Após um período marcado por excesso de oferta e queda nos preços, o mercado de polissilício na China pode enfrentar um novo desafio nos próximos anos: a escassez de material. A projeção foi feita pela consultoria alemã Bernreuter Research, especializada na análise da cadeia produtiva do componente.
De acordo com a pesquisa, os preços do polissilício – principal matéria-prima utilizada na fabricação de células solares – vêm sofrendo quedas acentuadas desde 2022. Naquele ano, o quilo do material chegou a ser negociado a US$ 39,00. Em 2024, esse valor caiu para menos de US$ 4,50, ficando abaixo do custo de produção da maior parte dos fabricantes.
No entendimento do estudo, a baixa nos preços levou a indústria a reduzir a produção numa tentativa de minimizar perdas e estabilizar o mercado. No entanto, segundo o documento, os cortes realizados até agora não foram suficientes para equilibrar a oferta e a demanda, e o volume de estoque permanece elevado.
Johannes Bernreuter, diretor da consultoria, afirma que, a menos que haja uma redução mais significativa na oferta ou uma valorização da matéria-prima básica, o preço do polissilício dificilmente ultrapassará os US$ 5,00/kg até 2027.
Ainda assim, o cenário pode mudar a médio prazo. A Bernreuter Research alerta que, caso os produtores continuem restringindo a produção de forma mais agressiva para estimular os preços, uma nova escassez de polisilício pode ocorrer até 2028. O fenômeno seria semelhante ao registrado entre 2018 e 2020, quando a indústria passou por uma reestruturação significativa.
Boletim InfoLink: preços de polissilício e wafer apresentam estabilidade
Demanda deve seguir aquecida
Apesar das incertezas na oferta, a demanda pelo polissilício deve permanecer forte, impulsionada principalmente pelo setor de energia solar. A expectativa da Bernreuter Research é que entre 720 GW e 750 GW de nova capacidade fotovoltaica sejam adicionados globalmente em 2025, reforçando a importância estratégica do material.
No final de 2023, a consultoria já havia antecipado que o mercado passaria por uma fase de reestruturação, com tendência de consolidação entre os grandes fabricantes. Diante da pressão por preços mais baixos, empresas com maior capacidade financeira e tecnológica estariam assumindo o protagonismo do setor, substituindo gradualmente os produtores menores.
Embora esforços para controlar a produção tenham sido registrados ao longo de 2024, os preços continuaram em queda até o mês de maio, conforme relatado por veículos especializados. Esse cenário também provocou efeitos fora da China. Um exemplo foi o adiamento, em abril, de uma oferta pública inicial relacionada à produção de polissilício na Malásia, devido à instabilidade do mercado.
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