Com colaboração de Henrique Hein
A saída do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é considerada inevitável neste ano. A decisão é motivada por um conjunto de fatores, que incluem os desgastes acumulados durante sua gestão, as articulações políticas envolvendo seu partido, o PSD, e o cenário de uma provável reforma ministerial planejada para o período pós-eleições municipais.
No vocabulário político, a saída de Silveira não será vista como uma “queda” ou “exoneração”. O presidente Lula (PT) articula uma “promoção” estratégica para o ministro, em quem mantém elevada confiança. Silveira é cotado para assumir a pasta de Relações Institucionais, atualmente sob o comando do petista Alexandre Padilha.
Caso se concretize, a mudança não seria insignificante: o atual ministro teria um gabinete no Palácio do Planalto, tornando-se o único não-petista a ocupar essa posição de destaque. A “queda”, todavia, também deriva do processo político mineiro. Silveira disputa o protagonismo com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, seu correligionário.
Daí o interesse por uma pasta de maior destaque na Esplanada. Ainda mais porque o próprio Pacheco é cotado para assumir o Ministério da Justiça. Ambos foram senadores juntos em 2022, quando Silveira, primeiro suplente, assumiu a vaga após a renúncia de Antônio Anastasia, que assumiu o cargo de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).
Ele disputou a reeleição ao Senado naquele ano, mas foi derrotado por Cleitinho Azevedo (PSC). Em janeiro de 2023, foi abrigado no ministério de Lula. Silveira passou os dois anos brigando com a cúpula das agências reguladoras, em especial a da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A disputa política com Pacheco travou por muito tempo a nomeação de um diretor na Agência, que tinha um cargo vago desde maio. Como os indicados às agências reguladoras precisam ser sabatinados no Senado, houve impasse.
Pacheco se aliou ao ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AM), que é cotado para exercer o cargo novamente. Com isso, as indicações de Silveira foram vetadas. A queda de braço fez a ANEEL ter dezenas de processos ainda em aberto ao longo do ano, já que acabaram empatados e não havia um quinto diretor para decidir.
Silveira, que é cotado para a articulação política do Governo Federal, não conseguiu solucionar o impasse pela vaga. Agora vê Pacheco chegar numa Esplanada mais voltada para abrir espaços ao Centrão, embora talvez seja grande demais para os dois mineiros do PSD.
Desgaste com deputados e senadores
Ao Canal Solar, fontes ouvidas pela reportagem destacam que há da parte de Silveira uma “clara falta de diálogo”, inclusive com deputados e senadores do próprio partido, que sequer estariam tendo seus pedidos de agenda com o ministro atendidos por ele.
Outra insatisfação envolve a postura do ministro, que nos bastidores seria de “extrema agressividade” com seus opositores e o fato de o mesmo ter “mergulhado na agenda individual do gás”, deixando de lado outras fontes de energia.
“O setor elétrico de modo geral, reclama de um necessário e fundamental rearranjo no setor elétrico, que é visto hoje com uma colcha de retalhos e que precisa de um novo marco amplo que reorganize um modelo atrasado. Para isso, o ministro perdeu a oportunidade de construir essa forte e necessária liderança institucional. Nos corredores, tem pesado a disponibilidade de agenda e maior vontade de dialogar com os agentes”, disse uma das fontes ouvidas pelo Canal Solar, que pediu para não ser identificada.
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