Indústria global de baterias entrou em uma nova fase, afirma IEA

Agência internacional avalia que o setor está deixando de ser regionalizado se tornando cada vez mais integrado e competitivo
Indústria global de baterias entrou em uma nova fase, afirma IEA
Foto: Freepik

A demanda global por baterias atingiu um novo marco em 2024, ultrapassando a marca de 1 TWh, segundo dados de um relatório da IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês).

O crescimento acelerado do setor reflete uma indústria em transformação, impulsionada pelo avanço tecnológico e pela queda nos custos de produção. 

A Agência destaca que o preço médio das baterias para veículos elétricos caiu para menos de US$ 100 por kWh, um patamar inédito.

Além disso, o preço das baterias de lítio recuou mais de 85% nos últimos dois anos, favorecido pela produção em larga escala e pelo aumento da oferta no mercado.

“Após anos de investimentos, a capacidade global de fabricação de baterias atingiu 3 TWh em 2024. Se todos os projetos anunciados forem concretizados, essa capacidade pode triplicar nos próximos cinco anos”, afirma a IEA.

Indústria de baterias entra em uma nova fase de desenvolvimento

Diante dos números apresentados, a Agência avalia que o setor de baterias está passando por uma expansão global, deixando de ser um mercado regionalizado para se tornar mais integrado e competitivo.

Para os próximos anos, a IEA prevê que economias de escala, parcerias estratégicas ao longo da cadeia de suprimentos e inovações tecnológicas serão determinantes para o fortalecimento da indústria.

Esse cenário, segundo a entidade, pode levar a uma maior consolidação no setor, ao mesmo tempo em que governos de diferentes países poderão diversificar geograficamente a produção da tecnologia e reduzir a dependência de um único fornecedor.

China mantém liderança no mercado de baterias

A China continuará dominando a produção global de baterias nos próximos anos, respondendo atualmente por mais de 75% da fabricação mundial. 

Segundo a IEA, os fabricantes chineses também devem expandir sua presença na Europa, seja por meio de novas fábricas ou parcerias estratégicas.

“Projetos de joint venture podem acelerar a adoção de baterias de lítio na região, fortalecer o ecossistema europeu e reduzir a diferença de custos em relação à China”, aponta a Agência.

Com o mercado de baterias avançando rapidamente, a entidade acredita que os próximos anos serão decisivos para a consolidação da indústria e para o futuro da mobilidade elétrica e do armazenamento de energia no mundo.

Apesar do atual domínio chinês, a IEA ressalta que a produção de baterias também está avançando rapidamente em outras regiões do mundo.

Coreia do Sul e Japão fortalecem presença global

A Coreia do Sul e o Japão já se consolidaram como importantes players da indústria de baterias, sendo sede de fabricantes renomados e fornecedores especializados em baterias NMC (níquel-manganês-cobalto). 

Embora a produção doméstica nesses países seja limitada, suas empresas têm expandido a fabricação no exterior, realizando investimentos expressivos em fábricas fora da Ásia.

Atualmente, os fabricantes sul-coreanos lideram a capacidade de produção internacional, com quase 400 GWh, superando os 60 GWh do Japão e os 30 GWh da China, segundo a IEA. 

Em 2024, as empresas da Coreia do Sul forneceram mais de 20% da demanda global por baterias de veículos elétricos, enquanto os fabricantes japoneses responderam por quase 7%.

“A grande questão para esses mercados é até que ponto adotarão baterias mais baratas, atualmente dominadas pela China. Paralelamente, empresas desses países lideram a corrida pelo desenvolvimento de baterias de sódio, uma das principais apostas para o futuro da indústria”, aponta a Agência. 

Estados Unidos aceleram capacidade de produção

Nos Estados Unidos, a capacidade de fabricação de baterias dobrou desde 2022, impulsionada pela implementação de créditos fiscais para produtores. Em 2024, o país atingiu mais de 200 GWh de capacidade instalada, enquanto outros 700 GWh estão em fase de desenvolvimento.

Preço das baterias deve cair pela metade até 2030, aponta Greener

No país, cerca de 40% da capacidade atual é operada ou desenvolvida por fabricantes de baterias em parceria com montadoras. “No entanto, a produção doméstica de componentes essenciais, como ânodos e cátodos, ainda avança lentamente, levando os EUA a depender de importações para suprir essa demanda”. 

Além dos veículos elétricos, a demanda por baterias para aplicações estacionárias (como armazenamento de energia renovável) cresceu mais de 60% ao ano nos últimos dois anos nos Estados Unidos, abrindo “um novo mercado para a indústria, embora ainda com menor volume em comparação ao setor automotivo”.

Novos polos emergentes de produção

Enquanto os mercados mais consolidados expandem sua presença, o sudeste asiático e o Marrocos começam a emergir como potenciais centros de produção de baterias e seus componentes.

O sudeste asiático tem atraído investimentos expressivos da China, acelerando a transferência de tecnologia e inovação para a região.

A Indonésia, que detém metade do níquel extraído no mundo, iniciou a produção de suas primeiras fábricas de baterias em 2024, consolidando-se como um novo polo de fornecimento de matéria-prima e produção.

“Já Marrocos se beneficia de grandes reservas de fosfato, um mineral essencial para a fabricação de baterias, além de uma indústria automotiva estabelecida e acordos de livre comércio com a União Europeia e os Estados Unidos. Esse cenário favorável levou a um investimento de mais de US$ 15 bilhões em 2022 para o desenvolvimento de fábricas de baterias e componentes no país”, ressalta a IEA. 

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Henrique Hein
Atuou no Correio Popular e na Rádio Trianon. Possui experiência em produção de podcast, programas de rádio, entrevistas e elaboração de reportagens. Acompanha o setor solar desde 2020.

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