Principais pontos de atenção em fornecimentos fotovoltaicos

No fornecimento de projetos solares identificamos premissas e pontos fundamentais de atenção
Principais pontos de atenção em fornecimentos fotovoltaicos
Foto: Freepik

Na gestão e coordenação do fornecimentos de usinas solares, quer seja em projetos rooftop ou principalmente em usinas de solo com uso de trackers e onde o foco é a otimização da produção e geração de energia, sempre nos deparamos com pontos críticos e fundamentais do projeto solar que passam “desapercebidos” ou até que possam ser negligenciados, dificultando assim as ações de gestão e atendimento ao escopo específico do fornecimento e culminando com situações de atrasos nas entregas, multas contratuais, problemas de gestão e entrega dos compromissos assumidos.

Neste ponto, se destaca as ações de pré-projeto, pontos estes que na correria do dia a dia e na pressão pelas entregas do projeto, muitas vezes não são tratados da maneira necessária e que compromete não somente o start do projeto, mas também nas ações executivas de implantação e fornecimento do escopo FV (UFV/Linha de Conexão/Subestações/Cabines de Medições).

A coleta de inputs iniciais sobre situações de aspectos fundiários, ambientais, geotécnicos e no processo de conexão podem trazer diversos pontos positivos e avanço na identificação de pontos de atenção e que são fundamentais para uma tomada de decisão com relação a sequência e implantação do projeto.

Além disso, no fornecimento de projetos solares, principalmente em usinas de solo onde as abrangências e pontos de interfaces são maiores, identificamos premissas e pontos fundamentais de atenção/gestão/atuação.

Os quais se não forem conduzidos com a devida antecedência, podem trazer impactos significativos na execução do planejamento do projeto. Entre estes principais pontos, citamos alguns a seguir. Confira.

Estudo preliminar: a importância de coletas antecipadas de dados

Na gestão dos fornecimentos solares, sempre é necessária uma atuação proativa e estratégica na coleta de inputs necessários fundamentais para colaborar com um devido planejamento e gestão do fornecimento do escopo.

Para tanto, fazemos um trabalho preliminar – e muitas vezes até fundamental para uma real coleta de valores para formação de preço de venda/quantificação do projeto – de verificação de itens com quesito fundiário, ambiental, geotécnico/civil da área e viabilidade de conexão.

Análise ótica fundiária

Em projetos de rooftop, esta etapa já está equalizada. Porém, em fornecimentos de usina de solo, isto é ponto fundamental a ser conduzido. Desta forma, se faz necessário a condução de interfaces com o cartório da cidade/local de implantação da UFV (usina fotovoltaica) para verificar se todas situações documentais e comprovatórias de posse da área do local estão corretas.

Além disso, todo pagamento de taxas e interfaces com a prefeitura precisam estar devidamente equalizados. Estes pontos são fundamentais para o processo de aquisição de uma área ou mesmo arrendamento/locação do local para implantação do parque solar.

Viabilidade de conexão

A concessionária de energia é um dos principais stakeholders do seu projeto. Toda interface e contatos/aprovação documentos e autorizações passa pelo relacionamento com a distribuidora.

Nas autorizações da Concessionária/PDA, temos claro os custos de conexão, quer seja pela acessante que seja pela acessada. Isto precisa ser levado em consideração na elaboração do capex (custos de investimento) do projeto.

Importante considerar aqui, caso exista, os custos da acessada. Ou seja, a construção de linhas de conexão e/ou transmissão que se existirem, também precisam ser considerados.

Licenciamento ambiental para projetos fotovoltaicos

Esta etapa muitas vezes não tem sido considerada com a amplitude e impacto com o projeto, o que pode comprometer o planejamento feito. Projetos de solo necessitam de autorizações ambientais, quer seja por documento de ´liberação` do envolvimento com o processo ambiental, quer seja iniciando as emissões das licenças ambientais que vão permitir a instalação da usina solar.

Nesta tratativa, é necessário o envolvimento de áreas da empresa e/ou agências e profissionais especializados para dar fluxo no processo. Onde há a coleta de informações pela prefeitura/órgão ambiental e, após análise, as licenças são emitidas com suas devidas condicionantes.

Estudo do terreno – obras civis

Este é um ponto muito importante a ser considerado na formação do capex do projeto. Para avaliar é preciso realizar algumas perguntas.

Houve um pré-projeto onde informações foram coletadas da área? A estimativa de custos de civil está correta? O quantitativo de recursos, quer seja de material ou mão de obra, é devido? Houve elaboração de um pré-projeto para coleta de inputs nesta área?

Para projetos de drenagem, qual a amplitude disto? Os valores foram considerados na formação de preço da proposta? Qual a quantidade de recursos e mão de obra necessários para atendermos o projeto?

Topografia, georreferenciamento, sondagens SPT e Pull Out já foram realizados? Estes pontos são fundamentais para o dimensionamento da UFV.

Consulta a órgãos públicos – alvarás de construção

Muitas vezes a condução deste assunto pode impactar nas etapas previstas de implantação da UFV.

A condução disto com a prefeitura do local/área pode ter etapas burocráticas, dificuldade de entendimento da prefeitura (não conhecimento do nicho solar) e a burocracia no processo pode ser um ponto de atenção.

Aquisição dos principais equipamentos dos projetos fotovoltaicos

A definição do processo de aquisições dos principais equipamentos da UFV (módulos, inversores, trackers, estrutura física, cabines de medição, skids, eletrocentros) é fundamental para a estratégia do projeto.

[OLHO: É necessário um planejamento financeiro eficaz, real e moldado à realidade do projeto]

Dependendo da estrutura, isto pode ser conduzido via trader, com gestão e acompanhamento das entregas, fundamentais para atender as demandas de cronograma. Isto pode trazer um impacto positivo em custos e viabilidade financeira do fornecimento.

Por outro lado, dependendo do tamanho do fornecimento e amplitude de escopo, pode ser considerado aquisições em distribuidores especializados, com facilidades de time de entrega mas com custos a serem considerados.

Oscilações do câmbio

Ponto importante a ser considerado visto as instabilidades do mercado mediante as situações atuais do dia a dia e também de eventos internacionais que influenciam e impactam no planejamento e controle do câmbio.

Dependendo do tamanho do projeto, e lead time de entrega do mesmo, atitudes como ter um heading contratado pode garantir uma previsão de custos mais eficaz e precisa.

Financiamento bancário

Caso o projeto tenha necessidade de financiamento bancário, toda uma estratégia e ações coordenadas precisam ser programadas para ocorrer.

O impacto da “falta de dinheiro” durante as atividades iniciais/intermediárias/finais do projeto é gritante. Muda-se todo o planejamento, controle de custos e prazos contratuais.

É necessário um planejamento financeiro eficaz, real e moldado à realidade do projeto.

Modelo de implantação da usina solar

Temos condições de seguirmos com a implantação de nossa usina solar contratando full EPC (engenharia, gestão de compra e construção)? Vamos se envolver com as compras principais e contratamos um “semi EPC” para concluirmos as entregas do projeto? Ou então, seguiremos com uma contratação modelo EPCM (Engenharia, Compra e Gerenciamento da Construção)?

A definição do processo de implantação da UFV é estratégica e depende muito do tempo de entrega do projeto, maturidade e conhecimento da empresa gestora do escopo e principalmente das condições financeiras/Budget do projeto.

Fornecedores de serviços e equipamentos locais

Muito do sucesso da gestão e devido controle das entregas do projeto solar vem da realização de serviços e entregas de equipamentos/componentes em campo.

Dependendo da forma de condução das aquisições, esta gestão pode ser fundamental para aquisição de serviços que nosso corpo técnico/empresa não possui. Além disso, precisamos de fornecedores com estrutura e comprometimento para honrar suas entregas e fornecimentos.

Contar com fornecedores locais de serviços – caso haja esta condição – pode ser um ponto bem positivo na estrutura do projeto e aquisições necessárias para atendimento do escopo de fornecimento.

Equipe O&M: interface com final de obra

Muito importante para a continuidade da gestão efetiva do projeto é a interface final entre equipe de montagem/comissionamento e o time que irá conduzir o O&M do projeto, quer seja uma estrutura interna da empresa ou empresas terceirizadas.

Muito importante as condições do local, exposição a intempéries e ambientes mais agressivos.

Levar em consideração um devido planejamento para condução deste assunto e sua devida interface com as etapas finais de obra é um ponto muito importante nas operações futuras do empreendimento.

Artigo publicado na 24ª edição da Revista Canal Solar.

As opiniões e informações expressas são de exclusiva responsabilidade do autor e não obrigatoriamente representam a posição oficial do Canal Solar.

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Kleber Henrique Alota
Engenheiro mecânico formado pela UNESP. Possui especialização em Vendas Corporativas e Direção Comercial. Mestre em Planejamento de Sistemas Energéticos pela UNICAMP. Possui certificação PMP (Project Management Professional) pelo PMI. Tem mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de projetos, desenvolvimento de projetos, construção e implantação de usinas de geração de energia elétrica proveniente de fontes renováveis (solar, eólica e hídrica). Atualmente, é diretor técnico da AK Energia Solar e professor do Curso de Usinas do Canal Solar.

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