma commodity internacional”, disse. 

O pesquisador comentou ainda que, atualmente, ainda existem poucos projetos de hidrogênio verde desenvolvidos no mundo. “Termos cerca de 522 projetos centrados na Europa, Estados Unidos, China e Austrália”, afirmou.

“Esses são os polos mais importantes que temos hoje de projetos de H2V para suprir a economia mundial. Lembrando que estamos falando de projetos. Ok? Vários deles ainda não entraram em operação”, ressaltou Peres. 

Aplicações em hidrogênio verde

Eduardo Tobias, sócio-diretor da Watt Capital, também esteve presente no encontro e discorreu sobre a tecnologia com foco em modelos de negócio, viabilidade econômica, projetos em desenvolvimento no Brasil e o papel da fonte fotovoltaica nesse novo mercado emergente.

No que se refere à viabilidade econômica, ele enumerou, por exemplo, os principais fatores que determinam o LCOH¹, como: custo da eletricidade (com encargos e tributos); fator de carga do eletrolisador; eletrolisador (CAPEX, vida útil, eficiência); e WACC – custo de ponderado de capital.

Eduardo Tobias, sócio-diretor da Watt Capital, durante o Canal Conecta. Foto: Canal Solar

“Discutimos a configuração de projetos, desenhos das composição de fontes elétricas para atender o eletrolisador e variáveis que impactam na competitividade da produção do H2V no Brasil”, relatou.

“Ou seja, foi abordado essa dicotomia: mercado doméstico – e nosso país já consome sim, tem potencial de consumir ainda mais o hidrogênio, só que de fonte verde, hoje é de fonte fóssil  – e mercado para exportação”, acrescentou Tobias.  

O executivo ainda enfatizou que o país está no momento ideal para a solar se posicionar como parte da solução para se produzir hidrogênio de baixo carbono e a custo competitivo no Brasil. “Temos recursos eólico e solar muito bons no Brasil. Poucos países possuem dois bons e que podem se complementar na modulação horária”.  

“Acho que isso nos dá, pensando em projetos híbridos, como fotovoltaico com energia eólica e fotovoltaico com hídrica, um potencial de ser bastante competitivo. Temos também, por ser um país muito grande, particularidades regionais como biomassa competitiva e com volume. Portanto, o potencial é tremendo para nosso país numa visão de médio e longo prazo”, concluiu.

Imagem de Henrique Hein
Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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