O mercado de armazenamento de energia começa a ganhar tração no Brasil, mas, para que os projetos sejam financeiramente mais atrativos, é preciso que as baterias deixem de ter apenas uma função isolada, como backup, e passem a operar de forma multifuncional. É o que defende Harry Neto, diretor de Solar, BESS & Building da WEG.
“O que eu chamo de empilhamento de receita é justamente isso: você usar a mesma bateria para mais de uma aplicação”, comentou o executivo, em entrevista exclusiva concedida ao Canal Solar, durante o Greener Summit 2025, em São Paulo (SP).
Segundo o Neto, um sistema de armazenamento pode, por exemplo, servir simultaneamente para backup, para otimizar o autoconsumo de energia solar — especialmente em projetos Grid Zero, e também para serviços auxiliares à rede elétrica.
“Quando você utiliza a bateria só para uma função, como backup, o projeto acaba ficando mais caro do que deveria. Mas, se ela também for usada para reduzir demanda, compensar geração solar ou até fornecer serviços para a rede, você empilha fontes de receita no mesmo equipamento”, disse ele.
Taxa de juros ainda é obstáculo, mas cenário deve melhorar
Neto também pontuou que, embora o mercado esteja avançando, a taxa de juros atual, na casa dos 15%, ainda é um gargalo que impacta diretamente a viabilidade dos projetos. “Quando você tem juros compostos nesse patamar, um payback que poderia ser de quatro anos vira seis, sete. O custo de capital pesa muito no retorno sobre o investimento”, afirma ele.
O executivo da WEG pondera, no entanto, que há sinais de melhora. “A previsão é que os juros no Brasil caiam para a faixa de 10% ou 11% nos próximos dois anos. Quando isso acontecer, combinado com o modelo de empilhamento de receita, o mercado de armazenamento vai acelerar muito”, projeta.
Ele ainda relembra que o mesmo fenômeno aconteceu com a energia solar no país. “Se vocês lembrarem, o solar explodiu quando os juros estavam entre 8% e 9%. Assim que subiu para 12%, 14%, o mercado sentiu. Energia é investimento de longo prazo, altamente sensível à taxa de juros”.
Perspectiva positiva, mas exige maturidade
De acordo com o executivo da WEG, o mercado brasileiro de armazenamento ainda está em fase de construção de “track record”, ou seja, de histórico de operação e modelos de negócio que deem segurança para os investidores.
Segundo Neto, mesmo com taxas altas, o mercado começa a caminhar, entender os riscos, os modelos e a rentabilidade. “Quando o ambiente econômico estiver mais favorável, esse segmento vai deslanchar de vez”, conclui o diretor de Solar, BESS e & Building da empresa.

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Respostas de 2
Hidroelétricas reversíveis são uma alternativa viável para contribuir com equilíbrio do sistema ?
Prezados senhores, não me canso de repeitr de que o futuro das energias renováveis está na tecnologia de armazenagem. Concordo que a uitilizada apenas como backup e um grande desperdício e fica muito caro. Saídas existem como armazenar no período fora da ponta e usá-la na ponta, cujos preços de KW e KWh estão em torno de 300% maior; evitar o chamado e polêmico inversão de fluxo e oferecer alternativa ao gird zero que representa um grande despedícios do potencial solar brasileiro que está entre os maiores do mundo; solução segura para a qualidade da energia armazenagem e depois utilizada; diminuição fantástica das perdas elétricas devido aos fenòmenis elétricos inerentes nos sistemas de transmissão e distribuição por está na porta do consumidor, ou seja, das perdas técnicas; a volúpia enorme e sem retorno das pesquisas e inivações no segmento das baterias, tendo como sempre, o protagonismo da gigante China. Por aí vai!