Conforme a Portaria 515/2023 do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), os inversores homologados pelo órgão no Brasil – acima de 120 V e corrente de curto-circuito de até 20 A – deverão contar com dispositivos de proteção contra arco elétrico a partir de 01/12/2024.
Desta forma, a partir dessa data, para que os inversores possam ser homologados pelo Inmetro e comercializados no mercado brasileiro, será indispensável que eles estejam equipados com o dispositivo de proteção contra arco elétrico.
Portanto, com o prazo chegando ao fim, o Canal Solar conversou com fabricantes de inversores que apresentaram seus planos estratégicos para se adaptarem à norma e cumprirem com a data limite.
Segundo Fábio Bortoletto, engenheiro da TBEA, a empresa realizou uma análise detalhada dos requisitos da Portaria. “Alocamos recursos significativos em P&D (pesquisa e desenvolvimento) para integrar a tecnologia AFCI em nossos inversores fotovoltaicos”.
“Além disso, realizamos testes extensivos em laboratórios acreditados pelo Inmetro para garantir a conformidade com os novos padrões e modernizamos toda a linha de produtos para incorporar as mais recentes inovações tecnológicas”, destacou.
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Bortoletto ainda garantiu que todos os equipamentos fotovoltaicos estarão em conformidade com a Portaria dentro do prazo estabelecido. “Com essas ações, a TBEA reafirma seu compromisso com a segurança, inovação e conformidade regulatória, fortalecendo sua posição no mercado de energia solar”.
Já a Solinteg, por exemplo, enfatizou que o time de P&D tem trabalhado intensamente nos últimos meses para entregar ao consumidor brasileiro uma tecnologia para AFCI, que está dentro dos padrões de excelência em entrega de inversores para o mercado fotovoltaico.
“Estamos presentes em diversos países – sempre buscando atender a todos os requisitos internacionais e também os regionais – para que a experiência de compra de nossos produtos seja sempre amparada, não só pela tecnologia confiável como também pelo melhor design”, disse Carlos Trotta, diretor de Vendas das Américas da Solinteg.
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Silvio Robusti, gerente de Marketing de Produto da Growatt Brasil, afirmou que a companhia acabou de incorporar a tecnologia AFCI em toda a sua linha de produtos on-grid, com destaque para a família X2.
“Essa inovação reforça o nosso compromisso com a segurança e eficiência das soluções, atendendo às normas brasileiras de proteção em sistemas fotovoltaicos. A implementação do AFCI nos inversores da Growatt é composta por uma combinação de hardware e software avançados, projetados para garantir uma detecção mais rápida e precisa de falhas de arco elétrico do que os sistemas convencionais”, ressaltou.
“O hardware de última geração trabalha em conjunto com um software dedicado, que interpreta os sinais captados pelos MPPTs, responsáveis por monitorar a produção de energia. Esse sistema inteligente minimiza o risco de ‘falsos alarmes’, evitando o desligamento desnecessário da usina fotovoltaica”, explicou Robusti.
“Processo de readequação leva um tempo”
Com relação a SolaX, a empresa afirmou que os inversores X1-SPT e A1 já estão homologados, e os demais estão em fase final de testes para a homologação. “A maioria dos equipamentos já possuía o AFCI opcional, porém era um modelo de AFCI que não contemplava a Portaria 515. O modelo de AFCI que a SolaX possuía era baseado na UL 1699 e o da Portaria do Inmetro é com base na IEC 63027”.
“Então, por conta dessa diferença de padrão, tivemos que iniciar um processo de readequação dos produtos, e isso naturalmente leva um tempo – até para entender que essa mudança dentro dos componentes internos dos inversores não irá afetar o funcionamento do mesmos como um todo. Por isso que esse processo é um pouco demorado”, relatou Gilberto Camargos, diretor-executivo da SolaX Power no Brasil.
De acordo com ele, a companhia já começou a fazer o processo há mais de seis meses, e alguns produtos já estão com a nova homologação. “A gente não deve conseguir fazer a adequação de todos os produtos até o início da Portaria, e pelo que a gente tem visto, quase todo o mercado não irá conseguir”.
“Além disso, tem outro fator que é um pouco mais crítico do que ter todos os inversores adequados: é o ‘mar’ de inverores que tem no ‘chão’ do Brasil – que não tem o AFCI – e que a gente não sabe como será comercializado”, acrescentou.
Portanto, na visão de Camargos, isso é uma barreira que muitos fabricantes, que estão super estocados no Brasil, vão ter que enfrentar. “Acreditamos que isso pode gerar um problema no mercado, pois muitos distribuidores com esses equipamentos provavelmente vão ficar inibidos de vender”.
“Inclusive, alguns fabricantes possuem vários equipamentos estocados no Brasil – que ainda não foram vendidos para distribuidores – e vão ter esse desafio em como se desfazer desses produtos. Eu, pessoalmente, acredito que o ideal seria pedir uma prorrogação desse prazo junto ao Inmetro – até porque isso pode gerar um problema econômico para todo o setor”, finalizou o diretor-executivo.
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