O rápido crescimento da energia solar no Brasil tem impulsionado soluções sustentáveis e econômicas, mas também revela desafios, como a segurança em instalações.
Um recente incidente em Goiânia (GO), onde o telhado de uma igreja desabou durante a instalação de uma usina solar, destaca os riscos associados a essas obras.
Na avaliação do engenheiro Michel Kazmierski, CEO da TAB Energia e especialista em sistemas fotovoltaicos, o episódio evidencia uma fragilidade no setor.
“Muitos telhados não foram projetados para suportar o peso adicional dos módulos fotovoltaicos. Sem um laudo estrutural adequado, a segurança da edificação e das pessoas que nela circulam fica comprometida”, disse.
Segundo o engenheiro, os erros mais comuns vão muito mais além de estruturas sem suporte para o peso dos painéis. Um dos principais equívocos está na avaliação superficial da capacidade da estrutura que receberá a instalação.
Teto de igreja desaba durante instalação de painéis solares em Goiânia (GO)
Outro problema frequentemente observado é a ausência de um profissional especializado à frente da avaliação estrutural, colocando em risco tanto os sistemas, quanto os consumidores.
Kazmierski explica que a segurança está diretamente ligada à qualidade, que por sua vez depende da capacitação dos profissionais envolvidos.
“Empresas e profissionais que não se atentam a esse ponto tendem a se expor, muitas vezes involuntariamente, a mais riscos e terem mais desafios de relacionamento com os clientes a longo prazo, comprometendo a longevidade da sua atuação no mercado e por consequência o sucesso da operação”, relatou.
Com dimensões continentais e grande variação ambiental entre as regiões, o território brasileiro impõe exigências específicas no planejamento e execução de usinas solares, especialmente em áreas com forte incidência de ventos ou chuvas intensas.
O CEO da TAB Energia afirma que a segurança e durabilidade dos sistemas dependem da capacidade dos projetistas considerarem fatores climáticos locais desde a fase da concepção.
“É necessário que os profissionais e as empresas a cargo do projeto observem quais os dados pertinentes ao local do ativo e considerem nas premissas de engenharia as normas vigentes – que atendam aos parâmetros na concepção de seus projetos de engenharia e implantação”, frisou.
Um dos principais elementos técnicos levados em conta nesse caso é a chamada isopleta, um mapa que delimita zonas do país de acordo com a velocidade característica do vento.
Em regiões com ventos mais severos é preciso utilizar suportes mais robustos e resistentes, que podem elevar o custo do projeto (CAPEX) e influenciar também no valor dos seguros e na manutenção ao longo da operação (OPEX).
A norma brasileira NBR 6123, que trata especificamente das pressões de vento em edificações, é uma das referências utilizadas pelos engenheiros nesse tipo de análise. Essa variável tem impacto direto no dimensionamento das estruturas que sustentam os painéis solares.
O engenheiro ressalta a importância da manutenção periódica para a longevidade e eficiência dos sistemas. Inspeções regulares são essenciais para detectar problemas como hot spots, corrosão e desgaste nos componentes elétricos.
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