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Mercado global de hidrogênio verde deve dobrar em 2021

Pesquisador da Unicamp aponta que o setor deverá crescer significativamente nos próximos anos
16-08-21-canal-solar-Mercado global de hidrogênio verde deve dobrar em 2021

A BNEF (BloombergNEF) anunciou uma nova perspectiva sobre o mercado de H2V (hidrogênio verde), que contém descobertas para produtores, consumidores, investidores e governos.

De acordo com a pesquisa, quase tudo está previsto para dobrar este ano no mundo do H2V, desde as instalações do eletrolisador – dispositivo que produz hidrogênio usando água e eletricidade – até o número de países que estão criando estratégias com o uso desta tecnologia limpa. 

As remessas de eletrolisadores, por exemplo, devem dobrar em 2021 e quadruplicar em 2022, atingindo pelo menos 1,8 GW – sendo que a China deve responder por 60-63% das instalações globais. Já em 2030, os números podem ultrapassar 40 GW.

“Esperamos que esse crescimento continue nos próximos meses. Mais de 40 países já publicaram uma estratégia para o hidrogênio ou estão desenvolvendo uma”, comentou Martin Tengler, analista líder de hidrogênio na BloombergNEF.

Leia mais: Hidrogênio verde pode competir com combustíveis fósseis até 2030

“O que está acontecendo no país asiático agora é revolucionário para o H2V. As empresas estão correndo para mostrar sua conformidade com a meta de neutralidade de carbono do país, empurrando o mercado de eletrolisadores a ser pelo menos nove vezes maior em 2022 que em 2020”, destacou.

As metas de emissões líquidas zero estão impulsionando a implantação do H2V na Europa também. No caso, o aumento do preço do CO₂ está incentivando as empresas industriais a explorar esta tecnologia.

“O mundo está entrando na terceira onda do uso energético do hidrogênio. Ao contrário das outras duas, mais focadas no seu uso automotivo, esta abrange inúmeros setores industriais, que necessitam descarbonizar seus produtos e meios de produção”, disse Ennio Peres, coordenador do Laboratório de Hidrogênio e pesquisador do NIPE (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Portanto, na visão do especialista, mesmo que as baterias consigam superar as deficiências técnicas – de excessivo tempo de carga e baixa autonomia, a custos aceitáveis – o hidrogênio terá papel fundamental no setor químico (amônia e metanol verde, etc.), siderúrgico (aço verde), geração e armazenamento de eletricidade e muitos outros. 

“Mas o H2 tem que ser produzido de forma sustentável, sem emissões significativas de gases de efeito estufa, ou seja, tem que ser o denominado hidrogênio verde, obtido de fontes renováveis de energia, principalmente solar fotovoltaica e eólica. Essas duas, em franca expansão no mundo todo, deverão fornecer, pelo menos nos momentos de pico de produção, eletricidade a baixos custos, o que possibilitará a geração de hidrogênio por eletrólise da água a preços bem inferiores aos atuais (da ordem de um dólar por quilo)”, relatou. 

“Assim sendo, os eletrolisadores de água se tornaram equipamentos fundamentais para essa estratégia, e vêm recebendo atenção em todo mundo. Sua produção em larga escala terá um efeito na redução de seus custos, o que contribuirá para se alcançar o preço esperado para o H2V”, ressaltou Peres. 

Segundo ele, percebe-se no momento o posicionamento de grandes empresas do setor nesse negócio, como a aquisição recente da Hytron, empresa spin-off da Unicamp, fabricante nacional de eletrolisadores, pela alemã NEA, que produz compressores, necessários aos sistemas de armazenamento e uso do hidrogênio em alta pressão. “Portanto, esse é um mercado estratégico, que de fato deverá crescer significativamente nos próximos anos”. 

Mais dados

Outro ponto ressaltado pela BNEF é que mais de 90 projetos estão sendo planejados no mundo para usar hidrogênio verde na indústria. Os geradores de eletricidade quase dobraram sua capacidade planejada de turbinas movidas a esta fonte desde janeiro deste ano. 

Ademais, o relatório prevê que 16 GW da capacidade de fabricação do eletrolisador entrarão em operação até 2024. Essa capacidade será mais que suficiente para cobrir a demanda, deixando muitas fábricas subutilizadas e reduzindo os preços. 

Em meio a este cenário de expansão, o financiamento do governo está aumentando, com US$ 11,4 bilhões por ano disponíveis para projetos H2 de baixo carbono entre 2021-30, apontou a BloombergNEF.

Para a maioria dos países, esses subsídios totalizam menos de 0,1% do PIB, abaixo que a energia solar obteve em seus primeiros anos, mas ainda um aumento considerável em comparação com alguns anos atrás, de acordo com o estudo. 

Políticas para impulsionar o H2V no mundo

Para sustentar o ímpeto, mais políticas que estimulem o hidrogênio renovável precisam surgir. Segundo o relatório, poucos países estabeleceram planos claros para impulsionar uma ampla base de demanda. 

Leia mais: ENGIE firma acordo para acelerar adoção de hidrogênio verde no Brasil

“O futuro do hidrogênio como uma importante fonte de energia limpa está longe de ser certo. A demanda sustentada e em grande escala precisará de incentivos mais fortes do que o que estamos vendo agora”, explicou Martin Tengler. 

“Precisamos ver preços de CO2 de pelo menos US$ 100 por tonelada até 2030 para incentivar a adoção do H2V. Nenhum país tem esse preço de carbono hoje e prevemos que apenas três mercados atingirão tal nível antes de 2030: Canadá, UE e Reino Unido”, concluiu o analista da BNEF.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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