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Módulos bifaciais dominam setor fotovoltaico em 2020 no Brasil

Segundo estudo da Greener, o mercado de inversores string também cresce cada vez mais no país
23-03-21-canal-solar-Módulos bifaciais dominam setor fotovoltaico em 2020 no Brasil

Os módulos bifaciais se tornaram um padrão em grandes empreendimentos no Brasil. Segundo o novo estudo estratégico da Greener, 100% dos contratos mapeados em 2020 no ACR (Ambiente de Contratação Regulada) e ACL (Ambiente de Contratação Livre) irão utilizar tecnologia de dupla face. 

A consultoria levantou que 3,9 GW de usinas fotovoltaicas, tanto do ambiente livre como do regulado, já estão utilizando ou irão usar painéis bifaciais, o que corresponde a 54,4% do total de empreendimentos mapeados.

De acordo com o levantamento, que compilou os dados até janeiro de 2021, a tecnologia policristalina monofacial representou 44,4%, seguido do filme fino, com 1,0%, e monocristalino monofacial, com 0,1%.

“Os painéis que utilizam tecnologias de dupla face produzem mais energia e, por isso, apresentam melhor custo-benefício para usinas de solo, comparando-se com os modelos de face única”, disse Felipe Santos, gerente de vendas da Canadian Solar. 

“Tal tecnologia reduz o LCOE (Custo Nivelado de Energia), que é a somatória do investimento total da usina e seu custo de operação (CAPEX + OPEX) dividido pela quantidade de energia gerada durante sua vida útil”, completou Santos.

Módulos importados vs locais

Outro ponto ressaltado pela Greener é que módulos solares utilizados nos empreendimentos são majoritariamente importados, representando praticamente 90% do montante acumulado. Em 2020/2021, 97% do fornecimento dos painéis contratados tem origem internacional.

Inversores string

Dos contratos mapeados pela Greener em 2020/2021, cerca de 66% utilizarão inversores string. Segundo o relatório, em 2020, por exemplo, 385 MW de inversores string com potência superior a 150 kW foram desembaraçados no Brasil – um volume 76% superior ao importado em 2019. 

Uma parte considerável deste volume foi destinada a usinas de geração centralizada, fato que pode ser confirmado pelo aumento da participação de inversores dessa tecnologia em 2019 com relação ao ano passado. 

Ademais, a consultoria identificou que 826 MW de usinas fotovoltaicas, tanto no ACR como no ACL já estão usando ou irão utilizar inversores strings, o que corresponde a 22% do total dos empreendimentos mapeados. 

Esta topologia representava cerca de 10% no fim de 2019, o que demonstra, para o estudo, o crescimento desta solução em plantas solares de GC no Brasil.

ACL

A pesquisa também indicou que Pernambuco foi o estado que mais cresceu em potência outorgada para o ACL (Ambiente de Contratação Livre) em 2020, com uma alta de 1.236%. 

Ao total, foram mapeadas 13,3 GW de outorgas para empreendimentos fotovoltaicos no Mercado Livre até janeiro deste ano – sendo que mais de 8,4 GW possuem PPAs (contratos de compra de energia) firmados.

Segue, abaixo, os maiores complexos solares para o Mercado Livre de Energia:

  • Parque Solar Janaúba (MG) – 1,0 GW;
  • Parque Solar Futura (BA) – 687,5 MW;
  • Parque Solar AC (MG) – 680 MW;
  • Parque Solar Jaíba (MG) – 620 MW;
  • Parque Solar Surubim (PE) – 600 MW.

ACR

Referente ao mercado regulado, a empresa apontou que dos 4,6 GW de projetos para esse segmento, cerca de 1,2 GW ainda estão em fase de construção ou não iniciaram a construção.

Já se tratando de aplicações no ACR, os bancos brasileiros de fomento, em especial o BNB e BNDES, ainda são as principais linhas de financiamento dos empreendimentos solares de 2020 e 2021. Porém novos instrumentos, como as debêntures, entraram no radar dos empreendedores. 

Geração centralizada

Outra análise feita pela Greener é sobre a GC (geração centralizada). Estimativas da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) apontam para um total de quase 15 GW até 2025, ou seja, montante consideravelmente superior ao registrado no PDE 2029 da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

A maior parte constitui empreendimentos destinados ao ACL. Apenas 1,5 GW serão destinados ao ACR. Mais de 13 GW do total ainda não iniciou a construção.

Projetos contratados via leilões

Os dados do estudo evidenciaram ainda que 66% dos empreendimentos contratados via leilões já estão em operação – sendo que 73% estão localizados na região Nordeste. Piauí é o estado com maior potência contratada – 1.147 MW.

A sobre-contratação das distribuidoras para os próximos anos indica uma redução na demanda nos próximos leilões para o mercado regulado. O ganho de competitividade das fontes incentivadas em especial a eólica e solar no ACL deverão puxar a expansão da geração nos próximos anos.

Fonte solar ganha competitividade

Cristiano Saboia, analista da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), comentou sobre os dados apresentados pela pesquisa da Greener e fez uma ressalta quanto o papel da fonte solar fotovoltaica, que com sua impressionante evolução tecnológica ganhou competitividade de maneira acelerada, passando de uma das fontes de maior custo para uma das mais baratas para o fornecimento de energia.

De acordo com ele, os leilões de Energia de Reserva, no princípio, e os do ACR, mais recentemente, foram fundamentais para esse desenvolvimento, fornecendo contratos de longo prazo, mesmo a preços inicialmente mais elevados em comparação com outras fontes, fruto de política energética para permitir o desenvolvimento do setor no país, com geração de conhecimento e criação das cadeias de produção, fornecimento, instalação e manutenção.

“As perspectivas de longo prazo são bem interessantes. Como a evolução tecnológica e a redução de custos parecem não desacelerar, avalia-se que a fonte ganhará mais relevância no fornecimento de energia para a matriz elétrica do futuro”, destacou.

Geração distribuída

Saboia ainda discorreu sobre a GD (geração distribuída) e disse que as expectativas para este setor são positivas. “Ainda que haja alterações regulatórias, as perspectivas de capacidades instaladas para 2030 variam entre 17 GW e 25 GW, sendo este um investimento de retorno atrativo”.  

“Embora de escala inferior, há oportunidades também nos sistemas isolados, para os quais, inclusive, há um leilão aberto que deverá ser realizado em 2021 e visa atender 23 localidades de cinco estados (AC, AM, PA, RO e RR)”, apontou o especialista. 

“Dado o alto custo da geração termelétrica a diesel, predominante nesses locais, espera-se que soluções de suprimento, incluindo fotovoltaica, sejam competitivas, na medida que reduzem o consumo de combustível, como já demonstraram estudos anteriores”, relatou. 

“Portanto, embora no curto prazo a situação pareça mais desafiadora, pela ausência de leilões em 2020 e pela perspectiva de contratações baixas no ambiente regulado no futuro próximo, em um horizonte mais extenso, com a retomada do crescimento da carga, a fotovoltaica seguirá sendo uma opção importante no fornecimento de energia para a matriz elétrica brasileira”, enfatizou o analista da EPE. 

Por fim, comentou que mesmo nesse cenário difícil, a versatilidade da solar faz com que esta possua outras oportunidades, que vão além do mercado livre, que segue crescente, pois sua modularidade permite acessar mercados de menor escala, como vem ocorrendo com a geração distribuída, e espera-se que se repita nos sistemas isolados.

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Mateus Badra
Jornalista graduado pela PUC-Campinas. Atuou como produtor, repórter e apresentador na TV Bandeirantes e no Metro Jornal. Acompanha o setor elétrico brasileiro desde 2020.

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